PAJADAS: UMA PESQUISA HISTÓRICA

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..")
São Paulo - Brasil


MESA DIRETORA DE UMA PAJADA NO RIO GRANDE DO SUL – BRASIL
(OBJETIVO: ANALISAR O DESEMPENHO DOS PAJADORES E AS RIMAS)
Conforme Paulo de Freitas Mendonça, o escritor Alberto Juvenal de Oliveira, brasileiro, em seu “Dicionário Gaúcho”, define o pajador como "aquele que recita versos de improviso"! O espanhol Maximiano Trapero, doutor em filologia e catedrático da Universidade de Las Palmas de Gran Canária, define o pajador com a mesma grafia que o Alberto Juvenal, em seu livro "La Décima Su História, Su Geografia e Sus Manifestaciones", como poeta improvisador en Rio Grande do Sul (Brasil). Ele também define Pajada como "Nombre de la poesia oral improvisada em décima en Rio Grande do Sul (Brasil)".
Conforme afirma o pajador e pesquisador argentino Victor Di Santo em seu livro intitulado “El Canto Del Payador em El Circo Criollo”, o primeiro pajador urbano profissional que se tem notícia e que anda pelas duas margens do Rio da Prata é o argentino Gabino Ezeiza, nascido em 19.02.1858 e morto em 12.10.1916. Isso se deu por volta de 1880 (Ezeiza teria 22 anos de idade). Se na Argentina começa por volta de 1880 com Gabino Ezeiza e aqui em 1958 com Jayme Caetano Braun (que viveu entre 30.01.1924 e 08.07.1999), são 78 anos de diferença, o que leva a crer que a pajada brasileira inexistia nesse período. A diferença entre o pajador e o trovador brasileiro está na forma de expressão e estrutura rimática. O trovador canta seus improvisos em estrofes de seis linhas (ABCBDB) e acompanhado por acordeom, enquanto o pajador o faz em décimas, por guitarra acústica (violão). Ambos se valem de um músico de apoio: não executam seus instrumentos! O pajador e o trovador gaúchos possuem a mesma origem; apenas muda a nomenclatura e a forma rimática. A métrica é a mesma: em heptassílabo. Em vários países do mundo há repentistas com os mesmos anseios e um verso a cada instante, independente do nome. 
Todos somam para o movimento da poesia oral improvisada. Eu, ACAS, percebo também que até o caipira dos sertões do Brasil, quando dizem em caipirês que “contou uma páia”, querem dizer que “inventaram algo de improviso, que tanto pode ser verdade como não”, sendo, portanto esta expressão de caipirês, talvez diretamente ligada às pajadas (ou "payadas", como se diz em espanhol). Também existem “payadas", “coplas" e afins de sinonímia, além da Argentina; no Uruguai, Chile, Colômbia e Espanha. Pena eu não ser um filólogo e não ter mais cultura para ir além dessas nações nomeadas. Nessas horas é que eu penso na falta que nos faz o Câmara Cascudo: -Que pena!
Pelas minhas pesquisas, existem no Brasil algumas dezenas; talvez centenas de pajadores no Rio Grande do Sul e até fora dele. Cito apenas um pajador, para dar chance aos leitores que desconheciam este tipo de literatura ou aqueles que ouviram falar e não sabiam de quê se tratava. Dentre os dois aqui mencionados, o ACAS reconhece que o mais prolixo na sua produção e, ao que parece aquele que é referência, é o Jayme Caetano; em nome do qual eu homenageio os pajadores gaúchos, que ajudam a fazer do Brasil uma das culturas mais lindas do mundo.

REFERÊNCIAS
- Nei Fagundes Machado é autor do livro “Jayme Caetano Braun - O Grande Pajador”.
- (TEXTO CRIADO EM 18/11/2010)


Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. Nascido em julho de 1946, é natural da zona rural de Cravinhos-SP (Brasil). Nascido e criado numa fazenda de café; vive na cidade de São Paulo (Brasil), desde os 13. Formou-se em Física, trabalhou até recentemente no ramo de engenharia, especialista em equipamentos petroquímicos.  É escritor amador diletante, cronista, poeta, contista e pesquisador do dialeto “Caipirês”. Tem textos publicados em 8 livros, sendo 4 “solos” e quatro em antologias, junto com outros escritores amadores brasileiros. São seus livros: “Pequeno Dicionário de Caipirês (recém reciclado e aguardando interesse de editoras), o livro infantil “A Sementinha”, um livro de contos, poesias e crônicas “Fragmentos” e o romance infanto-juvenil “Y2K: samba lelê”.

PRIMEIRO HOSPITAL PRIVADO DE BRAGANÇA COMEÇARÁ A NASCER NO ANTIGO ISLA EM 2020

Bragança vai ter um hospital privado. O primeiro passo foi dado esta manhã com a constituição de uma sociedade de capitais privados, que se propõe erguer uma nova unidade de saúde.
O projecto implica um investimento de 10 milhões de euros e vai desenvolver-se em várias fases. Já em 2020, começará a funcionar a primeira, uma clínica, como avançou o presidente do Conselho de Administração, Manuel José Lemos.

