quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Museu Abade de Baçal (1915)

As origens do Museu Abade de Baçal remontam a março de 1897, quando a Câmara Municipal deliberou a criação de um Museu Arqueológico numa sala dos Paços do Concelho. Mais tarde, por decreto de 13 de novembro de 1915, foi finalmente criado o Museu Regional de Obras de Arte, Peças Arqueológicas e Numismática de Bragança, que ficou instalado no edifício setecentista onde outrora funcionou o Paço Episcopal de Bragança.
Museu do Abade de Baçal

Em 1935, o Museu passou a designar-se Abade de Baçal, em homenagem ao erudito, investigador e também diretor do Museu, entre 1925 e 1935, que se encarregaria de enriquecer o acervo do Museu com o seu próprio espólio.
Seguidamente, exerceu funções de diretor do Museu, entre 1935 e 1955, Raul Teixeira, grande impulsionador da cultura da região e defensor do seu património, que desempenhou um papel decisivo na afirmação do Museu e na angariação de parte significativa do seu acervo. De facto, se originalmente, o Museu era constituído essencialmente por coleções de arqueologia, numismática e peças do recheio do Paço Episcopal, ao longo dos anos, a coleção foi aumentando, especialmente com as já referidas dádivas do Abade de Baçal, nos finais da década de 1920, mas também de Abel Salazar e da família Sá Vargas nos anos de 1930, do legado de Guerra Junqueiro nos anos de 1950, e de Trindade Coelho nos anos de 1960. Em 2001, foi adquirida uma importante coleção de máscaras transmontanas.
As principais coleções que integram o acervo do museu são de arqueologia, epigrafia, arte sacra, pintura, numismática, mobiliário, etnografia e ourivesaria.
Do fundo de arte sacra, deve ser individualizado um raro pluvial quinhentista, algumas esculturas barrocas de enorme qualidade, o tríptico Martírio de Santo Inácio, a Anunciação e a Arca dos Santos Óleos, a par de alguma ourivesaria litúrgica e mobiliário de uso prelatício.
Das espécies arqueológicas, destacam-se estelas com decoração variada, vasos e fragmentos cerâmicos, pontas de seta, alabardas, machados, fíbulas e outros objetos dos períodos pré e proto-históricos. Do período da ocupação romana da região, encontram-se no Museu vários testemunhos, como estelas funerárias, aras, árulas, marcos miliários, instrumentos agrícolas, cerâmicas, objetos de adorno e numismática.
Posteriormente à fundação de Portugal, merecem uma referência especial os forais Manuelinos, as medidas padrão quinhentistas para líquidos e sólidos, a bula da criação da Diocese de Miranda e um contador seiscentista indo-português.
No que respeita a pintura, o acervo contempla obras de pintores de renome, como Silva Porto, José Malhoa, Aurélia de Sousa, Joaquim Lopes e Veloso Salgado, e ainda um importante conjunto de cerca de 70 desenhos de Almada Negreiros.
O Museu Abade de Baçal acolhe ainda, com regularidade, exposições temporárias, de natureza temática ou dedicados à obra de artistas de relevo, como Nadir Afonso e José Rodrigues, entre muitos outros.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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