domingo, 14 de julho de 2019

Os contra-senso incompreensíveis, mas recorrentes!

Por: António Orlando dos Santos 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Realizou-se hoje o XXIII Festival de Folclore de Bragança e para nós que foi a primeira vez que de tal tivemos notícia, deslocamo-nos ao Jardim Dr. António José de Almeida para apreciarmos o evento.

Escrevo no plural, porque éramos três que ao vermos uma certa movimentação de grupos na Praça da Sé resolvemos ficar para tirarmos dúvidas quanto ao local escolhido pela Organização para servir de palco cénico ao espectáculo que os cantadores e cantadeiras, bailadores e bailadeiras supostamente iriam proporcionar às gentes de Bragança. 
Porque dois de nós já haviam visto edições anteriores e subitamente a movimentação na Praça da Sé se extinguiu fomos diretos ao Fervença ver o que se tirava de positivo da ideia peregrina de levarem o Folclore para a terra de ninguém.
Há dias escrevi aqui um texto em que me congratulava com as mudanças que se operaram na Praça da Sé e que se devem ao desejo de alguns brigantinos quererem, insistentemente, dar à zona histórica, a vida, a alegria, o colorido e o prazer aos cidadãos, de voltarem a usufruir de um espaço nobre e digno onde a infra-estrutura aí colocada possa concorrer para o bem estar e felicidade relativa que os semelhantes locais noutras terras proporcionam aos seus naturais e visitantes.
Devo realçar que tudo o que se fez aí nos últimos seis meses custou muito dinheiro e implica muito risco para a segurança financeira e não só, dos investidores.
Ora o que aconteceu, hoje dia 13 de julho foi o que não deveria acontecer ao mandarem o dito Festival para a terra de ninguém onde não há um café, uma esplanada ou o que quer que seja, minimamente decente para a realização e bem estar dos espectadores, com a agravante de retirarem clientela a quem tanto dela precisa e que é atraiçoado por putativas instituições que têm obrigação de estudarem melhor os manuais, que é elementar que leiam, para não andarem a sabotar realidades que estando bem encaminhadas não são tidas em conta pelos que recebem o seu salário supostamente para fazerem o oposto.
Sexta-feira dia 12 à noite dava gosto ver as esplanadas, os cafés e restaurantes da Praça da Sé cheios de gente contente, hoje dava pena e raiva o absentismo a que a votaram os que me recuso a adjectivar.
Digo aqui e agora, que eu não tenho um centavo meu investido no local mas digo também que tenho feito sem pretender mais que o sucesso para Bragança, algo para que estes projectos sejam viáveis, pois quem arriscou neles, se o não forem, terá que pagar os prejuízos que os que cometem estas bacoquices não terão de pagar, já que serão os dinheiros públicos que lhes salvarão a face. Sei do que falo pois já fui investidor no local e sei bem do olímpico desprezo que os representantes do Estado têm pelo setor que lhes garante o salário.
Sinceramente, não sei quem organiza estes eventos que deviam contribuir para o bem de todos, mas que nesciamente são gizados por quem não tem a mínima noção da dinâmica dos fluxos de gente que quer usufruir do convívio, do contacto, da cultura e do discernimento que contra toda a lógica os nossos areópagos não vêem, nem sequer na ação serena dos seus pares (e deixem-me parecer demagogo), de Mirandela.
Lanço daqui um apelo ao povo de Bragança, para que se deiam ao esforço de pensarem nisto e convido-os também a amanhã pedirem opinião aos seus pares nos três pontos que proponho para uma análise desapaixonada:

1ª) Porque se trata tão puerilmente dos assuntos públicos e nunca se assacam culpas mesmo que meramente de ordem de prestígio?

2ª) Porque tão facilmente se abandona o zelo pela coisa pública e se adota uma atitude de sobranceria por tudo o que parece bem às "massas" que normalmente são mais cautelosas e respeitadoras do interesse público? 

3ª) Porque as pessoas de Bragança são tão alheias ao que lhes é imposto de cima e se resigna sem luta à vontade imperativa de todas as lideranças que no pós 25 de Abril a par com algumas obras de mérito têm simultaneamente feito obras e praticado atos de valor manifestamente lesivos do interesse público? 

Este que aqui refiro é apenas mais um dos erros crassos que nem Crasso cometeria! 

SALVEMOS A PRAÇA DA SÉ… . Recolho a minha pena e faço votos que este texto suscite um debate sereno e civilizado que contribua para um maior cuidado na maneira a utilizar o que se entende seja o senso comum e que impeça os “ILUMINADOS " de fazerem o que não deveriam ousar.  Isto é, brincarem com coisas sérias…!





Bragança 13 de julho de 2019
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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