“É uma escritura de uma sociedade com o fim de criar uma unidade de saúde e uma unidade geriátrica. Tem forças locais, forças regionais e uma participação do Hospital Terra Quente de Mirandela, que embora minoritária é significativa. Abrirá, ainda entre Março e Abril de 2020, uma clínica provisória com consultas de especialidade e meios de diagnóstico”, afirmou.

Os membros da sociedade esperam que dentro de aproximadamente um ano, a unidade hospitalar e a residência sénior possam abrir. “Até ao final de 2020, início de 2021 abrirá a unidade de saúde e no decurso do ano de 2021 abrirá a residência sénior, constituída por 80 camas”, adiantou ainda.

Outra aposta da unidade hospitalar privada será a área da oncologia. “Estamos em vias de fazer um acordo mais vasto para tratamentos oncológicos, de quimioterapia, englobando o Hospital Terra Quente e os hospitais privados de Chaves e o de Bragança”, acrescentando.

A sociedade constituída terá participação no capital do Hospital Terra Quente, de investidores locais e da região, mas também de fora do distrito nomeadamente de Chaves.

Apesar da abertura de várias unidades hospitalares privadas na região nos últimos anos, Manuel Lemos acredita que ainda há mercado e afirma que o futuro Hospital de Bragança SA pretende ter oferta para toda a região transfronteiriça.

Deverão ser criados, até ao final do próximo ano, 40 a 50 postos de trabalho, mas a longo prazo poderão chegar a uma centena os empregos neste hospital privado em Bragança. O edifício do Antigo ISLA foi o local escolhido para construir esta unidade de saúde. 

Jornalista: Olga Telo Cordeiro

ULSN tem 15 vagas para reforçar quadro de pessoal médico

A Unidade Local de Saúde do Nordeste tem 15 vagas para médicos especialistas, sendo que as áreas em questão são Anestesiologia, Cirurgia Geral, Ginecologia/Obstetrícia, Imuno-hemoterapia, Medicina Física e de Reabilitação, Medicina Interna, Nefrologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Pediatria, Pneumologia, Psiquiatria, Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Radiologia e Urologia.

Estas são as especialidades com maior carência de pessoal médico, especialmente em zonas periféricas. Assim, estão abertas vagas para colmatar a escassez de profissionais da área, sendo que a ULSNE, em comunicado refere que se congratula com “a atribuição destas vagas para a contratação de especialistas na expetativa de que possa vir a reforçar o seu quadro de pessoal médico, tendo em vista a contínua melhoria dos cuidados de saúde de proximidade prestados à população, no âmbito daquela que é a sua missão.”

Escrito por ONDA LIVRE

O JUÍZO DO ANO

Não esqueço o Seringador no fluir dos dias, menos ainda no final de cada ano. O Seringador cirandava o ano inteiro entre a cozinha e a sala, além das facécias educadas, do quadro com os movimentos da lua, informações úteis num conspecto de sociedade rural, urbana e citadina, o frágil almanaque folheava-se rapidamente, no entanto, era lido vagarosamente e mastigado no gastar petróleo dos longos serões invernais. As candeias alumiavam os soturnos espaços, quando bruxuleavam, os ouvintes pediam explicações ao soletrador, mormente no comentário ao balanço do ano; o artigo de fundo, o dito Juízo do Ano. 
Enquanto li de fio a pavio o homem das seringadelas empenhava-me em na descoberta dos alçapões contendo subtilezas até políticas. Ao fixar-me no Ribatejo tomei contacto com o Borda d`Água similar nos intentos, porém sem o tempero gracioso do irmão nortenho. Pode parecer anacrónico trazer à liça um Almanaque marcado pelo tempo em época de vertiginosa volatilidade, quando se reveste da maior importância robustecer a memória do bom e do péssimo de maior saliência ocorridos nos anos passados dos quais a História regista em primeiro ligar e os feitos dos vencedores, dos vencidos pouco rezam as crónicas e cronicões. 
Por exemplo: o principal feito (na minha opinião) acontecido no Nordeste em matéria cultural foi a atribuição do galardão de Património Imaterial da Humanidade aos Caretos e Chocalheiros de Podence, no entanto, uma badalada e baldada anterior candidatura bem mais ambiciosa territorialmente e de conteúdos borregou (termo ribatejano) estrepitosamente. Os Caretos ganharam e ganharam bem. 
Porque nunca o invejoso medrou nem quem ao pé dele morou, já se anunciam novas candidaturas, a exemplo do crescimento de cogumelos em estação chuvosa, ou então das Confrarias gastronómicas do furgalho e das cascas de amêndoa, sem valimento para lá da festança de encher a pança. A pulsão da inveja ganhou rotundidade e continuará a ganhar trazendo no bornal denúncias, relatos escabrosos e afins. O juízo do ano da minha lavra, rótula de erro profundo a intenção de a delação ser premiada, a Senhora ministra, certamente, nunca leu um processo da Inquisição iniciado através de uma denúncia, se tivesse lido talvez tivesse evitado cair na tentação de premiar os bufos imitando a sinistra PIDE. A nossa prática de denunciantes do torto e do direito iniciou-se há séculos, judeus e cristãos-novos, republicanos e monárquicos opositores a Salazar, são reluzentes exemplos da danação da bufaria, documentos depositados na Torre do Tombo atestam a infâmia da denúncia premiada a todos os níveis, desde os lusitos, a Mocidade Portuguesa a gente de variadas proveniências e funções enodoaram seus semelhantes utilizando nefandas vilezas. 
De modo interesseiro mas justo, desejo a concretização de efectivas medidas de apoio à imprensa em geral e à regional em particular. Os jornais em papel desaparecem a olhos de visão curtíssima, escrevo em dois digitais porque os custos assim exigiram o fenecimento do papel, o panorama é um buraco negro, impera o efémero, o jornal em cima da mesa da casa de cada um praticamente desapareceu, urge consciencializarmos (a sério) do seu papel instrumental na formação cultural nas comunidades, por essa e as outras razões latentes todos quantos persistem na defesa da imprensa palpável merecem hossanas e louvores traduzidos nos anunciados apoios, só palavras não sustentam ninguém. 
O tema da regionalização reapareceu na agenda mercê das aspirações de políticos do Norte e de Trás-os-Montes soprados inviamente, enquanto Marcelo for fonte de poder pouca água tentará a sede de mando dos adeptos do inútil costuramento do território português, de qualquer modo todos quantos a rejeitam têm de continuar atentos e prontos a entrarem no combate esgrimindo argumentos a concederem ânimo e fortalecer a desconfiança dos eleitores acerca dos aspirantes a reis de bazófias num reino pobre, periférico e pequeno. 
O povo é quem mais ordena, ordenará melhor, imitando os homens bons de outrora se estiver correctamente informado relativamente às verdadeiras consequências da regionalização de maneira a conscienciosamente votar no referendo. A golpada concebida por Moreira e Medina abortou. Espero que seja sem efeitos retroactivos. 
Votos de novo Ano repleto de prosperidades.

