quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Presidente de Mirandela pede demissão do inspector-geral da ASAE

Júlia Rodrigues convocou os jornalistas para uma conferência de imprensa, para manifestar a sua indignação com uma conduta que classifica de “irresponsável” da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, ao comunicar informação incorrecta, que deixa no ar suspeitas sobre o setor da alheira, causando enormes prejuízos às empresas e cozinhas regionais que produzem o enchido ex-libris de Mirandela.
A autarca já tinha manifestado alguma insatisfação com a atuação da ASAE, no último natal, quando uma inspeção da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica decidiu suspender duas linhas de abate do matadouro do Cachão, precisamente na altura em que há mais abates e quando as obras no edifício, estavam agendadas para o mês seguinte.

Mas, a gota de água que fez transbordar o copo foi o recente comunicado da ASAE a dar conta da apreensão de 12,5 toneladas de produtos cárneos e seus derivados, com um dos locais a ser identificado como uma indústria de enchidos.

Júlia Rodrigues diz que se trata de uma comunicação leviana deixando no ar suspeitas infundadas sobre o setor da alheira:

“Quando falamos de uma indústria de enchidos, não nos estamos a referir a um local ilegal de produção. Uma indústria é uma empresa, uma fábrica que transforma produtos, enquanto que ao falar de uma cozinha ilegal estamos a referir-nos a outra dimensão com impacto diferente na notícia.

O que se quis fazer foi dar um impacto alarmista de duas ações que nada têm a ver uma com a outra, até porque uma foi no início do mês e a outra agora no final, e as duas juntas é que tinham o impacto das 12,5 toneladas e um prejuízo de 34 mil euros. Carne não tem nada a ver com enchidos e industria não tem nada a ver com o local ilegal de produção. Estou em crer que não será, certamente, um problema na região, a ASAE é que o está a criar onde não existe.

Nós estamos aqui para defender e para estar ao lado dos produtores e dizer à ASAE que tem de ter atenção às fileiras estratégicas.

Não têm de criar notícias alarmistas que põe em causa os setores de atividade que são fundamentais para o desenvolvimento e para a coesão territorial.”

Neste tipo de situações, Júlia Rodrigues entende que a ASAE não devia optar por comunicados políticos, mas antes prestar informações técnicas fidedignas

“Nestas situações, a ASAE deveria encerrar o estabelecimento e não fazer disso um comunicado político, o que não lhe compete fazer, mas sim prestar informações técnicas fidedignas, com a qualidade e os números adequados de quem presta um serviço público muito meritório, mas também muito responsável para todos os portugueses.”

A presidente do Município de Mirandela também estranha que esta ação tenha sido divulgada a uma semana da feira da alheira.

“Já é uma investigação de meses, segundo eles próprios dizem, e vem agora dizer isto às portas de uma feira que tem impacto na região e é, com toda a certeza, uma das maiores feiras gastronómicas da zona que atrai visitantes.

Não está em causa a qualidade dos produtos de Mirandela, mas sim a forma irresponsável como a ASAE coloca os produtos e os enchidos da região, que põe em causa o mercado que ,muitas vezes, é conseguido à custa de muito trabalho, investimento e postos de trabalho.”

A autarca recorda ainda outro episódio protagonizado pela ASAE, quando, em 2015, um caso de botulismo alimentar, que se confinou a uma empresa de Bragança, causou danos colaterais assinaláveis no setor da alheira, devido a falhas na comunicação da operação da ASAE.

Perante estes casos, Júlia Rodrigues sugere a demissão do inspetor-geral da ASAE

“Exigimos uma explicação do senhor inspetor geral da ASAE, ao mesmo tempo que, por condutas irresponsáveis que lesam a economia da região e do país, consideramos que é inadmissível esta irresponsabilidade. Por isso, pedimos a sua demissão, um vez que consideramos que uma autoridade de segurança alimentar e económica deve proteger os consumidores em vez de criar alarmismos.”

Júlia Rodrigues termina dizendo que estes casos estão a prejudicar uma fileira que representa um volume de negócios superior a 30 milhões de euros anuais, resultante das empresas produtoras, cozinhas regionais e lojas de vendas, que empregam cerca de 700 pessoas.

INFORMAÇÃO CIR (Terra Quente FM)

Sem comentários:

Enviar um comentário