sábado, 31 de outubro de 2020

Vinhais reclama taxa mínima de IVA para produtos certificados como o fumeiro

 A câmara de Vinhais apresentou ao Governo uma proposta de redução do IVA para a taxa mínima de 6% dos produtos certificados, como o fumeiro deste concelho do distrito de Bragança, divulgou hoje a autarquia.
A proposta a pedir a alteração da taxa do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) foi enviada, segundo divulgou o município transmontano, ao presidente da República e membros do Governo, assim como aos autarcas e entidades regionais.

O município pede a alteração do IVA dos produtos transformados à base de carne da atual taxa de 23% para 13% e dos produtos certificados com Denominação de Origem Protegida (DOP) e Indicação Geográfica Protegida (IGP) para 6%.

A proposta é fundamentada com a necessidade de promover “maior dinamismo e criação de emprego num setor com forte relevância na economia do concelho de Vinhais e em muitos outros territórios de baixa densidade”.

O objetivo descrito para a redução das taxas de IVA é o de “criar um estímulo de diferenciação positiva em relação a estes produtos, como acontece já em diversos países europeus”.

A Câmara de Vinhais defende que “a qualidade da carne que se produz nas explorações agrícolas do Nordeste Transmontano é generalizadamente aceite como sendo das melhores do país” e “funciona como importante suporte da oferta gastronómica” da região, “cuja procura tem vindo a crescer por parte de um número cada vez mais significativo de turistas internos e externos”.

A autarquia aponta a realidade do próprio concelho que tem nos produtos à base do porco Bísaro, uma raça autóctone também ela protegida, sete produtos tradicionais reconhecidos com IGP, nomeadamente o salpicão, a chouriça de carne, a alheira, o butelo, a chouriça doce e o chouriço azedo e o presunto.

Esta certificação, salienta a autarquia, “comprova a reputação, genuinidade e o modo de produção específico destes enchidos”.

O município de Vinhais defende que “é imperioso fomentar o desenvolvimento e a coesão territorial com políticas direcionadas para a reversão do círculo vicioso das baixas densidades, através da criação de riqueza e de emprego baseados no aproveitamento, criação e fixação de valor a partir dos recursos endógenos, das competências e das capacidades territoriais”.

A autarquia entende ainda que “a estratégia de desenvolvimento sustentável e melhoria da competitividade dos territórios de baixa densidade passará, inevitavelmente, pela viabilização de projetos e de investimentos ligados ao setor primário, geradores do dinamismo necessário para manter níveis mínimos de ocupação do território”.

Vinhais lembra ainda que “dois terços do território nacional, com maior incidência nos municípios do interior do país, também designados como territórios de baixa densidade, estão ameaçados de despovoamento devido ao abandono de terras e de atividades conexas”.

Município de Macedo adquiriu dois novos autocarros para transporte escolar

 O município de Macedo de Cavaleiros adquiriu dois novos autocarros, que vão ter como principal função o transporte escolar.
O vereador, Rui Vilarinho, explica que a frota atual necessita ser renovada para continuar a garantir a segurança dos passageiros:

“Adquirimos estas duas viaturas porque temos autocarros já com uma idade superior à permitida para poder circular com jovens com menos de 16 anos, mas também porque a nossa frota automóvel está muito desgastada. Só não compramos mais porque a nossa capacidade financeira não o permite.

Quanto mais segurança os nossos alunos e as pessoas que circulam nos nossos autocarros tiverem, maior conforto teremos nós também.

Um dos autocarros já chegou, mas ainda não pode circular porque faltam algumas licenças. A seguir virá o outro e, eventualmente no próximo ano, se pudermos, iremos comprar mais um para renovar a frota de autocarros, pois queremos dar continuidade a um serviço de segurança.”

Este ano, a pandemia tem obrigado a que o transporte escolar seja feito com mais viagens por dia:

“É uma situação que causa bastante constrangimento pois é necessário fazer mais viagens, e as duas viaturas que adquirimos vão ajudar nesse processo. Alguns dos autocarros que temos já não podem circular, portanto, tem sido feito um esforço enorme, com muito profissionalismo por parte dos funcionários da câmara, dos condutores e de todos aqueles que orientam o serviço, para conseguir garantir a segurança, o distanciamento e fazer com que os alunos cheguem atempadamente à aulas. A segurança está sempre salvaguardada. “

As viaturas estão decoradas com imagens dos Caretos de Podence e da Albufeira do Azibo:

“Queremos levar a todo o país aquilo que temos de melhor e esta é uma forma de o publicitar gratuitamente. Fizemos essa decoração no autocarro que já chegou e iremos fazer no outro também.

Assim a nossa imagem circulará pelo país e não só, com dois dos símbolos mais pertinentes do nosso concelho, nomeadamente o Azibo e os Caretos de Podence.”

Uma das viaturas tem capacidade para 31 pessoas e a outra para 19. No total, as duas custaram perto de 200 mil euros, suportados totalmente pela autarquia.

Fotos: Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros
Escrito por ONDA LIVRE

Câmara de Macedo de Cavaleiros contesta exclusão do eixo Rodoviário Transfronteiriço

 O texto aprovado na última reunião de câmara será ainda levado à votação na Assembleia Municipal.
A Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros aprovou uma moção de contestação e repúdio à não inclusão das ligações transfronteiriças de Macedo–Vinhais a A Gudiña (Espanha), via Vinhais, no Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030. A moção, assinada em conjunto com a autarquia de Vinhais, lamenta uma decisão que prejudica o desenvolvimento económico da região transmontana.

“O PNI 2030 deveria ser um programa de aproximação do Interior ao Litoral e ligação à Europa, neste caso concreto a ligação à região Autónoma da Galiza, preponderante motor económico do noroeste Peninsular e no desenvolvimento da região transmontana, contribuindo assim para a diminuição das assimetrias entre regiões. Assim as regiões de baixa densidade ficariam munidas de um apoio ao desenvolvimento das regiões de baixa densidade, constituindo-se um instrumento fulcral para planear o próximo ciclo de investimentos estratégicos e estruturantes”, frisa o presidente da Câmara de Macedo de Cavaleiros.

