segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Manuel de Matos Botelho

No Museu Regional de Bragança há um livro intitulado Relação Sumária dos fúnebres obséquios, que se fizeram na cidade da Baía, corte da América Portuguesa, às memórias do reverendíssimo Senhor doutor Manuel de Matos Botelho, abade de Duas Igrejas, provisor, vigário-geral e governador do bispado de Miranda, dedicada, e oferecida ao Excelentíssimo, e Reverendíssimo Senhor D. José Botelho de Matos, arcebispo da Baía,Metropolitano dos Estados do Brasil, Angola e S. Tomé, do conselho de Sua Majestade, etc., por seu autor o Doutor João Borges de Barros, cónego doutoral da Santa Sé da Baía, desembargador da Relação Eclesiástica e protonotário de S. Santidade: com uma colecção de várias poesias, e oração, que se recitou nas sumptuosas exéquias, que celebrou na Igreja da Misericórdia o muito reverendo doutor António Gonçalves Pereira, cónego magistral da Santa Sé da Baía, desembargador da Relação Eclesiástica, protonotário apostólico de Sua Santidade, juiz das dispensações, e provedor actual da Santa Casa da Misericórdia. Lisboa, 1745. 8.º de 26 (inumeradas)+123 págs.

Se há livros sem título e títulos sem livro, este é um deles. Em todas estas cento e quarenta e nove páginas apenas se encontram banalidades, repetidas em versos portugueses e latinos, num afã de louvaminhar o arcebispo da Baía, irmão do abade de Duas Igrejas, que enojam!... Quanto a dados biográficos positivos do homenageado abade, apenas se diz que nasceu em Lisboa «aos dezasete de Janeiro. Dizemos o dia, e não lembramos o anno; porque os sugeitos que nascem para a eternidade, não tem annos de vida, só tem dia de nascimento», e que o arcebispo estava a celebrar de pontifical na Sé dia 29 de Junho de 1744 quando recebeu a notícia da morte do irmão abade.

Que miséria de concepção!... E fica a literatura privada de informações biográficas acerca deste abade, que teve real merecimento, porque um parvo, sem noção do que valem os dados cronológicos e notícias positivas e concretas, se limitou a arquitectar adjectivação bombástica e lugares comuns. E ainda hoje há disto, infelizmente! A tirada retórica, o discurso balofo, a adjectivação campanuda e sonora e mais nada.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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