quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Manuel Ventura Teixeira Lopes – Estátua do Duque de Bragança (1964)

Em 1964, sendo Presidente da Câmara de Bragança Adriano Augusto Pires (1954-1967), as comemorações do V Centenário do Foral de Bragança concedido por D. Afonso V foram assinaladas com a inauguração, junto às muralhas, da estátua de D. Fernando (1403 1478), 2.º Duque de Bragança, pelo Presidente da República, Américo Tomás.

No ano anterior, a 29 de novembro, em reunião camarária, fora tomada a decisão de pedir ao ministro das Obras Públicas e à Casa de Bragança a oferta das estátuas dos funda-dores D. Fernando e D. Afonso V, a serem inauguradas por ocasião das Comemorações do V Centenário da criação da Cidade, ficando a Câmara com o compromisso de efetuar todo o arranjo urbanístico necessário à sua implantação na Praça do Professor Cavaleiro de Ferreira.
Pela imprensa local, tomamos conhecimento do desenrolar das festividades que ocorreram na Cidade, dando início às comemorações.
Na Sé de Bragança celebrou-se um solene Te Deum, onde compareceram altas individualidades, entre as quais se destacavam o duque de Bragança, D. Duarte Nuno, como representante da Casa de Bragança, e o Governador Civil do Distrito, Horácio António Gouveia, bem como todo o Cabido da Sé. Após a cerimónia religiosa, seguiu-se na Domus Municipalis a sessão solene comemorativa do V Centenário da Cidade, destacando-se o discurso do Presidente da Câmara, Adriano Augusto Pires, no qual foi mencionada a decisão de se erigir uma estátua a D. Fernando, 2.º duque de Bragança, cuja execução fora entregue ao escultor Manuel Ventura Teixeira Lopes, que já estivera em Bragança a fim de estudar a localização que iria ter à entrada da cidadela, no jardim do lado sul.
Em 24 de abril de 1964, o mesmo jornal referia que o Ministério das Obras Públicas pagaria a quantia de duzentos contos pela estátua, sendo o pedestal da responsabilidade da Câmara Municipal, com a ajuda da Casa de Bragança. Em 26 de junho, a imprensa refere que, devido às dificuldades financeiras do Município, o ministro das Obras Públicas, Eduardo de Arantes e Oliveira, concedeu, para além da verba referida, quatrocentos e setenta e cinco contos para a realização da totalidade da obra, tendo em vista as comemorações agendadas de 20 a 30 de agosto.
A escolha do local para a ereção da estátua pertenceu à Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que ficava também com a incumbência de orientar e fiscalizar os trabalhos, sendo da responsabilidade do arquiteto Viana de Lima o estudo relativo ao ajardinamento da zona. Por fim, a 30 de agosto, na presença do Presidente da República e demais autoridades, e como ponto alto dos festejos comemorativos, foi lido pelo diretor-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Pena da Silva, o auto de entrega da estátua de D. Fernando à Cidade de Bragança, sendo o monumento descerrado pelo almirante Américo Tomás.
Por fim, e uma vez que o Ministério das Obras Públicas havia coberto as despesas da execução da estátua, a verba concedida pela Fundação Casa de Bragança para o pedestal teve outro destino; com efeito, na reunião camarária realizada em 4 de setembro, foi apresentado um ofício da referida fundação, determinando que essa quantia ficaria “destinada à criação de dois prémios anuais de quinhentos escudos cada um, a atribuir a dois alunos (um rapaz e uma rapariga) que completem o curso de instrução primária (2.º grau) nas escolas primárias desta Cidade, devendo os prémios ter o nome de “D. Fernando, 2.º Duque de Bragança”.
Manuel Ventura Teixeira Lopes, o autor da estátua em bronze do 2.º Duque de Bragança, está ligado por laços familiares a uma notável família de escultores de Gaia, cujo máximo expoente foi o grande mestre Teixeira Lopes, seu tio. Nascido em Gaia (1907-1992), iria, para além da sua carreira artística, ter um papel importante como conservador da Casa Museu Teixeira Lopes. Representado em vários museus portugueses, destacando-se entre todos o Museu Nacional Soares dos Reis, Manuel Ventura Teixeira Lopes tem obra espalhada por terras transmontanas, destacando-se particularmente esta em Bragança.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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