Incompreensivelmente, sublinha o texto da moção, o programa assume-se como um “programa de investimentos para a litoralização do país, focando-se nas áreas metropolitanas, violando assim grotescamente o princípio de coesão territorial e hipotecando a sua sustentabilidade”. “É lamentável que obras estruturais, como a ligação Macedo-Vinhais-A Gudiña não tenha sido contemplada no PNI 2030, sendo estas obras estratégicas para o desenvolvimento do Interior do País”, acrescenta o documento.

Benjamim Rodrigues garante que, “com a exclusão desta ligação do PNI 2030, está-se a condenar o desenvolvimento económico e social não só nos concelhos de Macedo e Vinhais, mas em todo o Nordeste Transmontano”. “Esta era uma via fundamental para acelerar a ligação a Espanha, através da ligação à Autovía das Rias Baixas e à Plataforma Logística estação do AVE em Portas da Galiza, e um excelente cartão de visita dos concelhos da região para ajudar à fixação de mais e maiores investimentos empresariais no nosso território. A exemplo de propostas de intenção de investimento concretas, já apresentadas por empresários da Galiza.”

O texto aprovado na última reunião de câmara será ainda levado à votação na Assembleia Municipal. “Estou convicto que os senhores deputados municipais vão aprovar o texto dado que é o desenvolvimento económico e a sustentabilidade demográfica que são postos em causa”, admite o autarca macedense. Depois desta aprovação, a moção será enviada ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, aos ministros da Economia, Planeamento e das Infraestruturas e à ministra da Coesão Territorial.

Autarquia de Mirandela instala Desfibrilhadores Automáticos Externos em instalações desportivas

 Instalações desportivas do Pavilhão Gimnodesportivo do Inatel e do Campo Desportivo da Reginorde passam a estar equipadas com Desfibrilhadores Automáticos Externos.
A Autarquia de Mirandela instalou Desfibrilhadores Automáticos Externos em instalações desportivas do município. Os Desfibrilhadores Automáticos Externos (DAEs) são dispositivos eletrónicos portáteis que, em situações de paragem cardiorrespiratória, analisam o ritmo cardíaco e nas situações indicadas aplicam um choque elétrico com o intuito de se retomar um ciclo cardíaco normal e assim evitar a morte da vítima.

“Tendo em conta que o Pavilhão Gimnodesportivo do Inatel e o Campo Desportivo da Reginorde são equipamentos desportivos vocacionados para o desenvolvimento de atividades nas áreas recreativa, formativa e de competição, pretende-se assegurar que estas importantes infraestruturas no desenvolvimento desportivo atual façam parte da rede de DAE, após a implementação de um primeiro dipositivo na Piscina Municipal de Mirandela“, anubnciou o município em Nota de Imprensa.

O Município de Mirandela passa assim a contar com a implementação de um Programa DAE alargado a três infraestruturas e com um aumento de 6 para 24 operacionais formados para operar este sistema.

“A paragem cardiorrespiratória de origem cardíaca é a principal causa de mortalidade nos países desenvolvidos. Em Portugal estima-se que ocorram 10.000 casos todos os anos acontecendo quase sempre de forma súbita, inesperada e fora do meio hospitalar. Na grande maioria dos casos o único tratamento eficaz é a desfibrilhação elétrica (choque) e o factor mais importante para o sucesso da intervenção é o tempo que decorre entre o colapso da vítima e o início de manobras de Suporte Básico de Vida e a utilização de um desfibrilhador. Estudos demonstram que em Portugal a taxa de sobrevivência de uma vítima de paragem cardiorrespiratória presenciada é inferior a 3%. Este valor compara com uma taxa de sobrevivência de 74% em locais com Programas DAE“, salienta-se na mesma Nota de Imprensa.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Homem ferido em atropelamento na Avenida Pavillon-sous-Bois

 Um homem, com 79 anos, ficou ferido na sequência de um atropelado esta sexta-feira numa passadeira na Avenida Pavillion-sous-Bois, em Bragança.
O segundo comandante dos Bombeiros Voluntários, Carlos Martins, indicou que "à primeira avaliação tudo indicava que a vítima sofreu ferimentos considerados ligeiros, mas foi transportada para o hospital".

O socorro foi accionado às 15h34 e para o local foram enviados 11 operacionais apoiados por quatro viaturas dos Bombeiros, INEM e PSP.

Nesta avenida já por diversas vezes ocorreram atropelamentos, alguns deles com vítimas mortais.

Glória Lopes

VALORIZAÇÃO PATRIMONIAL E CULTURAL DO SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DA SAÚDE EM MOGO DE MALTA

 Valorização Patrimonial e Cultural do Santuário Nossa Senhora da Saúde em Mogo de Malta
Estão a decorrer as obras na envolvente ao Santuário de Nossa Senhora da Saúde em Mogo de Malta.

Estas obras têm como objetivo requalificar e valorizar este espaço, com a intenção de lhe dar a função de património turístico do concelho e utilização deste, de modo a estabelecer um equilíbrio entre a paisagem e o local de utilização humana, potenciando a sua valorização nas componentes paisagística, ambiental, turística e social.

Este lugar está inserido na Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica reconhecida pela UNESCO tornando assim este local único e com grande potencial turístico. O espaço a intervencionar localiza-se em um dos pontos mais altos do Planalto de Carrazeda de Ansiães, com forte tradição histórica no domínio social e religioso, pois realizam-se aqui as festas da Sra. da Saúde que além da componente religiosa se disfruta do espaço para as merendas tradicionais associadas aos eventos.

