segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

VALE BENFEITO

O Padre JOÃO BORGES VERGUEIRO PIRES DUQUE e suas irmãs D. MARIA, D. ÂNGELA e D. ISABEL instituíram em 10 de Junho de 1757 um vínculo de morgadio com bens em Vale Benfeito e Travanca, com a obrigação de uma missa cantada a S. João Baptista, no seu dia, podendo ser de cinco clérigos, e outras quatro pelas almas deles instituidores e de seus pais e irmãos.
Nomearam por administrador, após a sua morte, seu irmão o capitão de ordenanças FÉLIX BORGES VERGUEIRO PIRES DUQUE, que casou com D. ISABEL MARIA DE MORAIS e faleceu a 9 de Maio de 1778. Tiveram os filhos:
I – D. LEONOR VALÉRIA BORGES DE MORAIS, que esteve recolhida largos anos no convento de Santa Clara de Bragança, mas não professou. Segue adiante.
II – D. MARIA DÁRIDA BORGES DE MORAIS, que foi freira em Santa Clara de Bragança e faleceu a 6 de Abril de 1819.
III – D. BERNARDA MARIA BORGES DE MORAIS (ver pág. 490, tomo VI, destas Memórias), casou com o então tenente de cavalaria de Bragança, ANTÓNIO MANUEL DE ABREU DE FARIA FIGUEIREDO SARMENTO E DOUTEL, mais conhecido pelo nome ANTÓNIO MANUEL DE ABREU E SARMENTO (pág. 29, tomo VI, destas Memórias «ABREU SARMENTO»), e a quem foi dado brasão de armas, irmão do tenente-coronel de cavalaria JOSÉ VICENTE DE ABREU SARMENTO, que fazia parte da «Junta Provisional do Supremo Governo», organizada em Bragança em Junho de 1808 contra os franceses (pág. 131, tomo I, destas Memórias) e faleceu sem descendência.
D. BERNARDA MARIA BORGES DE MORAIS e ANTÓNIO MANUEL DE ABREU SARMENTO
tiveram os filhos:
I – ANTÓNIO VICENTE DE ABREU, que, como tenente de infantaria nº 24, fez parte da brigada de Beresford, ficando prisioneiro no desastre da praça de Almeida em 26 de Agosto de 1810 (1139), e que em 1826 aboliu o vínculo de morgadio «Vaso de Ouro», junto a Bragança, de que era administrador e que havia sido instituído em 1667 por seu bisavô MANUEL DE FARIA FIGUEIREDO SARMENTO, filho este de MANUEL DE FARIA FIGUEIREDO BORGES DA ROCHA, cavaleiro professo na ordem de Cristo, com mercê de uma comenda, fidalgo da casa de sua majestade e mestre-de-campo, etc. (págs. 26 e 685 do tomo VI destas Memórias). Faleceu a 4 de Janeiro de 1830 sem descendência.
2 – JOSÉ BERNARDO BORGES DE MORAIS DE ABREU SARMENTO, que nasceu a 24 de Março de 1777 e faleceu muito novo ainda, segundo consta, na guerra contra os franceses, nos Pirenéus (?), como capitão de cavalaria, deixando descendência.
3 – FRANCISCO MANUEL DE ABREU SARMENTO, que nasceu a 27 de Março de 1780, foi reitor de Parada e não deixou descendência.
– D. LEONOR VALÉRIA BORGES DE MORAIS, atrás referida, sucedeu na administração deste vínculo e faleceu solteira em 11 de Maio de 1847, deixando por universais herdeiros de todos os seus bens, bem como dos que constituíam o vínculo, a sua sobrinha D. MARIA CÂNDIDA DE ABREU SARMENTO (a) e a seu marido JOSÉ JOAQUIM DE MORAIS (b), com a condição de todos estes bens passarem por morte destes aos filhos havidos de entre ambos e, na falta destes, poderiam dispor desses bens, preferindo sempre seus legítimos herdeiros.
(a) D. MARIA CÂNDIDA DE ABREU SARMENTO era filha de JOSÉ BERNARDO BORGES DE MORAIS DE ABREU SARMENTO, já referido, e de D. LEONARDA DE JESUS FIGUEIREDO, de Bragança.
(b) JOSÉ JOAQUIM DE MORAIS era filho do capitão de milícias e cirurgião MANUEL ANTÓNIO DE MORAIS, neto do Dr. ANTÓNIO ALEXANDRE DE MORAIS E OLIVEIRA, bisneto de GREGÓRIO BORGES DE MORAIS E OLIVEIRA e terceiro neto de SALVADOR BORGES DE MORAIS E OLIVEIRA ou SALVADOR DE MORAIS (pág. 490 do tomo VI destas Memórias), e que casou com D. ISABEL ESTEVES, irmã única dos instituidores do morgadio de Valbom de Mascarenhas, instituído em 11 de Maio de 1719 (ver tomo VI, pág. 489, destas Memórias), o qual, por estes não terem descendência, passou, por expressa disposição sua, a seus sobrinhos, filhos da dita sua irmã D. ISABEL ESTEVES e de seu marido, o morgado de Vale Benfeito (SALVADOR DE MORAIS), morgadio que nesta família se conservou até depois da extinção dos morgadios, sendo mais tarde os seus bens vendidos, pertencendo hoje uma grande parte e a casa em Valbom aos doutores Abraão de Carvalho e Alberto Félix de Carvalho e a seu cunhado major Joaquim Maria Neto, todos biografados neste tomo.
D. MARIA CÂNDIDA DE ABREU SARMENTO e JOSÉ JOAQUIM DE MORAIS tiveram os filhos: MANUEL BERNARDO; JOAQUIM JOSÉ DE JESUS, médico naval, promovido por distinção a capitão e falecido a 30 de Abril de 1868, com vinte e nove anos de idade, em Luanda, a bordo da corveta Duque da Terceira;
ANTÓNIO VICENTE; FRANCISCO MANUEL DELFIM; BERNARDINO CÉSAR e D. MARIA ROSA DA ANUNCIAÇÃO. Apenas o BERNARDINO CÉSAR DE MORAIS, ou BERNARDINO CÉSAR DE MORAIS ABREU E SARMENTO, que casou com D. MARIA DAS DORES ÁLVARES PEREIRA VAZ DE MAGALHÃES, filha do morgado de Alvações, deixou dois filhos legítimos e nenhum mais deixou descendência (ver tomo VI, pág. 349, destas Memórias).
Na antiga casa, hoje quase de todo abandonada, em frente à igreja (lado sul) do morgadio de Vale Benfeito, instituído pelo sargento-mor António Borges de Morais em 1523, havia uma pedra de armas encimando um grande, elegante e bem trabalhado portal de cantaria, que ainda existe. A pedra de armas ignora-se o fim que teve, e as pirâmides que ao mesmo pertenciam estão sobre os cunhais da capela-mor de Nossa Senhora do Freixo.
Encontra-se ainda na mesma casa, na verga ou padieira duma porta lateral, voltada a poente, um pequeno escudo gravado em cantaria, tendo todo o campo ocupado por uma grande flor-de-lis florentina, figura heráldica dos Esteves de Budalde, dos quais descenderia, como é presumível, D. Isabel Esteves, mulher do morgado Salvador de Morais, já referidos, por seu pai Pedro Esteves de Mascarenhas.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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