quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Paulo Moura – Ciclovia do Fervença (2011)

Foi intenção da Câmara Municipal de Bragança inaugurar a Ciclovia do Fervença em 24 de junho de 2011, para assinalar a realização em Bragança do XVII Congresso Anual da EARMA – European Association of Research Managers and Administrators, entre os dias 22 a 25 de junho, evento que contaria com a presença de administradores, gestores e diretores de ciência e investigação científica da Europa, dos Estados Unidos da América e dos países Lusófonos. Para assinalar esta reunião, foi decidido encomendar uma peça escultórica alusiva à referida inauguração.

No parecer de 6 de abril, assinado pelo chefe de Gabinete da Câmara Municipal de Bragança, dr. Jorge Oliveira Novo, e com despacho favorável do Presidente da Câmara, mencionava-se a urgência da execução da escultura, devendo esta contemplar “o conceito de identificação com a Ciclovia, e daí decorrente, os conceitos de lazer, saúde, promoção do bem-estar físico, contacto com a natureza e o conceito de Ciência e sua correlação com a Humanidade, numa perspetiva de progresso, harmonia e felicidade”. Assim, foi feito o convite, em 11 de abril desse mesmo ano, ao escultor Paulo Moura que, em 2009, como vimos, já executara o Monumento ao Bombeiro Voluntário.
Por despacho de 25 de maio 2011, procedeu-se à adjudicação da obra, e no dia 24 de junho de 2011 foi inaugurada a Ciclovia do Fervença, numa cerimónia integrada no já referido Congresso da EARMA e também no 3.º Encontro de Cooperação Europa-América de Gestores de Ciência. Devemos destacar a importância deste equipamento, uma vez que a população de Bragança passou a poder usufruir de um percurso ecológico único, ao longo do Rio Fervença, circundando o Campo Académico do Instituto Politécnico de Bragança, ligando-o ao Centro Ciência Viva. É neste contexto que devemos entender o elemento escultórico da autoria de Paulo Moura, inaugurado nessa infraestrutura.
Terminado este périplo pela arte urbana na Bragança Contemporânea, podemos verificar que na Cidade estão representados alguns dos mais reputados artistas que marcaram o panorama artístico português desde o século XX até ao momento presente. Se, até à década de 1970, esta vertente da arte pública viu artistas de renome como Leopoldo de Almeida, Sousa Caldas e Manuel Ventura Teixeira Lopes representarem figuras notáveis ligadas à Cidade, os anos seguintes, até ao início da década de 1990, assistiram à coexistência da homenagem à figura do político (Sá Carneiro/José António Nobre), à memória do fundador de Portugal (D. Afonso Henriques/João de Sousa Araújo), com a poesia da recriação do jardim real/imaginário de José Rodrigues.
A verdadeira viragem em termos de explosão artística espalhada pelo tecido urbano, surgirá, porém, no final dos anos de 1990, imprimindo um cunho de modernidade a Bragança e possibilitando aos habitantes da Cidade e aos visitantes a fruição da arte produzida por artistas com raízes matriciais transmontanas. Todos aqueles que acompanhámos, José António Nobre, Manuel Ferreira, Rui Anahory, Hélder de Carvalho Graça Morais, José Rodrigues, José Pedro Croft, Teixeira de Sousa, Barata Feyo, Eurico Pires, Manuel Barroco e Paulo Moura, com uma espantosa diversidade de propostas a nível da criação artística, fazem de Bragança uma Cidade onde a arte urbana contemporânea é um dos aspetos que a tornam incontornável no Portugal de hoje.
Devolvendo as palavras aos atores principais, o encomendante e o artista, recordamos o empenho posto, ao longo destes anos, “no embelezamento da Cidade de Bragança, com a concretização de um conjunto de obras relevantes e emblemáticas, onde se dá especial destaque às intervenções feitas nas diversas entradas de Bragança”, tornando-a “num centro de acolhimento e de passagem mais aprazível, encantadora aos olhos dos Bragançanos e das inúmeras pessoas que a visitam”. Porém, tenhamos também presente que “a escultura atual procura ainda, com igual perseverança, uma aproximação tão ampla quanto possível, ao público usufruidor, preservando as marcas do seu passado”.
Quadro nº 87

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)

Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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