COMO SOMOS AVALIADOS

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Que cada um, vale o que valer seu lugar, na coletividade, é verdade incontestável.
Não só o lugar ou cargo, que ocupa, mas, também: o local onde nasce; a família, que pertence; o sobrenome, que possui; a escola, que frequentou: o grau académico, que obteve; o dinheiro que tem; e até o título de nobreza que herdou conta, definitivamente, como somos avaliados, pelo vulgo e pela elite.
Recordo ter lido - há muitos anos, - que senhora, era recebida principescamente, onde se hospedava, porque ao registá-la, o pai deu-lhe o nome de: Princesa…
Conhecido clássico da nossa literatura, cujo o nome se varreu completamente da memória, escreveu: - O zero vale consoante o lugar que ocupa: à direita ou à esquerda do cifrão. - Cito de cor, mas o sentido é esse.
D. Francisco Manuel de Melo, em: “Relógios Falantes”, narra o dialogo travado ente o Relógio do Paço e o Relógio das Chagas.
O do Paço, era considerado. Todos se guiavam por ele.
O das Chagas, passava por mentiroso…
Um dia, ambos se encontraram no relojoeiro. Ao devolve-los, trocaram-nos.
O Relógio do Paço, passou a ser por todos, mentiroso; o das Chagas, que era ordinário e de mau fabrico, passou a ser: “tão benquisto de verdadeiro”. O Relógio do Paço, por sua vez: “Subindo ao seu campanário ficou tão aceite, como sendo Relógio das Chagas, era murmurado”.
Assim acontece com os homens: avaliados consoante o lugar que ocupam, na sociedade…e até, pelo partido, que militam. Sabe Deus com que convicção…
Competência, mérito, sapiência… em regra, para nada serve, se não houver “pistolão” amigo… como dizem os brasileiros, e outras coisas mais… como dizia Cruz Malpique…

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Já… quase poema… ou da utopia

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Lágrima tantas... olhos de rio e chora e chora cada vez mais. Gastou os olhos e ficou a saudade de casa... dos filhos ausentes.
- Socorro… chamem o meu filho!
- Tenha juízo mulher que já tem idade!
A janela fechou-se… ficaram só os gritos a assombrar a cidade… Ninguém sabe que está presa num imenso armário… e está doente… e vai morrer… e ninguém sabe…
… não morra amiga… eu sei… os anos já lhe pesam… mas não morra… precisamos tanto de si… das suas memórias da vida e da cidade… do seu sorriso… e o castelo é tão bonito… e regressamos a casa ao entardecer…depois de lavar a roupa num remanso do Sabor… e os cabelos são longos feitos de vento e noite escura…
Sorri... mas de novo ficaram só os olhos... e nós continuamos, para todo o sempre, a repetir até ao infinito que os corpos caem na razão direta do quadrado dos tempos...mas as tulipas e as dálias nascem porque sim...e a beleza é somente beleza porque sim... não chore os seus filhos gostam tanto de si... e têm saudades... tantas…
...não chore... digo de longe… ofereço só as palavras…falta o coração e anoitece e apagam-se as luzes... todas...
…talvez amanhã seja um novo dia e talvez nasçam sorrisos… beijos e abraços… com a madrugada…
… três cegonhas brancas cruzam os céus de Bragança… três romãs… três colunas… três meninas… penteavam seus cabelos… com pentes de ouro fino.

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

Exemplar “raro” de abutre preto devolvido à liberdade no Douro Internacional

 O Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) devolveu hoje ao Parque Natural do Douro Internacional um exemplar "raro" de abutre negro e dois grifos, tratados por especialistas em aves necrófagas por se encontrarem desnutridos e fracos.
"Este é um dia importante para ICNF, ao devolver à liberdade um raro exemplar de abutre-preto ao seu habitat natural, neste caso ao Parque Natural do Douro Internacional, onde existe uma pequena colónia destas aves necrófagas composta por dois casais. Foram, também restituídos à natureza dois grifos", disse à Lusa a diretora Regional do Norte do ICNF, Sandra Sarmento.

As aves foram devolvidas ao seu ecossistema no miradouro do Carrascalinho, concelho de Freixo de Espada à Cinta, distrito de Bragança.

O abutre-preto foi recolhido em Fafe (distrito de Braga) pela GNR, provavelmente por se ter "perdido" e ter estado vários dias sem encontrar alimento, sendo transportado e acolhido pelo ICNF no Centro de Recuperação de Fauna Selvagem no Gerês.


A ave esteve em recuperação durante cerca de um mês e meio, com o acompanhamento pelo Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e o Centro de Interpretação Ambiental e de Recuperação Animal (CIARA), no concelho de Torre de Moncorvo.

Já o grifo foi apanhado em Mogadouro, seguindo os mesmos passos de recuperação.


Segundo a responsável regional do ICNF, em Portugal o abutre-preto conta com uma população de cerca de 35 casais com uma colónia a sul próxima de Barrancos, outra no Parque Natural do Tejo Internacional e, mais a Norte, a pequena colónia do Parque Natural do Douro Internacional.

A responsável do ICNF disse que há um trabalho de acompanhamento de aves rupícolas através do programa ‘Life Rupis', um projeto teve início em julho de 2015 com uma duração de quatro anos.

Esta iniciativa ibérica teve um financiamento de 3,5 milhões de euros, comparticipado a 75% pelo programa LIFE da União Europeia, cabendo os restantes 25% aos nove parceiros envolvidos.


"Nesse contexto positivo de recuperação da espécie, ainda que lenta e vulnerável, pretende-se sempre que possível contribuir com a libertação de mais exemplares com a esperança que se possam instalar e juntar à pequena população existente", indicou.

Com a presente libertação desta ave juvenil, o ICNF pretende contribuir para a conservação desta espécie devolvendo-a à liberdade num dos locais melhor preservados do Parque Natural do Douro Internacional próximo da colónia já existente.

O ‘Life Rupis' está a terminar em território português e espanhol, mais concretamente na Zona de Proteção Especial (ZPE) do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda, e na área protegida de Arribes del Duero.

Em Portugal existem três tipos de abutre, o grifo, o abutre-do-egito, ou britango, e o abutre-preto, sendo que as duas últimas espécies são as mais ameaçadas e acompanhadas pelo ‘Life Rupis’.

Segundo os estudos realizados por vários organismos ligados à avifauna ibérica, os abutres-pretos extinguiu-se como nidificante em Portugal no início da década de 70 do século XX.

