sexta-feira, 16 de março de 2018

Períodos de chuva inconstante estão a prejudicar agricultura na região

As efeitos das alterações climática estão a prejudicar a agricultura nos municípios da Terra Quente.
Quem o diz é Manuel Miranda, Secretário-Geral da Associação de Municípios da Terra Quente, que admite ser necessário mais investimento para fazer face a essas alterações.

“Claro que sim e isso tem constituído uma preocupação para os próprios municípios. 

A base da nossa economia ainda continua a ser a agricultura, o que sem água é apenas de subsistência e, com tal, precisamos cada vez mais de armazena-la e tê-la em quantidade para fazer face a essa necessidade que é a base de sustentação do território.

Isso tem constituído uma preocupação dos próprios municípios e, com tal, têm-se mobilizado para promover iniciativas de construção de novas reservas de água e novas barragens.

Foi recentemente anunciado pelo Ministro da Agricultura, Capoulas Santos, o financiamento de duas barragens para construir em Alfândega da Fé e Vila Flor mas são necessários mais empreendimentos, com certeza. Vamos devagar.”

Situação esta que reforça a necessidade da existência de um Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas, que está agora na terceira face de elaboração em que são identificadas as medidas que, num futuro próximo, vão ser implementadas para minimizar esses efeitos.

E os períodos inconstantes de chuva são, de facto, das alterações identificadas que mais afetam a região, corrobora João Medina, Técnico da Sociedade Portuguesa da Inovação, entidade responsável pelo projeto.

“Com o trabalho já feito conseguimos demonstrar que há casos particularmente críticos relacionados com água, ou seja, a ausência dela em períodos de seca ouou até de precipitação intensa, assim como casos de deslizamento de terras ou cheias.

Tudo isto tem impactos que categorizamos em três níveis: na economia, sociedade e nos ecossistemas. Na economia vemos impactos na agricultura com alterações de culturas, novas pragas, períodos de seca com consequência nas colheitas. Na parte da sociedade, a questão das cidades e dos espaços urbanos terem de estar adaptados a ondas de calor, com mais zonas de sombra e mais acessos à água, e na parte dos ecossistemas temos questões muito associadas com a desertificação e os incêndios. Concluímos que a região é particularmente vulnerável em alguns locais.”

Ontem foi promovido um workshop em Macedo de Cavaleiros no qual foram registadas as sugestões da população e dos agentes no terreno, que agora vão ser analisadas para, mais tarde, conceber uma estratégia de adaptação a ser aplicada nos cinco municípios da Terra Quente, Alfândega da Fé, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros e Mirandela.

Presente este também Benjamim Rodrigues, autarca de Macedo, que reforçou a importância do plano para o seu concelho.

“O nosso concelho está a ser também afetado com a existência de uma barragem que interfere com parte da região e leva a algumas alterações climáticas, como por exemplo mais nevoeiro, mais humidade, alterações da fauna e da flora e é obvio que temos de estar preparados para isso.

Neste caso, a associação de municípios da Terra Quente Transmontana tem um plano de adaptação às alterações climáticas e eu espero que as pessoas saiam deste workshop com novas ideias e tenham soluções para implementar a curto prazo no nosso município e nos outros que fazem parte.”

O Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas é promovido pela Associação de Municípios da Terra Quente, e está a ser desenvolvido desde junho pela Sociedade Portuguesa de Inovação, em parceria com o Instituto Politécnico de Bragança e o Instituto do Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Aveiro.

Escrito por ONDA LIVRE

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