Armando Fernandes

NA VASTIDÃO DAS PRIMAVERAS

Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")



Habitam anjos que roubam
A cor cinza do arco-Íris
Entram dentro de nós e…
Semeiam searas loiras e maduras
Para alimentar a dor da alma!
Na vastidão das primaveras´
Há olhos cor do céu,
Cor das ondas do mar
Que nos ensinam a viver
Que não nos deixam morrer
Que nos ensinam a amar!
Na vastidão das primaveras
Quebram-se tristezas nas esquinas´
Brotam flores nos cabelos
Beija-se maternalmente,
A noite e o dia
Porque a vida é bela
Porque tem que ser vivida!
Andorinhas de ninhos na boca
Rasam barcos e navios
Esvoaçam mares e céus
Dedilham, corpos e asas!
Caminhos percorridos em arcos de solidão!
Na vastidão das primaveras
Há riachos que saltam
há sorrisos, com jardins dentro,
onde nascem violetas,
Onde batem corações
Onde o sangue desagua
Nas veias da vida´
Moinhos de vento,
Lendas e ficções!
Sempre em movimento
Mesmo no solstício de inverno
Paira o mistério no ar
Há um ir e um ficar
Um ano velho que parte´
Um novo ano que vem
E a vida nunca pára
Na linha do tempo
Na carruagem da morte
No trilho da sorte
Num constante vaivém.

Maria da Conceição Marques, natural e residente em Bragança.
Desde cedo comecei a escrever, mas o lugar de esposa e mãe ocupou a minha vida.
Os meus manuscritos ao longo de muitos anos, foram-se perdendo no tempo, entre várias circunstâncias da vida e algumas mudanças de habitação.


Participei nas colectâneas:
POEMA-ME
POETAS DE HOJE
SONS DE POETAS
A LAGOA E A POESIA
A LAGOA O MAR E EU
PALAVRAS DE VELUDO
APENAS SAUDADE
UM GRITO À POBREZA
CONTAS-ME UMA HISTÓRIA
RETRATO DE MIM.
ECLÉTICA I
ECLÉTICA II
5 SENTIDOS
REUNIR ESCRITAS É POSSÍVEL – Projecto da Academia de Letras Infanto-Juvenil de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina
Livros editados:
-O ROSEIRAL DOS SENTIDOS
-SUSPIROS LUNARES
-DELÍRIOS DE UMA PAIXÃO
-ENTRE CÉU E O MAR
-UMA ETERNA MARGARIDA

“A MÁSCARA NÃO ME ABANDONOU MAIS OU EU NÃO CONSIGO ABANDONAR E SAIR DA MINHA PRÓPRIA MÁSCARA”

A pintora Balbina Mendes, natural de Malhadas, em Miranda do Douro, começou a expor há 30 anos, no Porto. Desde aí já levou o seu trabalho a vários pontos do globo como Espanha, Bélgica, Áustria, Estados Unidos da América, Austrália e Índia, em exposições individuais, tendo igualmente participado em inúmeras exposições colectivas.
Vive e trabalha em Vila Nova de Gaia, mas nunca esquece as origens, que inspiram os seus quadros.