As principais ameaças à sua conservação são a mortalidade por envenenamento ou por colisão ou eletrocussão, o abate ilegal, a redução da disponibilidade de alimento, a degradação do habitat de alimentação e nidificação e a perturbação humana.

O abutre-preto é a maior rapina da Europa, podendo ter uma envergadura de asa de quase três metros.

O habitat preferencial do abutre-preto são regiões remotas de difícil acesso e pouco humanizadas.

Esta ave, tal como os grifos, é quase exclusivamente necrófaga, pois alimenta-se principalmente de carcaças de médio e grande porte.

Texto: FYP // ACG Lusa
Fotos: Tiago Sapage

11 artistas transmontanos criam projecto TOMGVNG e vão lançar álbum de Hip Hop

 Um grupo de artistas transmontanos, cantores, dançarinos, djs, grafiters, e produtores uniram-se e querem mostrar que é possível fazer boas produções de Hip Hop em Trás-os-Montes.
O projecto nasceu há cerca de um mês e o objectivo é criar um álbum, explica MK Nocivo, mentor do projecto.

“A ideia é criar um álbum só nosso e desta forma fazemos a criação, promoção e a nossa própria divulgação. Se repararmos, no que toca à nossa região, sobretudo no Hip Hop, é completamente ignorada”, afirmou.

O cantor brigantino conta ainda que querem ir mais longe e criar um festival que promova o projecto TOMGVNG:

Sandra Batista também quis fazer parte do projecto. É de Macedo de Cavaleiros e dança desde os 3 anos. Tem uma escola de dança e conta que quando era jovem não era possível ter acesso a formação de Hip Hop na região. Agora quer mostrar que aqui isso é possível.

“Queremos trazer para a nossa zona aquilo que nós não tínhamos na nossa época. Tendo um projecto na nossa zona, que apoie os nossos e que dê visibilidade tanto ao Hip Hop, como à cultura, como a todos nós que trabalhamos neste meio é uma mais-valia”, referiu.

Já Kontakt tem 19 anos e dedica-se à produção de instrumentais. É dos membros mais novos deste colectivo mas ainda assim tem a mesma opinião que os mais velhos: a região foi esquecida culturalmente.

“Não se vêm investimentos das autarquias em projectos desta cultura”, salientou o jovem.

TOMGVNG reúne 11 artistas de Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vila Real de diversas áreas do Hip Hop. O objectivo é dar a conhecer o seu trabalho ao país.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

Macedo e Vinhais vão apresentar moção ao Governo contra a não inclusão da ligação à Gudiña no PNI 2030

 Os municípios de Macedo de Cavaleiros e Vinhais vão apresentar ao Governo uma moção conjunta contra a não inclusão da ligação Macedo-Vinhais-Godiña (Espanha), através do IP2, no Plano Nacional de Investimentos 2030 (PNI 2030).
A estrada fazia parte do plano da CIM Terras de Trás-os-Montes e o autarca de Macedo de Cavaleiros, Benjamim Rodrigues, não entende o porquê de não ter sido incluída, dada a importância económica para a região:

“Não entendo o porquê, talvez seja devido ao elevado investimento que tem de ser feito. 

Era um projeto estruturante para o território, seria um motor de desenvolvimento económico e, neste momento, só se estão a privilegiar ligações a Castilha e León, quando temos uma relação muito próxima e importante, em termos económicos, com a região da Galiza.

Neste momento até o Eixo Atlântico, que envolve mais de 70 municípios de ambos os lados da fronteira, está contra este tipo de atitude que privilegia apenas um corredor, defendendo eles uma solução que passe pela Galiza. “

A moção é também assinada por outros municípios do lado português e galego.

Benjamim Rodrigues espera que a ligação transfronteiriça volte a ser incluída no plano até ao final do ano:

“Está em curso também um processo de apoio a esta solução que é encabeçado pela Xunta de Galicia e pela Diputación de Ourense. Portanto, é muito mais vasto do que se pode pensar pois não são apenas dois municípios do nordeste que o estão a fazer.

Queremos fazer seguir a moção dando conhecimento ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro, à Ministra da Coesão Territorial e ao Ministro das Infraestruturas.

Os ministros estão por dentro das nossas reivindicações e espero que até o final do ano possa haver uma reinclusão desta ligação transfronteiriça.”

Do lado do autarca de Vinhais, Luís Fernandes, não há dúvidas que a não inclusão da ligação rodoviária no plano traz prejuízos não só para a região, como para o país:

“Entendemos que tem prejuízos enormes para os dois concelhos, mas mais do que isso tem prejuízos para a própria região e para o país, porque o facto de não termos aqui uma ligação rodoviária em boas condições até à Galiza, não vai permitir que, quer a nível da mobilidade das pessoas mas sobretudo das mercadorias, haja aqui a valência da Estação do AVE que vai surgir na Godiña, a cerca de 20 minutos de Vinhais.

Vamos perder uma oportunidade muito grande, até porque estamos a falar de uma região da Galiza muito importante em termos económicos. É um erro deixar esta ligação de fora.

Em causa não está o facto de se fazerem outras ligações, mas esta é vital e importante.

Luís Fernandes garante que vão continuar a lutar pela ligação que considera ser uma “questão de justiça”:

“A esperança é a última a morrer e do nosso lado temos uma questão de justiça, necessidade e importância desta ligação. Enquanto autarcas cabe-nos o dever e a função de continuar a lutar por ela e ver se é possível integrá-la nesse plano, até porque não se trata só de uma reivindicação, mas sim de necessidade e de uma valência enorme que isso seria para a região.”

Esta já não é a primeira moção apresentada, embora de forma individual, por ambos os municípios a reivindicar esta ligação, que partiria de Macedo de Cavaleiros até Moimenta, em Vinhais, ligando depois à Godiña, já na Galiza, onde vai surgir uma estação da Alta Velocidade Espanhola (AVE).

