domingo, 29 de dezembro de 2019

TOPONÍMIA DE BRAGANÇA

Placas Toponímicas de Bragança
Quanto a este tema, não é nosso propósito a análise circunstanciada das razões que justificaram a alteração das designações das ruas e praças de Bragança. Em regra, tais modificações ilustram a forma, mais ou menos emocional, como os contemporâneos reagiram aos acontecimentos políticos, militares e culturais que influenciaram o País, alguns de grande significado nacional. Interessa-nos o eco que tiveram em Bragança, assim como as circunstâncias que determinaram que instituições ou figuras locais pudessem ascender ao patamar dos que se distinguiram de maneira a associarem o seu nome à identificação de uma artéria citadina.
Em Bragança raramente surgiam novos arruamentos, pelo que o processo de atualização toponímica, recorrendo à substituição dos nomes de ruas já em uso, espelha a forma como os grandes sucessos eram sentidos e, aqui e ali, aproxima-nos da atmosfera dos antigos arruamentos e dos seus processos de mutação.
Sem pretensões de esgotarmos as mudanças que ocorreram na toponímia das ruas, calçadas, largos e praças de Bragança, iremos registar as mais importantes, através dos livros de atas da Câmara, até à implantação da República.
Em dezembro de 1869, a Câmara vai denominar de Rua do Conde Ferreira a artéria aberta na extremidade da Rua dos Oleiros, em direção ao Campo de Santo António.
Em setembro de 1879, referem-se consertos nas ruas próximas da Igreja de Santa Clara, no “largo superior à Calçada da Alegria, antigamente denominada Rua do Terreiro”.
Em março de 1880, a propósito das comemorações do tricentenário de Camões, decide levantar um monumento ao poeta na Praça da Sé, a qual passaria a designar-se por Praça de Camões. Mas, em junho do mesmo ano, a designação de Praça de Camões vai ser dada ao “largo que desta Cidade é designado por Largo das Eiras”, também designado por Largo das Eiras do Colégio (dos Jesuítas). A Praça de Camões, em 1907, irá receber os bancos de ferro que ali existiam antes das obras de reconstrução, então efetuadas.
Em dezembro de 1889, em consideração dos “relevantes serviços prestados à Pátria” por Serpa Pinto, foi deliberado que à Rua da Costa Pequena fosse dado o nome de Rua de Serpa Pinto; à Rua da Costa Grande, o nome de Rua D. Luís I; e à Rua dos Prateiros, o nome de Rua Duque de Bragança.
Em janeiro de 1891, a Rua do Norte passa a designar-se por Rua do Tenente Valadim.
Em outubro de 1892, a Rua da Amargura passou a denominar-se Rua de São João; a Viela de São Vicente deu lugar à Viela do Carmo; e a Viela do Comércio à Viela da Misericórdia.
Em junho de 1895, a propósito das comemorações do VII Centenário de Santo António, a Rua dos Oleiros passou a designar-se por Rua de Santo António.
Em dezembro de 1895, “o largo próximo às muralhas no cimo da Rua de Luís I” passa a designar-se, em honra ao batalhão de Caçadores n.º 3, que tinha combatido em África, por Square do Batalhão Expedicionário de África.
Em novembro de 1910, a Rua do Conselheiro Eduardo Coelho passou a designar-se por Rua de 5 de Outubro; a Rua de Santo António por Rua Almirante Reis; e a Rua D. Luís I por Rua Trindade Coelho.
Em março de 1910, por ocasião das comemorações do 1.º centenário do nascimento de Alexandre Herculano, a “rua que vai da Praça da Sé à Ponte do Loreto desta Cidade” passou a designar-se Rua Alexandre Herculano.
Em maio de 1910, a Rua de Trás passa a ter o nome de Rua Abílio Augusto de Madureira Beça.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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