Como vê a maneira como comentam e interpretam a sua obra?
É muito curioso porque muitas vezes os especialistas de arte, ou não, com os meros observadores também acontece, vêem aspectos na minha obra que eu própria ainda não tinha visto e isso é muito interessante. Por exemplo, se repararmos no grande painel desta exposição (O Rosto, Máscara Intemporal), ‘Ordem e Caos’, que é um painel alusivo aos Rituais de Inverno com Máscaras, mas em que os símbolos e os ícones que estão atrás de toda aquela mascarada, que se vê em primeiro plano e que se sobrepõe a esses ícones, traduz a simbologia que está inerente a estas práticas festivas do Nordeste Transmontano, como sejam os ritos que traduzem a fertilidade, a abundância da natureza, dos humanos, dos animais, a iniciação sexual, a abundância de géneros e a mudança de estação, de época, já que são festas cíclicas. Nesse painel, na minha intenção, todos os ícones que estão atrás da máscara, têm uma forte relação com os rituais. São muitas vezes as pessoas, o observador comum, que aponta leituras diferentes daquelas que eu faço. As apreciações feitas deixam-me, em alguns momentos, até algo constrangida. Porque é sempre algo complexo expormos a nossa obra à consideração do público. É como se nos desnudássemos um pouco, como se eu tirasse a minha própria máscara e me mostrasse tal qual sou, na minha forma artística e de me expressar perante o mundo: ‘Aqui estou eu. Aqui está a minha obra’. A minha obra traduz muito daquilo que sou e sinto, das minhas emoções e vivências. Não só no tempo, mas também as minhas vivências enquanto portadora deste património identitário, desta herança cultural que são os Rituais de Inverno com Máscaras.
Que sempre a inspiraram, esta não é a primeira exposição de trabalhos com máscaras…
Na minha obra as próprias máscaras têm vindo a sofrer metamorfoses, têm vindo a alterar-se. De tal maneira que estas máscaras que estão aqui plasmadas em plexiglass e que se sobrepõem a um rosto – que é um rosto de hoje, contemporâneo – foram apropriadas das máscaras que eu já pintei na própria série, só que são transformadas em outra imagem, mas são as mesmas máscaras, simplesmente transformadas, metamorfizadas.
Além das máscaras, há também a sobreposição de poemas. Porquê?
Os poemas que fui incluindo e incorporando na pintura, começaram por ser os poemas de Fernando Pessoa, porque ele é a máscara personificada, com os múltiplos heterónimos, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis. Há nestas pinturas poemas de vários dos heterónimos de Fernando Pessoa e comecei por incorporá-los e associá-los às máscaras das sociedades secretas e a todo o misticismo que essas sociedades transmitem a quem está de fora: ‘O que acontece?’, ‘O que está para lá da máscara?’, ‘Porquê a necessidade da máscara?’. Depois fui incorporando poemas e textos de outros autores, conforme o personagem a que se destinam, é uma maneira de intensificar e reforçar as características desse mesmo personagem.
O rosto e os retratos são um pouco mais recentes. Porque enveredou por esta categoria?
Sim, o meu percurso artístico já passou por várias fases, várias categorias. A paisagem teve um peso muito importante no início da minha pintura, desde paisagem campestre, marinha, rural e urbana. Isso não quer dizer que não gosto de pintar paisagem, ela é o lugar de todos nós e de todas as coisas. Possivelmente, hoje pintarei a paisagem de um modo diferente do que pintava há 25 ou 30 anos. Quando estava a pintar a série do Douro “Margem Douro: Nascente Foz”, em 50 pinturas, que retratam o Douro desde a nascente, nos picos de Urbión, até à foz, entre Gaia e Porto, fui pintando vários aspectos das características dos dois povos irmãos, nomeadamente a arquitetura tradicional, que era comum aos povos das duas margens do Douro, e algumas tradições em vias de extinção, como, por exemplo, os Rituais de Inverno com Máscaras. Foi aí que pintei a primeira máscara, que me deu o ensejo para continuar a pintar uma série de máscaras. Aí avancei para uma outra série completamente diferente da do Douro, que foi “Máscaras e Rituais do Douro e Trás-os- -Montes”, com 40 máscaras que apresentei aqui em Bragança há 10 anos. E a máscara não me abandonou mais, ou eu não consigo abandonar e sair da minha própria máscara, ou da máscara, em geral, da condição humana, que nos protege e defende.
Mas agora mostrando o rosto…
Exactamente, mostrando o rosto. Esta série é diferente por isso mesmo, é que há um rosto e uma máscara. Há essa duplicidade, em que o rosto interfere na máscara e a máscara, por sua vez, também interfere no rosto. Há uma dualidade, que consegui, depois de várias experimentações, através do plexiglass, o acrílico em que a máscara é impressa funciona bem, porque deixa o olhar do observador atingir o rosto, ver o rosto, ver o que está atrás, embora adulterado e metamorfoseado pela máscara, mas deixa-nos adivinhar o que está atrás da máscara.
Faz este ano 30 anos desde que expôs pela primeira vez. O que a motiva a continuar a pintar?
As pessoas, evidentemente, as pessoas de todos os tempos, a actualidade, o que há no mais fundo de nós, as heranças que trazemos e que, de alguma maneira, sentimos a necessidade de transmitir. Para já, ainda estou muito envolvida com este tema, ainda o não esgotei, talvez venha a acontecer, não sei se virei a desenvolver outras linguagens à volta deste tema, mas para já continuo na máscara e no rosto, no rosto e na máscara.


