segunda-feira, 29 de julho de 2019

Palácios, Bragança, acolheu festival que não quer deixar morrer a música tradicional e o ciclo do pão

Pela vigésima primeira vez, a aldeia de Palácios, no concelho de Bragança, recebeu o Festival de Música e Tradição da Lombada.
Nos primeiros anos o evento celebrava apenas a cultura dos gaiteiros e tocadores da região. Segundo Raul Tomé, presidente da Associação Cultural e Ambiental de Palácios, que organiza o evento, as tradições associadas ao ciclo do pão também foram integradas no festival para relembrar como se faziam estes trabalhos noutros tempos. “Quisemos preservar a música tradicional aqui da região da Lombada e resolvemos fazer um convívio entre os tocadores que havia nas aldeias próximas. Posteriormente, no mesmo encontro, e alargando o número de dias, inserimos o ciclo do pão para mostrar aos mais novos como é que os nossos antepassados passavam sacrifícios para sobreviver. Aquilo que era habitual nas aldeias era o comunitarismo por isso nunca se começava a acarreja sem toda a gente ter feito a segada”.

Esmeralda Aliste, com 74 anos, habitante de Palácios, recorda como era feita a segada quando era jovem. “Não havia máquinas, não havia nada para segar. Uma pessoa tinha que segar como aqui vemos. Juntavam-se alguns, conforme era a família. Antigamente até pagavam a jeira para ir a segar”.

A iniciativa contou com um workshop de cuscos transmontano. A socióloga Patrícia Cordeiro, que tem estado a trabalhar na recolha de informação e testemunhos sobre este produto, diz que há cada vez mais pessoas interessadas em saber como se faz cuscos. “No ano passado fizemos o workshop aqui pela primeira vez porque o tema está integrado neste festival. As pessoas foram-nos abordando e relembrando que havia aqui gente que na infância se lembrava de ver avós e tias a fazer. Este ano já toda a gente estava à espera que houvesse workshop”.

O presidente da câmara de Bragança também pôs mãos ao trabalho durante a manhã de segada. Hernâni Dias acredita que há cada vez mais curiosos a participar. “É algo que marca positivamente aquilo que são as nossas tradições e muita gente que não conhece vem aqui. Há pessoas que fizeram mais de 700 quilómetros para estar aqui o que mostra que tem interesse sob o ponto de vista cultural e etnográfico, não só para o território como para o país”.

A música tradicional ibérica também esteve representada em vários momentos, sobretudo com o vigésimo primeiro Encontro de Gaiteiros e Tocadores do Nordeste.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

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