segunda-feira, 19 de março de 2018

Governadores de Bragança

Em 1640 separou D. João IV o cargo de capitão-mor ou governador do de alcaide-mor, ficando estes com a intendência das ordenanças.
Foi no tempo de Pedro de Figueiredo Sarmento que o caso se deu, sendo o primeiro governador Estêvão Perestrelo Pessoa, que depois passou a alcaide-mor.
Salvador de Melo da Silva, cavaleiro do hábito de Cristo, alcaide-mor de Bragança. — «Muitos portugueses residentes em Espanha, quando foi da aclamação de D. João IV, fugiram e vieram oferecer seus serviços ao novo rei. Um deles foi Salvador de Melo, que era em Espanha capitão da vila de Traga. Saiu de noite da cidade com uma companhia portuguesa, formada em boa ordem, com as bandeiras soltas ao vento, atravessou a Catalunha, as províncias meridionais da França, e foi embarcar ao porto da Rochela, de onde partiu para Lisboa com cinco navios. Em recompensa recebeu a capitania-mor de Bragança por patente de 25 de Abril de 1642 e a comenda de Santa Maria de Frechas».
De Francisco Pais e Pedro Monteiro Juzarte, cavaleiro do hábito de Santiago, mestre de campo de infantaria; Luís de Figueiredo Bandeiramestre de campo de infantaria; Gregório de Castro Morais, cavaleiro do hábito de Cristo, sargento-mor de batalha, comendador de S. Miguel de Bugalhal na dita Ordem; Sebastião da Veiga Cabral, comendador da Ordem de Cristo, mestre de campo de infantaria; Manuel Tenreiro de Melo, mestre de campo, cavaleiro da Ordem de Cristo; António de Figueiredo Sarmento, cavaleiro da Ordem de Cristo, coronel de infantaria e António de Sá de Almeida, apontados na Descrição Topográfica, etc., de Borges, como sendo os governadores de Bragança que sucederam em série cronológica a Salvador de Melo da Silva, nenhuma notícia temos a não ser do penúltimo. Achamos que Borges se enganou ou que pelo menos lhe faltaram os seguintes, constantes de documentos autênticos:
Henrique de Figueiredo — Era governador de Bragança, nomeado talvez por intervenção de seu irmão Rodrigo ou Rui de Figueiredo de Alarcão que em 3 de Fevereiro de 1641 foi nomeado, por ordem régia, governador das armas da província de Trás-os-Montes. Neste ano tomou ele o lugar de Calabor, que saqueou e incendiou.
António de Almeida Carvalhais — De crer é que este governador de Bragança entrasse no seu cargo juntamente quando D. João de Sousa da Silveira foi encarregado do governo das armas da província de Trás-os-Montes, em 1643, pela demissão dada a Rodrigo de Figueiredo por queixas dos povos contra seus irmãos, um dos quais era governador de Bragança, que talvez fosse demitido juntamente com o irmão. Em 1646 voltou o Figueiredo a assumir o governo das armas da província. Seria igualmente reintegrado no governo de Bragança o irmão!
António de Figueiredo Sarmento — Num carneiro sepulcral levantado ao alto que há no campo do Toural ou Santo António, junto a Bragança, em frente e contíguo à capela do mesmo santo, lê-se o seguinte: Aqui jas o pecador de Antonio | de Figueyredo Sarmento profe | so na Ordem de Christo G.or | que foie desta cidade |. E no outro lado: Mandou fazer esta capela | por sua devoçao pede | aos fieis Cristaos hum | P.en e hua Ave M.a pel amor de D.s. E no lado que olha para a capela: Falesceo | o institu | idor ano | 1713.
Pelo livro dos assentos de óbitos da freguesia de Santa Maria de Bragança vemos que António de Figueiredo Sarmento, governador de Bragança e fundador da capela de Santo António, morreu aos 2 de Fevereiro de 1713. Nesse assento declara-se que «foi sepultado na dita capela de Santo António do Toural, fora das portas da mesma capela, por assim o dispor em seu testamento», e numa cláusula deste, que vem exarada junto ao mesmo termo, se declara que instituiu trinta e uma missas todos os anos na mencionada capela.