Escrito por ONDA LIVRE

Fornecedores de produtos alimentares, bebidas e higiene queixam-se de quebras de venda na ordem dos 40%

 Com a pandemia, o sector da hotelaria, restauração e cafés tem vindo a sofrer quebras e com eles estão quem os abastece.
Na região transmontana, os fornecedores queixam-se de quebras de venda na ordem dos 40%. Cláudio Trovisco é gestor de uma empresa que fornece café e bebidas, no distrito de Bragança e Vila Real, e diz estar preocupado com as consequências da segunda vaga. O fornecedor afirma que muitos dos seus clientes poderão não conseguir aguentar o negócio até ao Natal.

“Não existem empresas de distribuição como a minha se não existir comércio e aquilo que está acontecer é a completa destruição do comércio na nossa região, porque eu tenho muitas duvidas que a totalidade dos meus clientes consiga passar o Natal. Eu vejo clientes com 20/30 anos de porta aberta a meter no negócio aquilo que juntaram nestes 20/30 anos”, afirmou Cláudio Trovisco.

Cláudio Trovisco teme que não haja apoios do Governo, como aconteceu na primeira vaga da pandemia e admite ainda que tem tido dificuldade em receber dos clientes, devido aos baixos níveis de consumo da população.

Fernando Lhano também é fornecedor, na região de Trás-os-Montes, de produtos de higiene e limpeza. Apesar de as vendas no ramo da hotelaria terem caído, no ramo social aumentaram, contudo não compensam as quebras.

Embora seja flexível quanto ao pagamento dos clientes, Fernando Lhano admite que por vezes não é fácil gerir, visto que há também uma pressão por parte dos seus abastecedores.

“Tentamos sempre ser flexíveis aos nossos clientes, no entanto nem sempre é fácil. Como há uma grande procura do mercado, os nossos fornecedores querem logo o pagamento a pronto ou até antecipado e isso também é complicado para nós. Não recebendo dos nossos clientes é difícil depois cumprir com os fornecedores”, referiu Fernando Lhano.

Rui Rolo é outro fornecedor de produtos alimentares, bebidas e tabaco. Apesar de não querer prestar declarações gravadas disse ter sofrido quebras na ordem dos 30% no verão. Estima ainda que, nos meses de Novembro e Dezembro, a situação piore e as vendas diminuam para metade. Declarações de fornecedores transmontanos que dizem estar a passar por dificuldades devido à pandemia.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

“Comprem local porque nós também queremos ter Natal!”

  “Acredita, tu podes fazer a diferença” e travar a “falência” económica da tua terra


Antevendo tempos de dificuldade e quebras na procura do comércio e serviços em geral, a Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança (ACISB) pretende lançar mais uma campanha de sensibilização dos consumidores para que, preferencialmente, comprem no comércio e serviços locais, sempre que possível produtos locais, e, simultaneamente, para que confiem nas condições de segurança que os comerciantes e empresários da nossa cidade implementaram e voltem a frequentar os estabelecimentos, sem com isso quebrar as regras e orientações impostas pelos organismos competentes, nomeadamente no setor da Saúde.

A incertezas do momento criam uma instabilidade, só por si nociva, para os negócios, o medo, muitas vezes resultante da desinformação, está a contrair o consumo e há já negócios a enfrentar grandes dificuldades de sobrevivência.

O Natal, para além de ser um período em que aumenta o consumo, é essencialmente um tempo de solidariedade e partilha. A ACISB pretende que a comunidade em geral “antecipe” esse espírito e perceba que, a par das ameaças na saúde pública, se está a disseminar uma ameaça, muitas vezes silenciosa, de falência, despedimentos e encerramento de muitos estabelecimentos comerciais.

O panorama não sendo animador pode ser alterado, ou pelo menos as consequências económicas e sociais amenizadas, se a comunidade em geral mudar de atitude e defender a sua terra, a sua cidade, a saúde financeira do comércio local.

Com mais esta campanha a ACISB quer dizer aos comerciantes que não vai baixar os braços e que vai continuar a trabalhar em prol de todo o comércio, indústria e serviços, e, fundamentalmente quer dizer, em voz alta, aos cidadãos que este apelo, esta luta, deve envolver todos, cada cidadão pode ajudar e pode influenciar a sobrevivência do comércio se as suas escolhas forem feitas em consciência e com responsabilidade.

“Os cidadãos são livres nas suas escolhas, não queremos impor nada a ninguém, mas por vivermos em sociedade que ninguém se demita da sua responsabilidade de dar um pouco de si em prol do bem comum, a sobrevivência do comércio é uma causa comum, a cidade e o concelho não sobrevivem apenas com os serviços públicos”, argumenta a presidente da ACISB, Maria João Rodrigues.

“Mesmo os setores que até tiveram um crescimento na procura com a pandemia, como os bens de primeira necessidade, também esses vão sofrer se começar a faltar o dinheiro para comer, não estamos a ser dramáticos estamos a ser realistas”, sublinha.

Para além dos argumentos de carácter económico, a ACISB insiste na confiança que merecem os estabelecimentos locais, “que cumprem as regras e as orientações com rigor”, que garantidamente oferecem mais qualidade e credibilidade.

Seguindo a onda do “Acredita”, desta vez a ACISB acrescenta: “tu podes fazer a diferença”.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Diocese e autoridades locais de Mirandela decidem não haver celebrações religiosas no cemitério

 O Centro de Coordenação Operacional Municipal, reuniu, ontem à noite, e emitiu, esta quinta-feira, um edital onde refere as normas que estão previstas para os próximos dias, entre as quais, está a proibição de celebrações religiosas no interior dos cemitérios.
Recorde-se que, a partir de amanhã e até à próxima terça-feira, dia 3 de novembro, há restrições no acesso aos cemitérios. O Município de Mirandela já tinha aprovado um conjunto de medidas preventivas para a abertura controlada dos dois cemitérios municipais (na cidade).

