domingo, 17 de fevereiro de 2019

O meu Exame de Admissão ao Liceu Nacional de Bragança!

Por: Silvino dos Santos Potêncio
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..")
Emigrante Transmontano em Natal/Brasil – desde 1979

Eu, com a Professora Dona Etelvina da Ressurreição que me preparou para o exame de admissão

À atenção dos Amigos e conterrâneos ... o meu Velho Pai, o Ti Zé Artúrio de Caravelas de Mirandela, ele era o Feitor na Casa dos Vales. E,  naquele tempo,  os donos dessas terras eram parentes do Director do Colégio Externato Trindade Coelho em Macedo de Cavaleiros. Eles foram fazer um magusto nas terras deles em Caravelas no sítio do Lameiro da Sarnada (que eu imaginava que fossem nossas naquele tempo!...) e ao me verem ajudar a preparar a fogueira com silvas e giestas secas, eles (eram dois; o Dr Lima e o Cunhado dele Sr Abilio Rego, que tinha também fazendas em Angola onde, mais tarde, eu e os meus Irmãos “Zé Bico” e o Daniel lá trabalhámos também ainda por algum tempo – fomos por nossa conta e risco). Nessa conversa do Magusto no Lameiro da Sarnada, eles  então convenceram  o meu Pai a me mandar estudar e, como eu estava na quarta Classe, fui logo a receber umas explicações de reforço lá na Aldeia, com a Minha saudosa Professora Dona Etelvina da Ressurreição, natural de Várge lá de Bragança... (imaginem a minha alegria ao encontrar ela em Bragança 60 anos depois!) 

Na data do Exame da Admissão lá fui eu a Bragança pela primeira vez, mas antes eu fui com a minha Mãe a Mirandela tirar a fotografia e foi quando ela me comprou um Fato!...
Era uma Calça e Casaco da mesma peça.
Chegado a Bragança, ainda então com os meus 10 anos de idade incompletos (o meu aniversário é em Novembro, e os exames costumavam ser em Julho de cada ano) eu fiquei hospedado na casa de uma Senhora na Rua Direita junto com o Dr Lima,  que também se hospedava lá na época de exames do Liceu... 
( apenas por curiosidade foi a primeira vez que comi Bananas!... note-se!)
 - Fiz as primeiras provas escritas,  e no final da tarde fui ver brincar os garotos e garotas da cidade, num jardim ali perto do Velho Rio Fervença já perto da ponte. 
Encostei-me no poste de ferro que serve de apoio lateral dos balanços com aquela cadeirinha -  a rapariga que estava na cadeira pra lá e pra cá,  ao vir pra cá - eu estava de costas para ela -  e... záaaaaaaas!!!... Thszzrrrrrrrrgggggg!... ela enganchou o braço da cadeira no bolso das minhas calças,  iiiiii... prontos!!!... rasgou mais de um palmo da perna esquerda da calça.
-  Oh Minha Noxa Xeñora do Amparo de Mirandela!!! ... (pensei cá comigo)
Eu comecei a chorar baixinho, não tanto pelo rasgão na perna, mas sim por causa da calça!... pois eu não conhecia ali ninguém. 
- Absolutamente ninguém! 
A garota saiu em disparada a correr pelas escadas acima, e sumiu na rua lá em cima.
-  Depois de uns minutos, que me pareceram horas, lá veio uma Senhora que me pediu para eu tirar as calças...
- Eu fiquei só com o casaco por cima das pernas e ela me disse; espera aí que eu já volto!...O que é que há hein??? ... estavam já aí a rir da situação?... aatãon lá bai o resto da história>>> 
A tal Mulher era Mãe da garota e foi ela que a foi chamar em casa para me vir a costurar as calças que ficaram como se nada tivésse acontecido.
-  Vesti-as ali mesmo na Escada atrás do muro e lá fui em direção da Casa na Rua Direita (na verdade todas as ruas direitas que eu conheço, são todas tortas, mas…) era onde a Dona da Casa Hospedeira do Professor  Dr Lima já estavam em alvoroço a pensar que eu tinha me perdido!,... E, ou por qualquer outro motivo. Afinal eu tinha sumido por umas 3 horas!... ou mais.
-  A preocupação maior era do Dr Lima pois ele me conhecia bem, já de outras peripécias  minhas,  como aquela de num Sábado a tarde eu sair de casa dele em Macedo de Cavaleiros,  e tirei o azimute na direção de Grijó de Vale Benfeito... sem dizer nada a ninguém... 
Eu já estava quase na passagem de nível do Comboio quando veio por trás de mim o meu Tio Mário no cavalo dele ( era lindo e imponente, grande mas a nossa Ègua preta que o Meu Pai comprou no Mogadouro era mais bonita e brava...) e ele me perguntou;  aatãon uké kandas aqui a fazêri ??? 
... eu disse; Nada!
Ele nem sabia que eu andava a estudar em Macedo.
 --- queres ir pra casa?... Quero! 
Dito e feito:  subi numa parede ao lado da estrada, ele encostou o cavalo no muro e eu pulei para a garupa e só paremos em Caravelas!...
-  Ruim foi a volta na segunda-feira de manhã ainda cedo,  para eu ir de volta para o Colégio em Macedo de Cavaleiros,  pois faltei a todas as Aulas do período da manhã!... depois eu conto porquê fui parar depois de ter passado em frente da Prisão em Macedo já quase a chegar a Travanca e quando os outros homens que ia na carroçaria começaram   a bater no capô da camioneta que ia para Mirandela – acho que era a FEIRA DOS BINTE CINCO... CARAAAAAGO!...~