Jornalista: Olga Telo Cordeiro

O REI VEM NU

Ao contrário do que se tem dito, o governo não vai acabar com os chumbos no ensino básico. É impossível acabar com o que não existe, e como é bem sabido nesse grau de ensino já há muito que passar por atacado é uma prática corrente, chumbar um fenómeno residual. 
O que parece que se vai fazer é deixar de fingir. Se pensarmos que a avaliação de si, dos outros e do meio facilita a sobrevivência de todos os seres vivos e permeia toda a vida em sociedade, ela só pode ser encarada como um assunto sério. Mas não o é para nós, que estamos sob a batuta de ideias que há décadas operam tanto a partir de dentro como de fora e distorcem a realidade para a meter à força dentro delas. Do ponto de vista dessas ideias o sucesso não é algo que se deseje ou conquiste com mérito ou esforço, antes uma obrigação com que se nasce. E fiéis a esse princípio indiscutível, a nossa distorção tem consistido em registar em papeis números forjados e chamar-lhes sucesso, sabendo que grande parte dos alunos não o pode ou mesmo não o quer ter. 
É verdade que não faz muito sentido encerrá-los contra sua vontade das oito e meia da manhã às cinco da tarde durante nove anos e depois dizer-lhes que não fizeram as aprendizagens que deviam ter feito, até mesmo por grande parte deles não estar para aí virada. Também não é muito racional reprová-los a partir do momento em que se sabe que não aprendem mais por reprovar e repetir anos. Mas o ponto não é esse. O ponto reside numa coisa que vamos buscar à psicologia da aprendizagem chamada reforço, com a qual se deve contar quando se educa. O reforço é o sinal dado à criança de que o que ela faz está ou não de acordo o que queremos que aprenda. Se está, deve ser sancionada com uma recompensa. Se não, recebe uma penalização. Mesmo que penalizações e recompensas possam assumir diversas formas, o reforço é obrigatório quando tencionamos educar para valores, aquilo que implícita ou explicitamente se faz sempre. Mas como disse o nosso ensino público é gerido ideológica e não cientificamente, e visto como uma instituição de caridade cuja função é oferecer sucesso a todos. Como a realidade nunca poderia sustentar tal pretensão, temo-nos saído comodamente do enrascanço simulando que grande parte das crianças aprende o que não aprende e adquire valores que não adquire. E é assim que nele trabalho e cabulice, empenho e deixa-andar, bom e mau comportamento, civismo e desrespeito, contenção e violência são todos igualmente reforçados com recompensas. 
À primeira vista até pode parecer generoso, solidário, igualitário, mas uma avaliação divorciada do que as crianças de facto fazem incute-lhes crenças que estão em flagrante conflito com a realidade e deforma-as para toda a vida. É que este caldo de cultura é pouco propício a que se desenvolvam intelectualmente. Não precisam. Não sendo estúpidas, sabendo à partida que o que querem lhes vai ser oferecido mesmo que decidam dormir à sombra da bananeira, depressa constatam não haver motivos para grandes dores de cabeça. O sucesso está-lhes à partida assegurado, mas se de alguma forma isso não acontecer sentir-se-ão revoltadas e vítimas de quem, espezinhando os seus direitos, lho devia trazer à mão e não o faz. 
Porque o panorama piora em termos éticos, dada a dificuldade que nesse meio têm em adquirir a noção do seu valor, em estabelecer ligações entre aquilo que são e aquilo que acontece com elas e à volta delas, em saber o que é responsabilidade, encarada geralmente como coisa alheia. 
Acreditando que os atos não têm consequências, sem noção dos limites, o mundo é todo deles e tudo é permitido, inclusive mais tarde, talvez, espancar os jogadores do clube do coração porque se atrevem a não ganhar os jogos que deviam. Grave, como se pode imaginar, mas a gravidade é sempre relativa: passar sistematicamente de uns anos para os outros fazendo pouco ou nada por isso também as convence de que a viciação da verdade, principalmente por quem as anda a ensinar, é uma conduta normal e aceitável. 
O ensino básico chama-se assim porque o seu objetivo, reafirmado em centenas de textos, é formar a base da personalidade dos futuros adultos. E muito por intermédio desta avaliação tem-no feito, embora produzindo grandemente o contrário do que diz. Por isso seria mesmo mais honesto acabar de vez com ela, ementes não se arranja algo mais ajuizado para fazer.

Eduardo Pires

Não é uma, nem duas mas sim três distinções pela Restaurant Guru! Obrigado!

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A LUCIDEZ NECESSÁRIA PARA 2020

Quando passarem umas horas estaremos a assistir à sequência de foguetório que tem início na Nova Zelândia e se arrasta até ao Leste do Pacífico, sempre imagens empolgantes de luz, som e transes de uma alegria efémera. Se calhar, entre toneladas de estrelinhas, cascatas de luz e estouros que abanam os corpos, menos as almas, poderemos ter notícia de fogo a sério, daquele que faz correr rios de sangue e reduz a lixo orgânico milhares de seres humanos esfacelados à bomba, enquanto políticos do planeta se sucederão a formular anseios de futuros floridos e a protestar que há um lado melhor da humanidade, bastará encontrá-lo.

