segunda-feira, 23 de julho de 2018

Mudança de hábitos na agricultura pode ajudar ao aumento da produtividade

Se os produtores de cereja e castanha estivessem melhor informados e adotassem novas técnicas agrícolas, poderiam haver mais e melhores produções no Nordeste Transmontano.
Quem o diz é Alzira Rodrigues, Engenheira Agrónoma e especialista em fertilização:

“Naquilo que eu represento, nomeadamente na parte de fertilidade, ainda há muito desconhecimento acerca das necessidades da cultura e da melhor altura de tratar e adubar, bem como as formas mais eficientes de chegar à planta e obter resultados. 

Há uma série de fatores que não controlamos mas mudar mentalidades e maneiras de trabalhar, é um processo muito demorado. Aquilo que se fazia há 20 anos atrás não é o que tem de se fazer hoje. As exigências de mercado mudam e nós temos que ir em busca dessas mesmas mudanças, em relação à qualidade do produto.”

A engenheira acompanha vários agricultores em todo o planalto transmontano e afirma que ainda há algum desconhecimento no que respeita à agricultura biológica:

“Muitas das vezes as pessoas pensam que agricultura biológica não precisa de adubos, mas é uma ideia pré-concebida errada. Agricultura biológica é diferente de plantas com fome. Há soluções que são permitidas, como os orgânicos, e assim é possível obter muitos bons resultados em agricultura biológica.”

Um dos grupos de agricultores que Alzira Rodrigues acompanha são os da Associação de Produtores da Cereja de Lamas, no concelho de Macedo de Cavaleiros, que recentemente candidataram o fruto a Denominação de Origem Protegida (DOP).

E para competir no mercado, ainda há muito trabalho a fazer, diz a engenheira:

“Há muita coisa que ainda tem de ser incutida, nomeadamente na maneira de trabalhar. Andamos a falar de agricultores de pequena dimensão, agricultura familiar, e que, para conseguirem competir no mercado, têm que passar a ser um pouco mais profissionais. Estamos a falar de um produto com um poder de banca muito curto e que, o mínimo descuido no tratamento, pode pôr em causa a produção. Aquilo que há a fazer nesta aldeia é muito, envolve uma série de trabalho a ser feito junto dos produtores.” 

No ponto de vista da especialista, o próximo passo para garantir uma produção de qualidade, passa pela união e uniformização das formas de tratamento da cereja entre os produtores da aldeia:

“O próximo passo, no que a mim me diz respeito, é tentar incuti-los a fazer os tratamentos de forma generalizada e não, tratar um e o outro não. Estamos a falar de parcelas de pequena dimensão, e muitas das vezes misturadas pelos agricultores da aldeia. Um dos passos importantes é os agricultores unirem-se e tentarem trabalhar o mais possível em conjunto, até porque o objetivo depois é comercializar a cereja de forma conjunta. Um produtor com cereja de má qualidade vai comprometer a qualidade do fruto do resto da aldeia.”

A opinião de uma especialista em agricultura sobre a necessidade de mudar hábitos nas formas de tratamento de algumas culturas no nordeste transmontano com vista a obter melhores produções agrícolas.

Escrito por ONDA LIVRE

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