terça-feira, 5 de maio de 2020

Montesinho e Bragança: o encanto de uma região única a nível ibérico

REPORTAGEM MULTIMÉDIA — O Vida Extra esteve no Parque Nacional de Montesinho entre montanhas, aldeias comunitárias, lameiros, bosques autóctones e límpidos rios. Sem esquecer a gastronomia, pois que esta é a terra da posta mirandesa, dos enchidos de porco bísaro, das costeletas de ovelha churra galega, de cogumelos silvestres e tantas outras iguarias. E ainda tivemos tempo de explorar Bragança, uma cidade muito simpática. Ora veja.
JOÃO PAULO GALACHO
A extraordinária biodiversidade deste Nordeste Transmontano, com uma fauna e uma flora especialmente ricas e diversificadas, foi o nosso chamariz.

Cerca de 75% das espécies animais que existem em Portugal Continental, podem observar-se no Parque Nacional de Montesinho (PNM), destacando-se uma das mais importantes populações de lobo-ibérico. Em estreita relação, é também o único sítio do nosso território, onde existem simultaneamente as suas principais presas selvagens: corços, veados e javalis.

Mas uma ‘estrela’ maior andou por aqui há pouco tempo. Aludimos ao urso pardo, que em maio deste ano se banqueteou com mel das colmeias do Parque, episódio que pode ser o prenúncio do regresso de uma espécie desaparecida em 1843 em Portugal.

Obrigatório é programar caminhadas nos extensos bosques autóctones de carvalho negral e de azinheiras e nas margens dos rios, repletas de amiais, freixiais, salgueirais e choupais. É aqui, entre borboletas e libelinhas que esvoaçam erraticamente e onde o reflexo das árvores no rio se confunde com as árvores reais, que estão alguns dos sítios mágicos do PNM, incríveis para fotografar. E uma boa notícia é que, nos muitos quilómetros percorridos no Parque, não vislumbrámos um único eucalipto.
JOÃO PAULO GALACHO
Depois há os castanheiros, a grande fonte de rendimento dos agricultores de Montesinho – não por acaso, o símbolo do PNM são três ouriços de castanheiro. Os muitos soutos que cruzámos, lembram-nos que Trás-os-Montes produz mais de 80% da castanha portuguesa. E é uma cultura em crescimento. Há muitos castanheiros centenários, em que são necessárias duas ou três pessoas de mãos dadas para os conseguirem abraçar, mas há muitas plantações recentes, onde frágeis árvores de metro e meio se dobram com a força do vento.

MONTESINHO, O ‘FIM DO MUNDO’ HABITADO POR VEADOS E LOBOS
Na década de 60 moravam no PNM 20 mil pessoas. Hoje são 9 mil. Não havia corços, javalis e veados; hoje prosperam. Pastam nos muitos lameiros abandonados e tornaram-se as principais presas dos lobos, que por isso atacam menos os rebanhos. A animosidade ancestral das pessoas em relação aos lobos, transferiu-se para os corços, javalis e veados, que não lhes matam os animais domésticos, mas que lhes estragam as culturas. É a natureza a fazer o seu caminho, a adaptar-se aos avanços e recuos do homem, intrinsecamente ligados aos avanços e recuos dos animais. A nós, espectadores destas dinâmicas, resta maravilharmo-nos com ela.
JOÃO PAULO GALACHO
Como aconteceu a António Sá, 50 anos, fotógrafo, repórter freelancer e guia da natureza, que há 9 anos trocou a cidade de Espinho por Lagomar, uma aldeia no Parque Natural de Montesinho, a 9 quilómetros de Bragança.



E a distância dos grandes centros não o assusta? No seu blogue ‘The Quality Times’ António escreveu: «Ontem viajei até Lisboa para uma reunião de trabalho. (…) embarquei às 7h30 num bimotor Dornier (…) e às 9h45 estava em pleno Chiado! Finda a reunião, apanhei o voo de regresso.»
JOÃO PAULO GALACHO

“De Lisboa a Bragança” já não são “9 horas de distância”, como cantavam os Xutos & Pontapés na década de 80. E a quadra terminava anunciando um desejo: “Hei-de ter um avião / Para lá ir mais amiúde”. Pois é, já têm (eles e nós). Um avião que liga Lisboa a Bragança em 1h30, com os preços ida e volta a rondarem os €100. Já de carro, as 9 horas reduziram-se para 4h45. Acabaram-se as desculpas de que não vamos a Bragança porque é muito longe. Já não é.