Desta vez, os que integramos as comunidades de influência cristã, tenderemos para fantasiar a propósito do seu quê de mágico que o número do ano sugere. 2020 é um número que nos fascina e inquieta, porque continuamos a viver aos ritmos da nossa curta capacidade de entendimento do universo. Apesar de todas as vaidades, não passamos de sete mil milhões de seres temerosos, mais determinados pelo instinto de sobrevivência a cada minuto do que pela contribuição para a construção da humanidade, o alfa e omega de todas as utopias.

Claro que há outros tantos, ou mais, que não celebram 2020, alguns já vão quase em cinco mil anos, outros ficam-se por cerca de mil e quatrocentos, embora não se furtem à propensão para a fantasia, tão néscia e egoísta como a que nos torna ridículos a nós.

Já era tempo de que, em vez de procurarmos o algodão fofo das fantasias na transição dos anos, nos dispuséssemos a convocar para as celebrações a lucidez que nos permitiria, em vez da festinha e da ressaca agoniante, a serenidade para promover a análise crítica do que tem sido a via dolorosa desta história, que tínhamos obrigação de conhecer, para não voltarmos ao labirinto das aparências, que nos fintam a racionalidade.

Perante o que podemos observar, não haverá razões para repetir discursos de esperança, sempre negada a cada dia. Talvez fosse tempo de reconhecer que a prosperidade material não é o único remédio para o mundo dos homens, que mais importante é a procura da solidariedade, da igualdade, da fraternidade, que são os garantes da liberdade, essência provável da condição humana.

Uma sabedoria difusa, que convive com a torrente da ignorância boçal, selvática e arrogante, diz-nos que de boas intenções está o inferno cheio. Não vale a pena continuar com pias intenções, proclamações angustiadas, quase choramingas, farsas à procura da absolvição, porque não será por aí que daremos contributos para que o futuro seja mais respirável.

A lucidez devia conduzir-nos a reconhecer corajosamente que é preciso mudar de rumo, em vez de caminharmos, num vale de lágrimas, para os abismos da barbárie, consumando destino miserável para uma aventura de milhões de anos.

Se assim não for, resta-nos encarneirar num rebanho desorientado, pelas veredas da indignidade, do instinto que partilhamos com os restantes animais, até à dissolução inglória na biosfera. Pode ser que algures no tempo cósmico, as moléculas que nos configuraram rebentem em flores num outro paraíso terreal.

Teófilo Vaz

TRADIÇÕES DE TRÁS-OS-MONTES ASSINALAM O INÍCIO DO INVERNO - PARA CONHECER NO MUSEU IBÉRICO DA MÁSCARA

O Museu Ibérico da Máscara e do Traje em Bragança é o palco de uma cultura única desta região de Trás-os-Montes com o riso e a critica social a vestirem-se de cor e a serem reveladas pelas máscaras.
Esta tradição foi distinguida pela Unesco através dos caretos de Podence e estende-se ainda à província espanhola de Zamora. Todas esta dinâmica está ilustrada no Museu.

Quando entramos no MUSEU Ibérico da Máscara e do Traje a primeira impressão é o imenso colorido e a riqueza da imaginação revelada pela meia centena de mascarados.
créditos: Andarilho
Os trajes, as máscaras e os materiais utilizados revelam muita criatividade e também uma cultura única que é vivida no Carnaval e em particular no solstício de Inverno que é assinalado durante 12 dias, a partir do dia 21 de Dezembro.
créditos: Andarilho
É um momento muito especial para estas comunidades. Há vários séculos que vivem com intensidade esta época e as vivências e tradições transmitidas de modo oral constituem um valioso património cultural. Segundo António Tiza, Presidente da Academia Europeia da Máscara, é a época do ano com mais festividades o que também é único em todas as regiões portuguesas.


Uma outra atividade do solstício de Inverno é a visita às casas. Os caretos são liderados pelos mordomos e vão bater à porta das habitações. Saúdam com alguma formalidade os donos e recebem ofertas que são depois colocadas em varas criadas para esse efeito.
créditos: Andarilho
O ritual é sempre com música e com a gaita de foles. É a “música sagrada”. No Museu Ibérico da Máscara e do Traje há algumas gaita de foles e muitos outros objetos. O edifício tem três pisos.
créditos: Andarilho
Há muitas e diversas máscaras e também instrumentos e fotografias de artesãos que as produzem recorrendo a materiais e a representações da mitologia local.
créditos: Andarilho
Além do distrito de Bragança e da província de Zamora, o Museu está a recolher objetos alusivos ao Carnaval em algumas partes da província de León.
créditos: Andarilho
O Museu está no centro histórico de Bragança, na Cidadela, muito próximo do castelo.

