segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Acessibilidades transfronteiriças discutidas no Conselho Raiano da Rionor

As acessibilidades transfronteiriças foram, sábado, o grande destaque do Conselho Raiano, decorrido em Alcanices. Organizado pela associação Rionor, com o tema “Cooperação Transfronteiriça e Desenvolvimento”, o conselho debruçou-se na falta de investimento nas infraestruturas rodoviárias e ferroviárias na região, como formas de combater o despovoamento.
José Mário Leite, director adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian e gestor de ciência na Fundação Champalimaud, que falou da “Ferrovia, cooperação transfronteiriça e desenvolvimento”, reforça que a falta de entendimento entre autarcas atrasa estes processos. “Entendo que a ferrovia é um óptimo meio de cooperação por variadíssimas razões, uma delas é que foi sendo, ao longo dos anos, um motor de desenvolvimento, de todo o país, sobretudo do interior. Nas últimas eleições legislativas todos os partidos incluíam um capítulo que era a ferrovia, que é moderna e por isso é só por mãos à obra e começar a fazê-la. A cultura das capelinhas é, provavelmente, um dos maiores problemas do desenvolvimento nordestino. Não acredito que a ferrovia seja a panaceia para todos os nossos probelmas mas que é um factor de desenvolvimento não tenho dúvidas”.

A ligação Bragança-León, cuja construção é reclamada há mais de duas décadas, pelos autarcas e eleitos regionais dos dois lados da fronteira, foi um dos temas abordados. Jesús García, director geral das estradas e infraestruturas da Junta de Castilla y León, acredita que a ligação seria uma verdadeira mais valia para todos. “A nossa intenção era fazer um estudo dessa conexão e, da nossa parte estamos a fazê-lo, uma vez que o tenhamos seguem-se os passos futuros para essas obras. A conexão é um benefício para todos, daria possibilidade, à zona portuguesa, de ir à estação de Ave, na Sanabria, uma via de interessante, que traria possibilidades de turismo para a zona”.

Quanto ao desinvestimento nas ligações ferro e rodoviárias, Francisco Alves, presidente da Rionor, sublinha que a falta de união é um dos problemas que mais contribuiu para a situação. “A única falha é não ter havido força dos cidadãos e união de todas as forças políticas em torno do que é essencial. Enquanto os autarcas estejam uns contra os outros, os cidadãos não se interessarem pela sua terra e enquanto todos não nos unirmos, não vamos ter infraestruturas. Basta uma pequena divergência para em Lisboa e Bruxelas baterem palmas e dizerem que o problema está resolvido, o dinheiro das infraestruturas do comboio até à Puebla de Sanabria pode ir para o metro de Lisboa porque não há problema nenhum”.

No Conselho Raiano, que aconteceu sábado, em Alcanices, abordou-se ainda a política de cooperação transfronteirça educativa. Foi também apresentada a tradução para português do livro “Conservação Cultural da Natureza”, de Jaime Izquierdo Vallina.


Escrito por Brigantia

Jornalista: Carina Alves

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