UM RECANTO ESPECIAL
Antes de rumarmos a Bragança, propomos um passeio no coração de Montesinho, que tanto pode ser feito a pé, como de carro – uns quilómetros em terra, que um carro utilitário normal consegue fazer, devagarinho e com cuidado. De qualquer maneira tente confirmar o estado do estradão com alguém da aldeia de França.
JOÃO PAULO GALACHO
Parta de Bragança em direção à aldeia de França, passe a ponte sobre o rio Sabor e vire logo à esquerda, na direção do antigo viveiro das trutas. Depois das últimas casas, o alcatrão dá lugar à terra batida, por onde deve seguir. Passe o viveiro, uma casa abrigo e continue pelo estradão até chegar a uma bifurcação, onde deve virar à esquerda atravessando uma ponte. Daqui, ponha o conta quilómetros a zero, conte dois quilómetros e estacione o carro. Já a pé, procure um caminho à esquerda – não muito visível –, que dá acesso a dois lameiros abandonados, delimitados pelo rio. No fim do segundo está este local mágico, pouco conhecido, onde pode massajar o cocuruto numa pequena cascata que alimenta a bonita lagoa do Sabor.

BRAGANÇA, NOVOS NEGÓCIOS E CADA VEZ MAIS TURISTAS
A cidade continental mais afastada de Lisboa soube reagir ao isolamento de décadas. Está a recuperar de uma longa letargia, à boleia de bons museus, artesãos de excelência, lojas novas e uma oferta gastronómica reconhecida – este ano, o ‘G Pousada’, restaurante onde brilha o chefe Óscar Geadas, ganhou uma estrela Michelin –, fazendo de Bragança a única capital de distrito, para além de Lisboa e do Porto, a ostentar tal distinção. Depois ainda há o ‘Solar Bragançano’ e a ‘Tasca do Zé Tuga’ (falamos de ambos mais à frente) e tantos outros cafés, restaurantes ‘de estrada’ e ‘da aldeia’, que nos reconfortam verdadeiramente o estômago e não nos esvaziam a carteira.
FOTOS: JOÃO PAULO GALACHO
Fernando Caldeira, 43 anos, um dos sócios do Lost Corner, uma ‘Wine House’ de sucesso no centro da cidade, ajuda-nos a perceber estes novos tempos: "Estive seis anos emigrado na China e em África, mas em 2018 voltei. Vinha a Bragança todos os Natais e apercebi-me de que, ano após ano, o número de turistas que se viam na rua aumentava. Viam-se sobretudo espanhóis, mas também muitos nacionais e resolvi avançar com este projeto em que andava a matutar há algum tempo. Fiz uma parceria com dois amigos, também eles emigrantes, descobrimos este espaço mesmo no centro da cidade e cá estamos. Está a correr bem e brevemente até vamos abrir uma ‘Guest House´. E não estamos sozinhos. Há aí mais malta, muitos da minha geração, a apostar em negócios novos. Isto está a mexer."

Bragança ainda tem muitas casas em ruínas no centro, precisa de mais habitantes – está em segundo lugar nas capitais de distrito mais desertificadas – para poder crescer sustentadamente, mas está a fazer o seu caminho. Charme não lhe falta.

COMER BEM E A BOM PREÇO
JOÃO PAULO GALACHO
Há 34 anos que Bragança tem uns ‘condes’, que em vez de fazerem questão de ser bem servidos, optaram por servir bem quem os visita no seu solar. Desidério como mestre de sala, Ana Maria ao lume, atenta à caça (a especialidade da casa) que cose lentamente nos potes de ferro fundido. No Solar Bragançano encontra várias salas, com muitas mesas, prateleiras e cristaleiras, ocupadas por carradas de livros, tabuleiros de xadrez, garrafas dos melhores vinhos, cálices, copos e chávenas, fazem desta casa um sítio diferente, onde, contrariamente ao habitual, não nos limitamos a sentar, comer e ir embora. Aqui vale a pena vir com tempo para deambular, antes, durante ou depois da refeição, por todos os recantos. E se se cruzar com Desidério numa das muitas salas, não perca a oportunidade de trocar dois dedos de conversa com ele. Os modos calmos e sobretudo a sua sabedoria, encantam qualquer um. Preços muito em conta, para a grande qualidade dos pratos. Convém reservar e se estiver bom tempo, peça uma mesa no pátio interior, os antigos galinheiros do solar.

Luís Portugal, 48 anos, fez o seu percurso profissional como gerente bancário. No dia 1 de abril de 2015, mudou radicalmente de vida e abriu a Tasca do Zé Tuga: «Não folgo, trabalho todos os dias, mudo o menu de degustação do chefe todas as sextas-feiras e aponto para ter um desperdício de somente 5% até ao fim do ano. A base dos meus cozinhados são os caldos, obtidos com as espinhas, as cascas e outros produtos que muitos deitam fora. Aposto na comida vegetariana e claro, nos produtos locais». Éclair de alheira, terminado com puré de maçã e uma cama de amêndoa; trufa de butelo e casulas com sementes de papoila – «Um prato que por aqui só faz no inverno. Porque não reinventá-lo e servi-lo também nas outras estações», justifica Luís –; mousse de chocolate negro com azeite, metade quente, metade gelada, com flor de sal, pimenta rosa e uma flor comestível, foram os pratos provados que mais nos deliciaram. Uma refeição gourmet, deliciosa, feita com muita paixão por Luís, que corre verdadeiramente por gosto. A distinção Bib Gourmand, atribuída pelo Guia Michelin, que premeia a relação qualidade/preço, casa na perfeição com este restaurante com vistas para o icónico castelo de Bragança.

