terça-feira, 4 de junho de 2019

Zasnet quer candidatar festas de Inverno de Bragança, Zamora e Salamanca à UNESCO este ano

O Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial - Zasnet espera candidatar as festas com máscaras a património imaterial da humanidade da UNESCO ainda este ano. A candidatura transfronteiriça, que está ser ultimada, reúne 50 rituais com máscaras de Trás-os-Montes, Salamanca e Zamora.
No decorrer deste mês de Junho, será entregue a primeira versão da proposta à Direcção Geral de Património Cultural portuguesa e à homóloga espanhola, da Junta de Castilla y León, e caso seja aprovada, será enviada à UNESCO até ao próximo mês de Novembro.

Em Alcanices, Espanha, nas jornadas de “Patrimonialização das Máscaras e Valorização como Património Cultural Imaterial”, Maria Diaz, da empresa responsável por realizar a candidatura, afirmou que, neste momento, está a ser elaborado o trabalho de recolha de informação mas também de apoio. “Apresentar a candidatura à UNESCO inclui uma série de passos e implica formalizar um documento oficial no qual deve juntar-se documentação de apoio das diferentes entidades e instituições, a partir daí é competência de um dos governos, o português ou o espanhol, ainda não está decidido, apresentar a candidatura. Há que preparar bem a proposta, porque há muitos projectos que a UNESCO tem de avaliar”, destacou.

A candidatura conjunta justifica-se pela raiz comum que muitos dos rituais de Inverno têm dos dois lados da fronteira e pela grande concentração neste território, como destaca António Tiza, presidente da Academia Ibérica da Máscara, um dos especialistas que está a trabalhar na pesquisa e levantamento das tradições. “As que se realizam no ciclo dos 12 dias, entre o Natal e os reis, seguramente têm uma raiz comum e acontecem de um lado e de outro da raia. As do carnaval poderão ter uma raiz comum também, que não será a mesma das do Natal”. Outro dos argumentos é a “concentração única de rituais com máscara” do ciclo dos 12 dias no solstício de Inverno, “não só pela quantidade como pela própria ritualidade que contêm”. “Isto parece-me que é uma coisa única e é isso que as distingue do resto da Europa e o que devemos fazer valer quando chegarmos à fase da candidatura à UNESCO”, salientou o investigador.

O vice-presidente do Zasnet, Hernâni Dias, esclareceu que espera que a candidatura possa reforçar a projecção destas festas de Inverno e adiantou que todos os rituais com máscaras do distrito de Bragança com vão ser abrangidos pela candidatura, incluindo Podence, em Macedo de Cavaleiros, que já avançou com uma candidatura autónoma à UNESCO. “Com toda a dinâmica que estas actividades têm vindo a ganhar, pensou-se, e bem, em conjunto formalizar esta candidatura, também como uma forma de ganhar mais força, uma vez que têm uma componente transfronteiriça que pode valorizar ainda mais esta candidatura”, destacou.

Do lado português vão ser integradas na candidatura 31 festas de Inverno, dos concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro e Vinhais. 

Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro

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