Assim, o horário de funcionamento é das 08,00 horas ao meio-dia e no período da tarde das 14,00 horas às 17. Há um limite máximo do número de pessoas em simultâneo que será de 100 pessoas no cemitério de Mirandela (Velho) e 150 pessoas no cemitério de Golfeiras. Está também limitado a 15 minutos o tempo de permanência de cada pessoa no interior dos cemitérios. É obrigatória a desinfeção das mãos, o uso de máscara e o cumprimento do distanciamento físico de, pelo menos, 2 metros entre pessoas.

Como a gestão dos cemitérios das aldeias e da vila do concelho, é da competência das Juntas e Uniões de Freguesias, foi recomendada a aplicação e adoção das mesmas medidas, adaptadas a cada realidade.

Estava definido que não haveria celebrações religiosas no interior dos dois cemitérios da cidade, mas agora essa proibição estende-se a todo o concelho.

Esta decisão já provocou uma reação do presidente da junta de freguesia de Cedães. António Martins, avança na página da rede social do Facebook da junta de freguesia, que “face a esta situação e após contacto com os párocos locais ficam sem efeito as missas nos cemitérios conforme estava atempadamente divulgado e preparado. Lamentamos que uma decisão destas não seja tomada atempadamente e com um consenso alargado entre todas as entidades e autarquias locais responsáveis pela gestão dos espaços. Continuamos a achar que é mais seguro a missa no cemitérios, do que dentro de algumas igrejas e capelas que não têm condições para receber a população”, diz o presidente da junta de freguesia de Cedães, ressalvando que “não querendo contribuir para qualquer polémica institucional, iremos acatar a recomendação”.

