segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

PAJADAS: UMA PESQUISA HISTÓRICA

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..")
São Paulo - Brasil


MESA DIRETORA DE UMA PAJADA NO RIO GRANDE DO SUL – BRASIL
(OBJETIVO: ANALISAR O DESEMPENHO DOS PAJADORES E AS RIMAS)
Conforme Paulo de Freitas Mendonça, o escritor Alberto Juvenal de Oliveira, brasileiro, em seu “Dicionário Gaúcho”, define o pajador como "aquele que recita versos de improviso"! O espanhol Maximiano Trapero, doutor em filologia e catedrático da Universidade de Las Palmas de Gran Canária, define o pajador com a mesma grafia que o Alberto Juvenal, em seu livro "La Décima Su História, Su Geografia e Sus Manifestaciones", como poeta improvisador en Rio Grande do Sul (Brasil). Ele também define Pajada como "Nombre de la poesia oral improvisada em décima en Rio Grande do Sul (Brasil)".
Conforme afirma o pajador e pesquisador argentino Victor Di Santo em seu livro intitulado “El Canto Del Payador em El Circo Criollo”, o primeiro pajador urbano profissional que se tem notícia e que anda pelas duas margens do Rio da Prata é o argentino Gabino Ezeiza, nascido em 19.02.1858 e morto em 12.10.1916. Isso se deu por volta de 1880 (Ezeiza teria 22 anos de idade). Se na Argentina começa por volta de 1880 com Gabino Ezeiza e aqui em 1958 com Jayme Caetano Braun (que viveu entre 30.01.1924 e 08.07.1999), são 78 anos de diferença, o que leva a crer que a pajada brasileira inexistia nesse período. A diferença entre o pajador e o trovador brasileiro está na forma de expressão e estrutura rimática. O trovador canta seus improvisos em estrofes de seis linhas (ABCBDB) e acompanhado por acordeom, enquanto o pajador o faz em décimas, por guitarra acústica (violão). Ambos se valem de um músico de apoio: não executam seus instrumentos! O pajador e o trovador gaúchos possuem a mesma origem; apenas muda a nomenclatura e a forma rimática. A métrica é a mesma: em heptassílabo. Em vários países do mundo há repentistas com os mesmos anseios e um verso a cada instante, independente do nome. 
Todos somam para o movimento da poesia oral improvisada. Eu, ACAS, percebo também que até o caipira dos sertões do Brasil, quando dizem em caipirês que “contou uma páia”, querem dizer que “inventaram algo de improviso, que tanto pode ser verdade como não”, sendo, portanto esta expressão de caipirês, talvez diretamente ligada às pajadas (ou "payadas", como se diz em espanhol). Também existem “payadas", “coplas" e afins de sinonímia, além da Argentina; no Uruguai, Chile, Colômbia e Espanha. Pena eu não ser um filólogo e não ter mais cultura para ir além dessas nações nomeadas. Nessas horas é que eu penso na falta que nos faz o Câmara Cascudo: -Que pena!
Pelas minhas pesquisas, existem no Brasil algumas dezenas; talvez centenas de pajadores no Rio Grande do Sul e até fora dele. Cito apenas um pajador, para dar chance aos leitores que desconheciam este tipo de literatura ou aqueles que ouviram falar e não sabiam de quê se tratava. Dentre os dois aqui mencionados, o ACAS reconhece que o mais prolixo na sua produção e, ao que parece aquele que é referência, é o Jayme Caetano; em nome do qual eu homenageio os pajadores gaúchos, que ajudam a fazer do Brasil uma das culturas mais lindas do mundo.

REFERÊNCIAS
- Nei Fagundes Machado é autor do livro “Jayme Caetano Braun - O Grande Pajador”.
- (TEXTO CRIADO EM 18/11/2010)


Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. Nascido em julho de 1946, é natural da zona rural de Cravinhos-SP (Brasil). Nascido e criado numa fazenda de café; vive na cidade de São Paulo (Brasil), desde os 13. Formou-se em Física, trabalhou até recentemente no ramo de engenharia, especialista em equipamentos petroquímicos.  É escritor amador diletante, cronista, poeta, contista e pesquisador do dialeto “Caipirês”. Tem textos publicados em 8 livros, sendo 4 “solos” e quatro em antologias, junto com outros escritores amadores brasileiros. São seus livros: “Pequeno Dicionário de Caipirês (recém reciclado e aguardando interesse de editoras), o livro infantil “A Sementinha”, um livro de contos, poesias e crônicas “Fragmentos” e o romance infanto-juvenil “Y2K: samba lelê”.

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