sexta-feira, 25 de maio de 2018

"O rapaz que limpava beijos" foi a Parada em Bragança

Pela primeira vez, um escritor viajou até à aldeia, no caso uma escritora. Leonor Mexia, autora de contos infantis, narrou a sua mais recente história a miúdos e graúdos.
Foto: Olímpia Mairos
O dia foi de festa na aldeia de Parada, concelho de Bragança. Pela primeira vez, a localidade, que dista cerca de 26 quilómetros da sede de concelho, acolheu um escritor, neste caso uma escritora. Leonor Mexia deslocou-se ao pavilhão desportivo de Parada, esta quinta-feira, para conversar com as crianças e com a população em geral.

À chegada foi logo recebida pelos caretos e pelo grupo de bombos da aldeia. “É com alegria que venho aqui. É maravilhoso entrar neste pavilhão e ter esta receção tão calorosa. É muito enriquecedor”, começou por dizer a escritora.

A iniciativa, no âmbito do Festival Literário de Bragança, congregou toda a aldeia, desde os mais novos aos mais velhos. Vieram também crianças de aldeias vizinhas. Todos quiseram conhecer a escritora e ouvir de viva voz a história do “Lucas”, o protagonista de "O Rapaz que Limpava Beijos da Cara".

O mais recente livro da escritora do Porto deu o mote à visita, um livro que propõe aos leitores que transponham para o rosto de Lucas algumas emoções e que depois respondam a algumas perguntas.
Emoções houve de sobra. Jesus Moreira, de 9 anos, diz à Renascença que “teve um dia em cheio”. “Brinquei muito com os meus colegas e conheci uma escritora e até lhe fiz perguntas e ela respondeu”, conta.

Helena Rodrigues, de 66 anos, gostou “muito de ouvir a escritora” e refere que, apesar de a história ser dedicada às crianças, “há sempre alguma lição a tirar”. Já Ana Afonso, de 73 anos, “não imaginava que uma escritora fosse uma pessoa tão simpática, tão simples e tão acessível” e realça a “importância do convívio entre os mais novos e os mais velhos”.

A professora Olímpia Rodrigues destaca a importância desta iniciativa, sobretudo por se realizar no “mundo rural tão desertificado de escolas e de população” em geral. “É muito importante trazer a cultura para fora, para junto das populações, e vê-se bem como as crianças gostaram de participar, pela energia com que brincam e pelo entusiasmo e atenção com que ouviram a história” que Leonor Mexia lhes foi contar.

A escritora leu toda a história aos presentes, respondeu a perguntas e sentou-se no chão para as fotografias com as crianças. “Este encontro de gerações é muito enriquecedor, tanto para os mais novos, como para os mais velhos”, refere, dizendo-se “privilegiada por ser um elo”.

Em troca, as crianças e os idosos presentearam-na com encenações, danças e canções. E Leonor Mexia não escondeu a alegria por estar no meio rural, próxima dos seus leitores, numa localidade que, segundo as contas mais recentes, não tem mais de 700 habitantes.

“O contacto com os leitores é muito importante", refere, "assim como é importante desmistificar a figura do escritor, as crianças verem que o escritor é uma pessoa igual às outras”.

Olímpia Mairos
Rádio Renascença

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