Fernando Pires

Por Causa da Outra

Por: Manuel Amaro Mendonça
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Caminhando pelo trilho, sem pressas, uma jovem mulher de pele morena, quase dourada e longos cabelos loiros, que lhe chegam à cintura. Os seios desnudos, bamboleiam-se, exibindo as áureas rosadas com naturalidade e o baixo ventre está apenas decorado com uma penugem dourada. Os pés descalços calcam sem receio as folhas da vereda. Seu nome era Eva e estava nua, mas isso era natural, pois fora assim que viera ao mundo.
A floresta luxuriante, plena de cor, tem os caminhos perfeitamente demarcados e limpos, para que não seja necessário calcar as ervas ao caminhar. As árvores descem graciosamente os seus ramos, quase até ao chão, para que seja possível colher os seus frutos ou as folhas, sem ser preciso subir-lhes. Coelhos e outros roedores de tamanhos diversos atravessam os caminhos para se ocultarem novamente na vegetação do outro lado. O sol atravessa as copas das árvores e dá a todo o ambiente um tom dourado, como que de um outono bem-vindo após um verão quente.
Certificou-se que não a seguiam, antes de abandonar o carreiro e penetrar profundamente no arvoredo até à figueira que costumava visitar para se deleitar com os seus frutos.
— Olá! — Cantarolou um melro de um ramo alto.
— Olá! — Respondeu ela numa voz acriançada. — Está um lindo dia, não achas?
— Sim. — Concordou a ave. — Como aliás o de ontem, anteontem e de sempre, desde que me conheço. Aborrecido.
— Também me queixo do mesmo. — Concordou ela, de expressão contristada. — Mas de vez em quando, venho por aqui…
— …aos figos? — Adivinhou a ave.
— Sim, também. — Eva sorriu. — Mas foi ao pé da figueira que encontrei outra mulher e…
— A outra?!? — O animal agitou-se. — Mas não és só tu e o Adão por aqui?
— Sim. Também achava que sim, mas depois encontrei-a e tornamo-nos amigas.  — Explicou ela. — Vou agora ver se a vejo.
— Vou contigo. — O pássaro esvoaçou para o ombro dela, onde pousou com suavidade e sem apertar as garras afiadas.
Eva recomeçou o seu caminho, afastando os ramos mais baixos, até chegar a uma pequena clareira onde estavam duas figueiras baixas, os ramos plenos de frutos verdes e avermelhados, cujo aroma fazia crescer água na boca de quem os via. Mesmo ao lado, sentada numa pedra, estava outra mulher, de cabelos vermelhos, amarrados num rabo de cavalo que lhe descia pelas costas. Era morena e voluptuosa. Os seios estavam cobertos por uma pele de coelho e à cinta trazia o que parecia ser outra de raposa, que lhe descia graciosamente entre as pernas.
Assim que entraram na clareira, o pássaro levantou voo e foi-se embora, a tratar dos assuntos próprios dos melros.
— Olá querida Eva. — Cumprimentou a mulher sentada, exibindo um sorriso rasgado. — Esperava-te.
— Olá Lilith. — Saudou a recém-chegada, confundida com a intempestividade da partida do companheiro. — Esperava encontrar-te.
— Não disseste ao Adão que me viste, disseste? — A mulher ficou séria.
— Não, não disse nada. — Asseverou Eva. — Ele anda lá para os prados junto ao rio, a cavar; cismou que há de fazer crescer plantas, como o nosso Senhor.
— Passa a vida a inventar coisas para fazer. — A outra fez uma expressão de desdém mal dissimulada. — Em vez de se questionar sobre o que há fora daqui.
Fora daqui? — Eva ficou curiosa. — Para onde vá, só vejo as mesmas árvores, com e sem frutos, os mesmos animais simpáticos e faladores. Às vezes vejo um ou dois vigilantes, mas é raro.
— A saída fica um pouco longe… não a encontras com facilidade. — Afirmou Lilith. — Não querem que a encontres. Deves sentir-te bem nesta prisão… se não souberes o que é uma prisão.
— Mas o que é uma prisão? — Eva interrogou, confundida.
— É um sítio de onde não te deixam sair.
— Mas ainda não encontrei sítio nenhum onde não pudesse ir.
— Podes mesmo? E a árvore dos frutos luminosos? — Lembrou a ruiva.
— Podemos ir lá… — Concluiu Eva pensativamente. — Não podemos é comer dela.
— E isto porque nem sequer te aproximaste dos portões de saída, senão então é que era! Apareciam-te logo os vigilantes a perguntar o que fazias ali e a pedir-te delicada mente que te afastasses… até te empurrarem, se não fizeres o que te mandam. — A ruiva fez uma expressão zangada.
— Então não conseguiste sair?
— Eu?!? Claro que sim! Quando meto uma coisa na cabeça, não é fácil de sair. — Ela fez uma expressão de triunfo. — Atravessei um dos rios e tenho vivido lá fora, numa das cidades que eles tanto odeiam, onde o meu filho é rei. No princípio, ainda me perseguiram e tentaram apanhar-me, mas depois desistiram.
Eva estava boquiaberta com as maravilhas que aprendia sobre as cidades que existiam fora da quinta que ela não imaginava existirem.
— Mulher! — Uma voz masculina fez-se ouvir. — Onde estás, mulher? Eva!
— Vem aí o bruto do Adão! — Anunciou Lilith, levantando-se e afastando-se. — Vou-me embora. Vemo-nos aqui outro dia! Não digas que me viste!
— Aí estás tu! — Um homem completamente nu, de cabelo castanho escuro desgrenhado e uma barba rala quase loira surgiu na orla das árvores. — Como vieste esconder neste sítio? — Vários esquilos surgiram no chão e nos troncos das árvores para espeitarem a causa do alvoroço.
O melro regressou ao ombro de Eva.
— Não me escondi. — Desculpou-se ela. — Estava aqui a pensar.
— A pensar! — O homem riu-se. — Não faças isso, que ficas com a testa enrugada! Não estragues a tua cara bonita. — Coçou as partes íntimas, ruidosamente, mergulhando a mão na enorme mata púbica e agitando o pénis flácido.
— Não gosto nada quando fazes isso. — Censurou ela com uma careta de desagrado. — Nem que andes para aí com isso pendurado, como um animal qualquer.
— E que tem? — Adão indignou-se e apontou-lhe ao peito. — Não andas com essas coisas aí penduradas também?
— E eu disse-te que gosto? — Atirou a mulher, revoltada. — Parece-te que tive escolha?
Furiosa, dirigiu-se a uma planta rasteira que espalhava as descomunais folhas verdes pelo chão e arrancou-lhe umas quantas. Depois, aproximou-se de um salgueiro que derrubava os seus ramos esguios, mas resistentes, para o solo e despojou a árvores de alguns deles. Assim equipada, fez um entrançado das folhas e prendeu-as grosseiramente umas às outras com os ramos do salgueiro. Fez uma espécie de túnica para ela e um saiote para ele.
Adão observou toda a atividade num silêncio surpreendido.
— Não sabia que conseguias fazer estas coisas… — Comentou ele, mirando-se, agradado.
— Há muita coisa que tu não sabes… e pensas que sabes! — Afirmou ela, mordaz. — Agora anda comigo.
O homem não sabia o que dizer. Estava habituado a ser ele a mandar e ela a obedecer sem protestar, como o senhor lhes tinha dito para fazerem quando se conheceram. Esta mulher era muito diferente da outra que tivera antes, que era uma fonte de problemas e discussões. Era menos fogosa, é verdade, mas mais meiga e submissa… até este momento.
Eva puxou Adão pela mão e guiou-o pelo trilho calcado entre as árvores e ele deixou-se guiar, não sem sentir uma ponta de apreensão.
Mais à frente vinha um lobo a trotar pelo caminho.
— Olá meninos. — Exclamou o canídeo, medindo-os de alto abaixo. — Que é isso tão verde em cima de vós?
— Parece que são roupas... — O homem não estava muito seguro, enquanto continuava arrastado pela fêmea.
— É estranho, mas ao mesmo tempo agradável. — Comentou o lobo farejando o ar em volta deles. — Se soubesses a inveja que vos tenho, por vocês terem mãos e poderem fazer essas coisas maravilhosas e eu não… mais do que inveja é admiração. Onde ides afinal?
