terça-feira, 13 de novembro de 2018

VÁRIAS MANEIRAS DE FAZER MARMELADA

Olá gente boa e amiga!

“Se o Inverno não erra caminho tê-lo-emos pelo

S. Martinho”; “Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho”; “O Verão de

S. Martinho são três dias e mais um bocadinho”;

“No dia de S. Martinho, lume castanhas e vinho”. Estes são alguns dos ditos populares referentes ao

S. Martinho, celebrado no Domingo passado, dia 11. A última vez que tinha calhado num Domingo foi em 2012 e a próxima vez só acontecerá em 2029.

Oxalá que todos os leitores possam estar cá nessa data.

O S. Martinho é o padroeiro da localidade de Alfaião (Bragança), onde lhe fizeram uma grande festa, com missa, almoço e jantar. No sábado, também as localidades de Formil, Gostei e Castanheira se reuniram, no recinto de S. Cláudio, para festejar a data. Em S. Martinho de Angueira (Miranda do Douro), segundo nos contou a nossa tia Ana Maria Porto, também houve uma grande festa para honrar o santo que dá nome à aldeia. Em Real Covo (Valpaços), o tio Rebelo disse-nos que o S. Martinho, além de ser o padroeiro da aldeia, tem ainda direito a casa própria, a sua capela e, no seu dia, dá castanhas e vinho a todos os que o visitam. Onde andará o Verão de S. Martinho este ano? Dizem os entendidos que se não for na data, será pelo menos no mês de Novembro e há quem lhe chame também o Verão dos marmelos.

Nas participações telefónicas da nossa família, notei que embora não haja tanta castanha como em outros anos, é de boa qualidade e por isso mais bem paga. Aproveitando o tempo do pinga-pinga, alguns

dos nossos ouvintes vão também aos ‘níscaros’ (míscaros).

Nos últimos dias festejaram o seu aniversário connosco Laurite Meirinhos e Arleu Torrão, primos e nascidos no dia 8, de S. Martinho da Angueira (Miranda do Douro); Humberto Barreira (93) e o seu bisneto, Lurique Barreira (16), de Vila Verde (Vinhais); Alcino Silva (29), neto do nosso tio Alcino, de Vinhais; Fátima Cordeiro (57), de Coelhoso (Bragança); Silvestre (62), de Bagueixe (Macedo de Cavaleiros); Leonel António (64), de Rio Frio (Bragança); Fernanda Machado (60), das Quintas da Seara (Bragança) e Graça Machado (70), de Alfaião (Bragança). Desejamos a todos muita vida e que a festejem sempre connosco.

E agora vamos fazer marmelada!…

Há várias maneiras de fazer a marmelada. Ainda me lembro de se cozerem os marmelos descascados e inteiros, ralando-os com o ralador para fazer a polme, que era depois misturada com o açúcar-em-ponto. Quando apareceram os passevites já se fazia de maneira diferente, ou seja, limpavam-se os marmelos com um pano para lhe tirar o pêlo e partiam-se em quatro, descascados e descaroçados. Coziam-se e eram passados no passevite para fazer a polme, à qual se misturava o açúcar-em-ponto e tinha de se bater tudo muito bem, para a marmelada ficar mais lisa. Por fim, era guardada em malgas, com papel vegetal por cima e postas nos parapeitos das janelas para arrefecer e secar.

Nos tempos que correm é tudo bem mais fácil. Lavam-se os marmelos para retirar bem o pêlo exterior, partem-se em quatro sem descascar e retira-se o caroço e todas as irregularidades que a casca possa apresentar. De seguida cozem-se com um copo de água no fundo da panela, faz-se a polme e misturam-se 750 gramas de açúcar por cada quilo de polme. (Há pessoas que vão aumentando ou reduzindo a quantidade de açúcar, conforme o gosto). Por fim, passa-se pelo passevite e muito bem com a varinha mágica, para ficar lisinha e coloca-se da mesma maneira nos recipientes em que vai ficar. Querendo fazer marmelada para barrar, não se pode deixar ferver tanto tempo.

Quando temos pouco tempo, fazemos a marmelada na panela-de-pressão, embora a cor fique muito diferente, pois a marmelada adquire um tom mais avermelhado.

As cascas e os caroços dos marmelos podem ser aproveitados para fazer geleia, cozendo-os e juntando-se à água da cozedura açúcar na mesma quantidade utilizada de água.

Isto foi o que me contou a senhora minha esposa, a tia Leninha, que tirou o curso na aldeia de Caravela, na Lombada. Também disse que sabe de pessoas que congelam a polme para mais tarde fazer a marmelada, mas que acha preferível congelar a marmelada depois de confeccionada.

A tia Afonsa, a nossa espanholita, casada em Sacoias, faz marmelada para diabéticos, da seguinte maneira: por cada quilo de polme adiciona 5 grageias de adoçante e 3 folhas de gelatina. Segundo ela esta marmelada tem um contra, porque só se conserva se for congelada.

Nos últimos dias quem andou de voltas à marmelada foi a gente grande do Lar da Santa Casa da Misericórdia de Bragança, como se pode ver nas fotos. Desta forma, além de juntarem o útil ao agradável, confeccionam a marmelada que depois vão saborear aos pequenos almoços e lanches.

Os marmelos não se utilizam exclusivamente para fazer marmelada, mas também como acompanhamento para carnes de porco no forno. Também há quem faça conserva de marmelo para os utilizar durante o ano em saladas de fruta.

Para finalizar, também há para aí quem diga que sem marmelos também se faz marmelada!...

Tio João
in:jornalnordeste.com

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