ANDARILHO

Izeda em sobressalto: botija de gás na fogueira de Natal e um carro roubado

Uma botija de gás foi colocada na fogueira de Natal, em Izeda, no concelho de Bragança, na última quinta-feira. Já ontem, foi encontrado um carro, submerso na ribeira que liga Serapicos e Calvelhe, que terá sido roubado na mesma vila.
Segundo o que se conseguiu apurar, estariam várias pessoas à volta da tradicional fogueira, que é acesa nesta quadra, mas a botija foi retirada em segurança pelos bombeiros da vila. Já ontem, foi encontrado um carro na ribeira, junto à ponte que liga as aldeias de Serapicos e Calvelhe, no concelho de Bragança. A viatura terá sido furtada de Izeda. O presidente da junta, Luís Filipe Fernandes, diz estar preocupado com os casos e alerta para uma intervenção mais rigorosa por parte das autoridades. “Estes dois casos levam-nos a ficar preocupados e inquitos porque são situações muito graves. Eu, como presidente de junta, manifesto que as autoridades competentes tomem providências e façam investigações com rigor e seriedade porque são situações em que não podemos apontar o dedo a ninguém mas se houvesse um bocadinho de empenho esses casos eram resolvidos rapidamente”.

O presidente da junta de freguesia de Izeda, Calvelhe e Paradinha Nova explica ainda que, além destes casos, têm acontecido alguns furtos na vila. “Temos tido pequenos furtos em casas privadas e a própria junta de freguesia já foi alvo de um. São pequenos furtos que têm acontecido e que nos têm preocupado porque não têm sido resolvidos. Tenho receio que possam acontecer situações mais graves ainda,. Não sei se é a mesma mão e se são ou não pessoas da vila mas deixa-me preocupado porque são cada vez mais frequentes”.

Óscar Esménio, comandante dos bombeiros voluntários de Izeda, confirma que a botija foi retirada com segurança e que o carro, que ontem foi encontrado, terá sido furtado também da vila e que não tinha ocupantes. “Fomos alertados para o facto de que a tradicional fogueira de Natal teria uma botija de gás e, de imediato, enviámos meios para o local. Estava a libertar gás e a arder”, contou sobre a botija. “Quanto ao carro foi ontem, por volta das 19h00m. A GNR encontrou o carro capotado e submerso e parece que foi roubado de Izeda”, acrescentou sobre a viatura encontrada.

Para já, ainda não foi possível obter esclarecimentos, por parte da GNR de Bragança, sobre nenhum dos casos.

Escrito por Brigantia
Foto: União de Freguesias de Izeda, Calvelhe e Paradinha Nova (Facebook)
Jornalista: Carina Alves

Homem desaparecido em Argozelo, Vimioso

Um homem, de 58 anos, está desaparecido, desde ontem à tarde, em Argozelo, no concelho de Vimioso.
Manuel Pereira, familiar do desaparecido, conta que o homem ainda terá sido visto ontem pela vila. “Foi visto, pela última vez, por volta das 16h00m, por um senhor de Argozelo. Ele come e dorme no lar mas durante o dia andava pelo povo”.

As buscas, que começaram ainda no dia de ontem, estão a decorrer neste momento.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

Ministério da Coesão Territorial aposta na cooperação transfronteiriça

A aposta do Governo, neste momento, “é clara”, naquilo que diz respeito à cooperação transfronteiriça, segundo deixou assente a secretária de Estado da Valorização do Interior, na sexta-feira, em Mogadouro, na XV edição dos Prémios VinDuero-VinDouro.
Isabel Ferreira avançou que existe um membro do Governo, dentro do ministério da Coesão Territorial, que será o “interlocutor” e responsável por acompanhar o presente da cooperação transfronteiriça e preparar o futuro. “A aposta do Governo é clara naquilo que é a cooperação, existe um membro do Governo, dentro do ministério da Coesão Territorial, que será o interlocutor e responsável por acompanhar o presente da cooperação transfronteiriça e preparar o futuro. Neste momento estamos já a trabalhar naquilo que é o próximo programa quadro comunitário para garantir que haja fundos para essa cooperação transfronteiriça”.

Os vinhos são oriundos de todas as denominações espanholas e portuguesas. Ao longo do fim-de-semana, Mogadouro abriu portas a uma Galeria de Prova, com perto de 300, dos 900 vinhos que estavam inicialmente inscritos. José Luís Pascual, presidente do Vinduero-Vindouro, fez um balanço positivo da iniciativa. “O balanço que podemos fazer, depois de 15 anos, é muito positivo para o concurso e para o território. É um apoio muito importante para os produtores de vinho. Pretendemos conseguir que a zona de fronteira seja um destino turístico”.

Evaristo Neves, coordenador territorial do AECT Duero-Douro e vice-presidente da câmara de Mogadouro, salientou que receber iniciativas como esta é o caminho para trazer gente ao território. “Para nós é um orgulho poder ter este evento em Mogadouro. É este o caminho”.