(Continua…) 
Texto extraído do Meu Livro “Curriças de Caravelas – Trovas Comentadas” – 


Silvino dos Santos Potêncio, nascido a 04/11/1948, é natural da Aldeia de Caravelas no Concelho de Mirandela – Trás-Os-Montes - Portugal.
Este Autor tem centenas de crônicas, algumas já divulgadas sob o Título genérico de “Crônicas da Emigração”.  Algumas destas crônicas são memórias dos meus 57 anos na Emigração foram incluídas nos Blogs que todavia estão inacessíveis devido ao bloqueio do Portugalmail.pt, porém algumas foram já transcritas para a Página Literária. 
Presidente Fundador do Clube Português de Natal e Membro activo de várias páginas em jornais virtuais ligados ao Mundo da Lusofonia.
01 – POEMAS DE ANGOLA – “Eu, O Pensamento, A Rima!...”
02 – E-Book (Livro Electrônico): “UM CONVITE P’RA TOMAR CHÁ”
03 - CURRIÇAS DE CARAVELAS- TROVAS COMENTADAS é uma Antologia que contém  Trovas  e Textos Auto Biográficos da Aldeia Transmontana. 
        São livros da minha autoria já prontos para Edição e publicação brevemente. 
Actualmente mantenho uma página literária própria, como Emigrante Transmontano em Natal/Brasil, no Portal Recanto das Letras.   
O sitio do Escritor Silvino Potêncio  www.silvinopotencio.net  está aberto a visitas de todos os leitores de Lingua Portuguesa. Conta já com mais de 56.000 visitantes à data actual. 
Muito grato pela Atenção e receba um Forte e Fraterno Abraço. 

Endereço atual para contato: 

Silvino Potencio
Rua Maçaranduba Nº 7838 – Bairro Pitimbu – Conjunto Cidade Satélite
59067-610 – NATAL – BRASIL 
Email: sspotencio@yahoo.com.br
SKYPE: sspotencio 
www.silvinopotencio.net

1 comentário:

  1. ERRATA: onde se lê ... e só "paremos" em Caravelas. Deve-se ler ... e só parámos em Caravelas. Onde se lê: os outros homens que ia na carroçaria... deve se ler ... que iam na carroçaria.
    Todavia sabemos que no linguajar Transmontano estas corruptelas ortográficas são corriqueiras!... mas todos dizem "cu riqueiras". Nós parámos mas "paremos" era mais prático! No Meu Livro de "Catramonzeladas Literárias" eu escrevo muitas destas corruptelas... não tem nada a ver com corromper, nem cu romper a Língua de todos nós!

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