sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Macedo de Cavaleiros sem condições de ensino para crianças com necessidades especiais

O Francisco tem 7 anos e tem síndrome de asperger, uma condição do autismo.
Vive em Macedo de Cavaleiros onde não pode frequentar a escola por não haverem condições para crianças com este tipo de problemas.

Foi quando quis inscrever o Francisco na escola que a mãe, Suzi Fernandes, percebeu que o futuro escolar do filho não passaria por Macedo.

“Estas crianças precisam de acompanhamento especializado e a opção que nos davam não é a melhor. Eles precisam de uma pessoa a tempo inteiro, uma pessoa que perceba aquilo que ele tem e que trabalhe de acordo com o ritmo dele e conforme ele é; tem autismo e é assim que tem de ser tratado. Aprendem na mesma, requerem é mais trabalho.

Coisa que em Macedo não encontraste para dar ao teu filho? Não. Porque é a falta de meios nas escolas, não conseguem corresponder às expetativas do Francisco e outras crianças. A opção que nos davam aqui em Macedo não era a melhor, já não foi no pré-escolar que não tinha o devido acompanhamento; ia uma educadora do ensino especial duas vezes por semana mas ele estava na escola cinco dias por semana.” 

Foi em vinhais, a cerca de 60 km de distância que a mãe do francisco encontrou as condições que o filho precisa.

“Vimos as condições, o que é feito com eles e foi a melhor opção e decidimos inscrever lá o Francisco. Essa unidade preparada, eles chamam-lhe Unidade Especializada em Espectro do Autismo para acolher essas crianças e só em Vinhais é que há. Lá o método de ensino, de estudo é completamente diferente e eles trabalham com eles enquanto alunos e enquanto pessoas. O Francisco está inscrito numa turma regular e vai frequentar essa turma conforme as necessidades dele e conforme ele conseguir acompanhar. Claro que passa mais tempo dentro dessa unidade, onde estão apenas seis meninos. A sala é estruturada para eles. Tem a área do aprender, do brincar, do computador, das refeições; é tudo estruturado, separado mas no mesmo espaço.”

O dia começa cedo para o pequeno Francisco que vai para a escola num táxi cedido pela mesma, sempre acompanhado por uma auxiliar. Uma situação que condiciona o tempo que a criança despende com a família.

“A nossa vida sim, porque acabamos por estar menos tempo com o nosso filho. O Francisco vem, nós saímos do trabalho, jantamos e está na hora do Francisco ir para a cama dormir. Nisso sim, passamos menos tempo com ele e claro que é chato, porque são horários que ele tem que cumprir. Uma hora de manhã de viagem, outra hora à tarde, isto cinco vezes por semana é desgastante para uma criança de sete anos.”

Suzi Fernandes chegou a pedir condições especializadas em Macedo que pudessem permitir que o filho estudasse perto de casa, mas, até agora, essas condições ainda não existem.

“O professor de ensino especial aqui da escola falou na possibilidade de abrir aqui uma unidade para 2017/2018 para corresponder às necessidades dessas crianças e como Macedo é um ponto mais central até viriam crianças de outros concelhos. Depois não abriu e andámos naquela expetativa. Estivemos até à última e por isso é que o Francisco só foi inscrito em Vinhais já em setembro. Chegamos ao início do ano e descobrimos que cá não iria abrir, o que foi pena.”

Do lado do Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros, Paulo Dias, o diretor, diz que o pedido foi feito mas, até agora, não houve qualquer resposta.

“O ano passado quando me apercebi que iríamos ter esta situação e previa-se que pudessem acontecer mais uma ou duas fiz um levantamento de alunos que potencialmente pudessem beneficiar de uma unidade de atendimento aqui em Macedo e fiz esse levantamento ao nível dos concelhos que estão à volta de Macedo e fiz a demonstração junto da administração de que a abertura dessa unidade aqui em Macedo de Cavaleiros permitia aos alunos uma deslocação curta, rápida e seria uma resposta eficaz para as famílias. Estávamos interessados em desenvolver essa atividade e fazer essa oferta aqui no Agrupamento. Enviei isso para a Direção de Serviços da Região Norte para ter o aval e a autorização para fazer a instalação da unidade mas de repente o processo parou.” 

Uma situação para a qual diz não haver justificação e lamenta o facto do projeto não ter avançado.

“Aquilo que eu julguei que ia acontecer, lamentavelmente, aconteceu. Achei na altura que seria uma boa oportunidade para todos os alunos porque Macedo efetivamente tem uma posição geográfica que favorecia a instalação aqui mas não aconteceu, não sei porquê, efetivamente nunca me responderam.”

Neste momento o Francisco vai todos os dias para Vinhais, onde existe a única Unidade de Ensino Estruturado no distrito de Bragança. É lá que diariamente recebe cuidados e atenção específicos e onde academicamente evolui segundo as suas necessidades especiais.

Escrito por ONDA LIVRE

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