terça-feira, 10 de outubro de 2017

Agricultura e nascentes são os mais afetados pela falta de chuva

A seca severa e extrema que atinge mais de 80 % do território continental agravou-se no passado mês de setembro.
O valor de água resultante das chuvas acumulado de outubro do ano passado a setembro deste ano, que corresponde ao ano hidrológico, foi o 9º mais baixo desde 1931, resultando no estado de seca severa para grande parte das bacias, segundo informações do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Na agricultura, as zonas onde a água já era menos abundante vão ser as mais afetadas, assim como os cursos de água que, nesta altura, já de deveriam estar a ser reabastecidos pela chuva, refere Pedro Teiga, Doutorado em Engenharia do Ambiente.

“A seca incide particularmente nos locais onde, por norma, já se verifica um stress hídrico, como por exemplo, nas culturas que normalmente já não são regadas e são de sequeiro, sem qualquer acesso à agua e estão dependentes da seca atmosférica e meteorológica, ou seja, ausência de pluviosidade. São os espaços onde vão surgir maiores problemas a nível florestal e agrícola.

Todas as fontes e mananciais (nascentes) de água vão sentir o reflexo da ausência da recarga que nesta altura já teríamos com o ano hidrológico a iniciar dia um de outubro, que significa o chegar das chuvas e reabastecimento a todos estes espaços. 

Esperamos que a seca termine em breve.”

As situações de seca têm-se verificado cada vez mais severas e prolongadas ao longo dos anos, e a tendência é que e o mesmo venha a acontecer com as cheias.

“As secas ocorrem no nosso planeta em ciclos e esta está dentro daquilo que vai ocorrendo com as alterações.

A intensidade e o agravamento destes períodos de seca é que tem sido cada vez mais gravosos. As notícias têm indicado que estamos a passar uma situação muito grave, o que com as alterações climáticas que ocorrem e estão a ser medidas pelos cientistas nas várias especialidades, confirmam que, efetivamente, as secas são cada vez mais severas e prolongadas no tempo. 

O mesmo vai acontecer quando acontecer cheias. Vão ser mais intensas, circunscritas no tempo e com danos mais agravados no espaço.

Para isso temos que nos adaptar face a estas alterações climáticas.”
Quanto à problemática dos incêndios, Pedro Teiga que é especialista em rios, aponta um método que pode evitar a propagação do fogo a grandes áreas.

 “A questão dos incêndios é, por si só, uma temática complexa e não está a ser resolvida porque os problemas são de várias frentes e de uma alta complexidade.

Quanto a mim, enquanto especialista em rios, não tenho a mínima dúvida que a reabilitação de rios e a existência de uma galeria ribeirinha ao longo dos dez metros de corredor fluvial, representaria uma barreira natural contra incêndios. Assim, também a vegetação teria um grau de humidade para que, quando os incêndios passassem por lá, pudessem ser travados em determinadas condições e critérios.

Isto não substitui a existência de uma gestão florestal, não retira o envolvimento dos proprietários, a sincronização de combate e os sistemas de alerta.

Convém que estejamos todos envolvidos e a comunidade seja cuidadora deste ambiente que é de todos. “
O período crítico de incêndios foi alargado até 15 de setembro.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a chuva deve estar de volta já a partir da próxima semana assim como uma leve descida das temperaturas.

Escrito por Onda Livre

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