PASSEAR, FICAR E PROVAR
ANÍBAL MARQUES
Bétula Tours é uma empresa que organiza passeios personalizados, dentro do Parque de Montesinho e nas zonas limítrofes. Podem ser pedestres, de carro e em qualquer estação do ano. O Vida Extra passou um dia com António Sá, proprietário e guia (foto acima), pediu-lhe um programa, ‘as praias fluviais do Parque’, que ele cumpriu galhardamente. Mas o melhor foi o privilégio de ouvi-lo dissertar sobre as tradições, a botânica e a fauna desta região: «Sabe porque é que há muitos pombais nesta zona? Porque era uma das principais fontes de proteína animal destas pessoas. As vacas, porcos e galinhas, só se comiam em dias de festa e serviam essencialmente para fazerem algum dinheirinho.» Um exemplo solto da lição do António, um dos poucos que imigrou para Bragança e que, com os dois filhos e a mulher, está a contribuir para o ´repovoamento’ da cidade. Se é fã de fotografia e pretende melhorar os seus conhecimentos, vai aprender muito com o António, um fotógrafo profissional, que gosta verdadeiramente de ensinar.

Desde o início de setembro, esta família que trocou a cidade pelo campo explora também quatro modernos T1 (Bétula Studios), todos com generosas varandas, que construíram ao lado de sua casa. Agora partilham as vistas únicas com os hóspedes: “Sabe, já algumas vezes, quando espreitei de manhã cedo pela janela, vi corços a pastar no lameiro ali à frente”, confidenciou-nos António. Pois, quem sabe se um dia destes, um hóspede mais sortudo não vai ver lobos no bosque que delimita o lameiro a tentarem emboscar os corços.
JOÃO PAULO GALACHO
Lost Corner é uma Wine House, no centro da cidade, servida por uma ampla esplanada com vista para a Sé e para o Pelourinho. Tem disponível uma criteriosa seleção de vinhos, com muitas referências transmontanas e durienses, que podem ser servidos a copo – não se coiba de pedir conselhos, pois os donos são verdadeiros especialistas. Também servem tábuas de queijos e enchidos da região, e vendem outros produtos regionais – mel, azeite, chá, etc. Já ganharam uma clientela fixa de bragançanos, que não dispensam um copo com os amigos ao fim da tarde, mas é cada vez mais comum ver as mesas ocupadas por turistas.
JOÃO PAULO GALACHO
Marron - Oficina da Castanha é aquilo que o nome indica. Farinhas, licores, gelados artesanais, crepes, cervejas, bolachas, marron-glacé e muitos outros produtos, todos com um denominador comum: a castanha, fruto rei de Trás-os-Montes. Nesta mercearia/bar/museu presta-se-lhe a devida homenagem. Falando com o proprietário, João Campos, 46 anos, rapidamente sentimos a seriedade deste projeto, com um conceito bem delineado, que visa essencialmente a promoção da castanha transmontana. Na cave, um pequeno museu, onde se destacam uma coleção de assadores de castanhas de vários países e uns painéis informativos, com dados que nos ajudam a perceber a importância desta cultura na região, em Portugal e no Mundo. E já fumega à porta da loja: durante o ano, um assador vai espalhar o odor da bela castanha assada pela rua Direita de Bragança – um velho desejo de João, agora concretizado.