António de Sá de Almeida, tenente do mestre de campo-general na corte e província da Estremadura e mestre de campo de infantaria na província da Beira. Foi governador das praças de Almeida e Bragança com o título de sargento-mor de batalha. Era natural das Arcas, concelho de Macedo de Cavaleiros, da família dos Pessanhas do distrito de Bragança, e em atenção aos seus «serviços relevantes» foi seu sobrinho Francisco José de Sá de Almeida Morais Pessanha nomeado fidalgo-cavaleiro a 27 de Novembro de 1723.
Francisco Xavier da Veiga Cabral — Em 13 de Março de 1724 vendeu Francisco Xavier da Veiga Cabral, sargento-mor de batalha, governador do castelo da praça de Bragança, umas casas que ele tinha na rua do Espírito Santo. Estas casas eram obrigadas a um vínculo, no qual ele sucedera por morte de seu tio Francisco de Figueiredo.
Para as poder vender, livres e desembaraçadas, trespassou, com permissão régia, este vínculo para metade de umas casas grandes e metade de um grande cercado que ele tinha junto à praça do Colégio e de trás destas casas outras contíguas.
As casas que vendeu eram três na rua do Espírito Santo e três na rua Direita. Destas, uma confrontava com José Dias, tecelão, e com a travessa que vai para o açougue e pela parte de trás com a rua dos Gatos.
As da rua do Espírito Santo eram vendidas com o seu quintal para a parte de trás, e este confrontava com o cercado das casas dele, vendedor.
No acto figura D. Maria Nogueira, dona viúva, avó dele, vendedor, e declara que apesar de viver nestas casas autorizava, quanto da sua parte estava, a dita venda.
Esta Maria Nogueira ou Maria Lopes era viúva de João Garcia Nogueira, falecido a 12 de Dezembro de 1673, e casou em segundas núpcias com Francisco de Figueiredo Sarmento a 6 de Outubro de 1684.
Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda — Por carta régia de 28 de Novembro de 1783 foi nomeado governador da cidade de Bragança, e por outra de 11 de Novembro de 1793 governador das armas da província de Trás-os-Montes, cargo vago «pelas ocupações e legítimo impedimento do conde de Sampaio» que até ali o exercera. Veja-se este nome entre os bragançanos ilustres.
Bento José da Veiga Cabral, tenente-coronel, governador da praça de Bragança em 1826.
Francisco de Figueiredo Sarmento, tenente-coronel, comandante do Regimento de Cavalaria nº 6, durante as campanhas da península contra os franceses, nas quais desempenhou importante papel. — Foi governador de Bragança, como consta do seguinte epitáfio existente no cemitério da mesma cidade: «Aqui jaz | D. Maria Ignacia Correa de Sá | Castro Sepulveda mulher do Coronel de cavallaria Francisco | de Figueiredo Sarmento Fidalgo ca | valleiro da Casa de Sua Magesta | de F.ma Cavalleiro professo na Ordem | de Christo e governador que foi des | ta cidade. Fallecida aos 4 de outubro | de 1848».
Em 1803 era Francisco de Figueiredo Sarmento sargento-mor de cavalaria e ajudante de ordens da província de Trás-os-Montes. Foi promovido a coronel efectivo por ordem de 28 de Janeiro de 1811 e reformado no mesmo posto a 14 de Fevereiro desse ano.
Morreu a 21 de Julho de 1827, como se vê do respectivo assento na freguesia de Santa Maria de Bragança.
A portaria de 22 de Julho de 1822 fez mercê a Francisco de Figueiredo Sarmento, natural da cidade de Bragança, filho legítimo de outro do mesmo nome, do foro de fidalgo cavaleiro com 1$600 réis de moradia por mês e um alqueire de cevada por dia, o qual foro lhe pertencia por seu pai.



Memórias Arqueológico-Históricas
do Distrito de Bragança

Sem comentários:

Enviar um comentário