quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Escola de Desenho Industrial de Bragança nas Memórias Arqueológico-Históricas

Escola Industrial e Escola de Habilitação ao Magistério Primário (também chamada Escola Distrital)

Por decreto de 13 de Junho de 1888 foi criada em Bragança uma Escola de Desenho Industrial graças à boa vontade do conselheiro Emídio Navarro, então ministro das Obras Púbicas, cuja memória deixou nesta cidade grata recordação. Por outro de 25 de Abril de 1889 foi convertida em Escola Industrial, onde se ensinariam as disciplinas de «aritmética e geometria elementar, língua francesa, desenho industrial.
O ensino teórico professado na escola será completado com o ensino manual, para o que se estabelecerão as oficinas de: trabalhos em metal (ferraria, serralharia, fundição e outros), trabalhos em madeira (carpintaria, marcenaria e outros), e tecelagem».
Começou a funcionar em de Janeiro de 1890 com cinco professores, sendo director o capelão-militar, padre João Manuel de Almeida Morais Pessanha.
O professor da escola de desenho industrial foi o suíço Eduardo Wustner, de grande competência no assunto. O Nordeste de 19 e 26 de Julho de 1894 fala honrosamente numa exposição de desenhos e pinturas feita pelos alunos deste hábil professor muito notável. Nele vem também o número dos alunos e alunas que ficaram habilitados no exame, e a notícia de que a escola ia ser entregue ao administrador do concelho, visto o governo aceitar o pedido de demissão feito por Wustner.
O edifício onde funciona a escola fora construído pelos artistas de Bragança em 1888 para sua casa de recreio ou clube da Associação dos Artistas, na cerca do antigo convento de Santa Clara, e depois por estes vendida ao governo, que nela instalou, sucessivamente, outras escolas. A venda da casa dos artistas ao governo, por 8.000$000 réis, realizou-se em Outubro de 1889.
Antes da instalação nesta casa, a Escola Industrial esteve alojada na casa nº 23, sita na rua da Costa Pequena, onde hoje se encontra o Correio.
Viveiro de afilhados do ministro, nunca teve feição prática além do desenho, como tanto seria para desejar nesta terra absolutamente desprovida de indústrias, a despeito da sua abundância em matéria prima, e cremos bem que, a respeito da montagem das oficinas, nem o ministro sequer pensou. Coisas portuguesas!…
Depois, o ministério regenerador em 1895 acabou com a Escola Industrial, ficando apenas a aula de desenho; e ultimamente deixou mesmo esta de existir por não se nomear para ela professor.
Pelo decreto de 12 de Março de 1896 criou o governo escolas centrais em cumprimento dos artigos 42º e 43º do decreto nº 1 de 22 de Dezembro de 1894, que instituem nas capitais dos distritos administrativos escolas para habilitação ao magistério primário. As primeiras criadas foram em Vila Real e Évora.
Em Bragança logo a Gazeta levantou campanha, pedindo que se criasse aqui uma. Era presidente do ministério João Franco e deputado Abílio Beça.
A Câmara Municipal, em 16 de Julho de 1896, por proposta do seu presidente Luís Ferreira Real, representou ao governo pedindo a criação duma dessas escolas em Bragança. Pode ver-se essa representação na Gazeta de Bragança de 19 de Julho de 1896. Por último, graças aos instantes esforços do então deputado por Bragança doutor Abílio Beça, Bragança obteve a criação da Escola de habilitação ao Magistério Primário, em 1896, que ainda hoje tem. Foi a terceira que se criou no reino. O decreto de 3 de Setembro de 1896, in Diário do Governo do dia 10, autorizava a Câmara desta cidade a dispender 1.200$000 réis nas despesas de instalação da mesma escola.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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