CULTURA, MUSEUS, PINTURA E FOTOGRAFIA A NÃO PERDER
JOÃO PAULO GALACHO
Sob a batuta do arquiteto Souto Moura, um solar setecentista no centro da cidade foi remodelado e ampliado, dando origem ao Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, um moderno museu, inaugurado em 2008, e um passo essencial na dinamização cultural de Bragança. Graça Morais – a pintora transmontana que dá nome a este Centro de Arte – tem neste momento expostas 103 obras, doadas por si ao museu, que podem ser vistas pela primeira vez. Até 10 de novembro, a não perder também, a surpreendente exposição de Zadok Ben-David (ver foto), um iemenita, onde milhares de figuras humanas se apresentam como uma metáfora da diversidade da população mundial. Novos, velhos, gordos, magros, orientais, ocidentais, índios, as mais diversas pessoas, recortadas numa folha de alumínio preto, criam um efeito visual incrível, na maior sala do museu. E como será que conseguiram espalhar aqueles milhares de figuras tridimensionais, num chão forrado de areia, completamente liso, sem marcas de alguém o ter pisado?
JOÃO PAULO GALACHO
No Centro de Fotografia George Dussaud as fotografias expostas são uma autêntica viagem no tempo, que começa em 1980, altura em que este fotógrafo francês descobre “por acaso” o “norte do Norte”, como gosta de chamar a Trás-os-Montes. É a este território “miraculosamente intacto”, ainda não contagiado por um progresso que acelera em toda a Europa, que George Dussaud regressa ano após ano. Fotografa os duros trabalhos agrícolas, em tempos onde as máquinas ainda rareavam, os interiores pobres mas dignos, das rudes casas de pedra, mas também as festas, os momentos alegres, em que novos e velhos sorriem para a sua objetiva. É a alma de Trás-os-Montes, que trespassa estas belas fotos a preto e branco. Imperdível para quem queira compreender melhor este povo transmontano. E para quem pretenda ‘mergulhar’ ainda mais profundamente na alma desta gente, aconselhamos a leitura do pequeno livro (76 páginas) ‘Trás-os-Montes, o Nordeste’, de J. Rentes de Carvalho, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, um retrato incrível de outros tempos.
JOÃO PAULO GALACHO
No Museu Ibérico da Máscara e do Traje existe uma diversificada mostra de máscaras e trajes, usadas nas tradicionais Festas dos Rapazes ou dos Caretos em várias aldeias transmontanas, em Lazarim, em Lamego e na província espanhola de Zamora. É a Arte Popular no seu melhor, personificada em cerca de 50 personagens, meio diabólicas, que nos 12 dias entre o Natal e os Reis e/ou no Carnaval, vagueiam por estas terras, aterrorizando uns, puxando o riso a outros. São rituais, que na sua génese comemoravam o solstício de inverno, com o intuito de obter o favor dos deuses para o sucesso das culturas de primavera, mas também celebravam a passagem dos rapazes da adolescência para a idade adulta. É uma cultura misteriosa e mágica, que reforça os laços destas populações, com arreigadas tradições comunitárias.

AS ARTES TRADICIONAIS DE BRAGANÇA
JOÃO PAULO GALACHO
Em pleno coração do Parque Natural da Peneda Gerês, na aldeia de Aveleda, está a oficina e a loja de Gilberto Ferreira, um jovem criador de navalhas e facas artesanais. E se a loja encanta pela extraordinária coleção, é na oficina que a magia da forja, a tornar o metal incandescente, nos hipnotiza – juntamente com o malhar, que vem logo a seguir, onde Gilberto empunha o pesado martelo que aplana o aço. Aqui o segredo é a têmpera, ou seja, “a dureza que se consegue no aço”, segundo a definição de Gilberto. Que logo depois acrescenta “se estou nervoso, ou chateado, não vale a pena vir para a forja. Arrisco-me a mandar o trabalho todo para o lixo”. Trabalha com vários metais, incluindo o ‘aço damasco’, o “mais caro”; para os cabos das facas, usa várias madeiras exóticas, como o ébano branco e o sândalo e também hastes de veado. Navalhas únicas, que começam nos €8 e acabam nos … “isso não lhe posso dizer. Imagine que amanhã aparece aí um cliente a querer uma faca com um cabo de ouro maciço? O preço final depende sempre dos materiais.”

É na garagem da casa de Amável Antão em Bragança, que este ‘escultor autodidata’ retira de toscos troncos de várias árvores, as tradicionais máscaras dos Caretos. «A malta amiga já me chama, quando vão abater ou podar árvores. Já sabem que um corte uns centímetros abaixo, ou acima, pode inviabilizar uma peça. Muitas vezes, é aquele raminho torto, a sair do tronco, que me dá a ideia para o que vou fazer. Pode ser uma serpente, que vai envolver a máscara, pode ser um lagarto entre os cornos, pode ser outra coisa qualquer. As minhas máscaras são feitas num único madeiro. São inteiriças.» E autênticas obras de arte, acrescentamos nós. Não admira que Amável conclua: «Tenho muitos colecionadores que estão sempre à espera de novas peças. Mas há algumas que não vendo. São a minha coleção.» Os seus filhos, acrescentamos nós.

Para terminar o artigo que já vai longo, falta uma última recomendação: se pretende conhecer verdadeiramente o nordeste transmontano, tem de ir lá pelo menos quatro vezes, uma por cada estação do ano. Escutemos de novo António Sá, que não hesita em apontar a razão que o levou a trocar a cidade pelo campo: “Essencialmente, a variedade paisagística (…) é evidente que as estações do ano se fazem anunciar como em nenhuma outra zona do país. Para mim, que tenho uma amostra bem representativa de tudo isto mesmo em frente à janela, é como mudar de casa quatro vezes ao ano... para um sítio diferente, mas igualmente belo...”

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