O concurso Vinduero-Vindouro, que pretende distinguir os melhores vinhos produzidos em Portugal e em Espanha, assume-se como o maior do género na Península Ibérica.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

Brigantinos encheram às lojas à última hora

As opiniões dos comerciantes brigantinos dividem-se no que diz respeito ao sucesso de vendas de artigos na época natalícia.
Fernando Afonso vende roupa e calçado e confessa que este ano vendeu mais artigos que no ano anterior. “Correu bem, vendi mais que no ano passado. Começam a comprar a partir do dia 20 mas o dia 23 e 24 é que são fortes”.

Regina Alves, funcionária de uma loja de roupa, conta que o número de vendas este ano foi inferior ao do ano anterior. “Foi um pouco menos movimentado do que se estava à espera. Comparado com o ano passado, este ano foi um pouco mais fraco. Senti que as pessoas compraram mais para si, algumas levaram para oferecer mas foram mais lembranças para não passar em branco”.

A maioria dos comerciantes estiveram abertos nos dias 23 e 24 e foi quando venderam mais artigos. Cacilda Domingues, funcionária de uma loja de decoração, conta que os brigantinos continuam a deixar as compras para o último dia e os espanhóis aproveitam os saldos. “Este ano deixaram tudo para a última por causa do tempo que não ajudou porque esteve sempre a chover. No dia 23 foi muito bom”.

Os comerciantes salientaram ainda que houve um grande fluxo de emigrantes nesta altura do ano, uma vez que vieram passar férias a Portugal e fizeram as compras em Bragança.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

Aprovado o orçamento de mais de 27 milhões de euros para o Município Macedense em 2020

A Assembleia Municipal de Macedo de Cavaleiros aprovou, esta sexta-feira, o orçamento para 2020, num valor que ascende os 27 milhões e 900 mil euros, mais seis milhões de euros comparativamento ao ano de 2019.
Benjamim Rodrigues, presidente da Câmara Municipal, refere que este documento assenta em alicerces virados para o desenvolvimento económico, acrescentando que as freguesias terão o maior investimento de sempre, num valor acima de um milhão de euros. Nas grandes opções do plano há várias obras pensadas:

“A requalificação da zona industrial num valor aproximado de um milhão de euros, a substituição das luminárias públicas que vai contribuir para uma redução de custos com a energia, num valor aproximado de 260 mil euros. Também a construção de um centro de proteção civil e meios aéreos num valor a rondar o meio milhão de euros. Quanto à cultura para todos, terá um valor de cerca de 236 mil euros. A requalificação da igreja Nossa Senhora da Purificação, em Podence, rondará o valor de meio milhão de euros, e a construção do Centro Náutico no Azibo deve rondar os 250 mil euros.”

Nuno Morais, do lado do PSD, deixa críticas relativamente ao que considera um “fraco apoio” dado ao setor agrícola:

“Em relação ao apoio que é dado à pecuária e à agricultura, é óbvio que é positivo o facto de haver aqui uma dotação de 20 mil euros. Quanto aos cinco mil euros para o tratamento do cancro do castanheiro, penso que embora seja uma ajuda para os agricultores, acaba por ser um subsídio muito bem pago ao IPB, e mais não digo.

Quanto à pecuária, há cerca de 421 produtores no concelho, peço que façam uma subvenção atual de 47€ por produtor este ano. Se acha que esta ajuda é suficiente, eu não acho.” 

Também do Partido Social Democrata, Nuno Madaleno interveio dizendo que nada relevante está a ser feito para resolver os problemas relacionados com as perdas de água:

“Já foi aqui mencionado que um dos “cancros” das finanças deste concelho tem a ver com o desperdício e o valor não faturado da água. Parece-me que aqui não há uma aposta a sério na resolução deste problema, porque não é com 2500€ para uma sonda de deteção de fugas que vamos resolver este problema. Aliás, tenho grandes dúvidas quanto a isso.”

Mas da bancada do Partido Socialista houve algumas surpresas. Acácio Espírito Santo votou contra este orçamento, alegando que neste documento não há qualquer estratégia de desenvolvimento económico:

“O que eu estranho é que, mais uma vez, o documento não plasme uma estratégia de desenvolvimento económico. Quando lemos um documento deste tipo, eu fico com a sensação de déjà vu porque a grande maioria das rubricas, pelo menos as que constrangem o orçamento, já vêm de trás. Quero dizer que, a título de exemplo, em tão pouco dinheiro gastarmos 100 mil euros numa agenda cultural que se mantém quase igual há 20 anos, parece-me demais. Em que é que isto diferencia o território? Depois, se virmos as prioridades de investimento, temos a reabilitação energética dos Paços do Concelho que são uns 10 mil euros, requalificação do Centro Hípico uns 83 mil euros, reabilitação da Estação Ferroviária, que a mim não me parece prioritário, são 23 mil euros, mais o Largo da Estação, que também não me parece ser urgente, são mais 52 mil euros. Entre muitas outras coisas. Por isso, na ausência de uma estratégia clara de desenvolvimento da nossa economia, mesmo reconhecendo a importância de um conjunto significativo de obras inseridas no PEDU, eu entendo que não há estratégias que revelem a priorização inerente a um orçamento sempre escasso, por isso o meu voto para este plano e orçamento, é contra.” 

O orçamento para 2020 foi aprovado por maioria com 13 votos contra e 14 abstenções.

Escrito por ONDA LIVRE