Como não obtivesse mais resposta dos dois, decidiu segui-los.
Estavam a chegar a uma enorme clareira dominada por uma descomunal árvore de frondosos e altos ramos, decorados com frutos vermelhos que reluziam e piscavam, envolvendo o ambiente numa luz colorida e irreal.
— Que queres tu daqui? — Perguntou Adão a medo.
— Quero que me dês um fruto destes! — Exigiu ela.
— Estás louca? O senhor disse que podíamos comer de todas menos desta!
— E porquê? Que está ele a esconder? — Ela pôs as mãos na cinta. — Sabes porquê? Porque é um guloso e quer os melhores só para ele.
Do outro lado da clareira, ocultos pela ramagem, Lilith piscou o olho a uma enorme e bela serpente colorida, coberta de escamas reluzentes como diamantes. Como que acatando uma ordem, o réptil subiu facilmente pela árvore e deixou-se ver entre os ramos.
— Serpente! — Chamou Eva. — Atira-nos um fruto desses.
— Destes, desta árvore? — Sibilou o réptil. — Não posso fazer tal. O Senhor não vos disse que não podeis comer deles?
— Mas eu quero saber porquê. — Insistiu ela. — Tenho de provar!
— De qualquer forma, estes frutos não são normais. — Explicou a serpente. — Só pode comer quem os apanhar, por isso, não posso ajudar-vos. Mas se os provarem, não vão querer outra coisa. Ficarão muito mais sábios e perceberão que a vida não é só andar a vaguear na floresta, por entre animais amestrados.
— Quem é amestrado? — Rosnou o lobo, a quem ninguém respondeu.
Eva começou a atirar pedras aos ramos com intenção de acertar nos frutos e Adão, incentivado pela conversa, imitou-a. A serpente estimulava-os a ambos com "Está quase!" ou "Ah, falhaste por pouco!"
Quando as primeiras pedras começaram a tombar caoticamente no chão em volta, o lobo achou melhor afastar-se um pouco, para ver a cena de longe. As aves de todas as árvores em redor levantavam voo apavoradas e vários ratos fugiram do tronco da árvore.
— Que estão a fazer, seus idiotas! — Gritou um dos roedores para Adão. — Vou fazer queixa ao Senhor!
O homem ergueu um pé para o chutar, mas o rato esquivou-se agilmente, para logo encontrar a mulher a cortar-lhe o caminho. Bufou e ameaçou-a com os dentes arreganhados fazendo-a acovardar-se, pois nunca tinha visto uma animal a fazer aquilo. O fugitivo saltitou agilmente pelas folhas que atapetavam o solo, até desaparecer de vista.
Adão retomara o exercício de tiro e conseguiu por fim acertar num dos frutos que se estilhaçou, literalmente, no chão, após uma queda vertiginosa.
— Ah! Esqueci-me de avisar, têm de apanhar os frutos antes de chegarem ao chão! — Riu a serpente, perante a desolação deles.
Os dois humanos retomaram as pedradas e mais frutos caíram e se estilhaçaram, antes que os conseguissem agarrar. Nenhum deles reparava que a luz da árvore dos frutos luminosos parecia alterar-se e o ar estava a ficar amarelado e doentio. Tirando o barulho que os três faziam, toda a floresta estava agora no mais profundo silêncio. Até que, por fim, Adão lançou-se num voo e conseguiu agarrar um fruto reluzente, antes que este tocasse o chão.
— Bravo! — Gritou o réptil do alto dos ramos.
Eva atirou-se por cima do homem e ferrou uma feroz dentada no fruto, ainda na mão dele e, depois de o saborear, beijou Adão lubricamente na boca, partilhando o sumo doce da sua conquista.
Naquele momento, a luz tremeluziu e encolheu-se, como se o sol se eclipsasse repentinamente. Os dois humanos assustaram-se, olhando em volta e aperceberam-se do foco de luz que se projetava do céu, mesmo no centro da clareira. Ali se materializou um enorme homem de cabelos despenteados brancos e barbas eriçadas da mesma cor. Vestia uma alva túnica comprida, debruada a ouro nos punhos, no pescoço e na bainha.
— Que estão a fazer, infelizes? — A voz do recém-chegado ecoava como trovões nos montes distantes. — Não vos disse que não comêsseis desta árvore?
Mais dois humanos, vestidos de forma semelhante, se materializaram atrás do Senhor.
— Que tens a dizer Adão? Porque fizeste isto? Vê o que estragaste! — A voz trovejante estava zangada.
— Meu Senhor. — Lamentou-se o humano, pousando a cara no chão em subserviência. — Foi a mulher que me arranjaste, que me levou a fazer isto!
— Eu? — Eva indignou-se, apesar de também imitar a postura de humildade do companheiro. — Parece que que não te estavas a divertir e além do mais, foste tu quem a apanhou!
— Mulher! — Censurou o Senhor.  — És uma má influência para o homem e ele é um fraco, por se deixar guiar por ti! — Depois voltou-se para o outro lado da clareira. — E tu, Lilith, já tentaste corromper Adão antes e, não conseguindo, corrompeste a mulher que arranjei para te substituir.
— Então sempre era verdade que eu era a segunda! — Eva ergueu-se em desafio. — Tanta meiguice, tanto amor pela verdade e esconderam-me uma coisa dessas! Ela bem me avisou que vocês eram uns falsos!
— Falaste com Lilith? — Adão estava em pânico. — Viste-a? Então era para te encontrares com ela que desaparecias?
— Não vos disse que queria aquela criatura longe daqui? — O Senhor censurava agora os dois outros humanos, gémeos indistintos, que chegaram com ele.
— Peço perdão. — Pediu um deles. — Sabíamos que andava por aí e temo-la perseguido, mas não a conseguimos apanhar.
— Mandei-vos matá-la, porque não o fizeram? — Continuava a censura.
— É uma vida humana, nós…
O Senhor ergueu uma mão indicando que não queria ouvir mais nada.
— É assim fácil, não é? — Eva aproximava-se do trio em tom de desafio. — Não faz o que querem, mata-se! Deviam tê-la matado e não o fizeram. E agora? Matam-na e a mim também? Depois arranja-se outra… se calhar desta vez é melhor matar o homem também e começar tudo de novo!
 — Cala-te mulher… — Ameaçou o Senhor erguendo uma mão e vendo-se com um dos gémeos a colocar-se entre eles, com uma expressão infeliz.
A jovem humana tinha metade do tamanho dos três, que pareciam controlar a vida dela e do companheiro, mas mesmo assim enfrentava-os.
— Porque não podíamos comer deste fruto? — Insistiu ela. — Se não eram para comer, porque os puseste aqui, a provocar-nos? Ou era só para te lambuzares sozinho com o prazer de nos mostrar que era só para ti?!? És um invejoso?
— Esta árvore controlava o ambiente em que viveis, é uma estrutura biológica que mantém o equilíbrio da natureza e deixa todos os animais dóceis! — O Senhor estava corado de fúria, enquanto gritava e empurrava o gémeo para o lado. — Tudo está controlado, exceto vós, criaturas ingratas!
— Nós aborrecemo-nos aqui, a inventar coisas para fazer. — Desculpou-se Adão, erguendo-se também. — Esta mulher que trouxeste, é mais dócil que a outra e melhor que ela em muitas coisas, mas é curiosa e está sempre a complicar o que devia ser fácil. Sempre a fazer perguntas em vez de aceitar como as coisas são.
— A mulher que te trouxe… o mundo que vos criei… tudo o que eu fiz foi errado, não foi?  — O cenho franzido do Senhor converteu-se numa máscara de tristeza. — … Eu sou o culpado da vossa curiosidade e insatisfação. Esta mulher é melhor que a outra endemoniada, mas também não serve, não é?
Não se ouvia uma mosca em toda a clareira, quando o Senhor virou as costas a todos e deu uns passos para se afastar, de braços e cabeça caída. Mas, de repente, parou e voltou o rosto novamente furioso.
— Vou resolver o vosso problema! Vão sair deste vale e procurar a vossa própria alimentação e vestir-se, já que gostaram de o fazer. Terão de arrancar o sustento da terra, em vez de o colherem abundante nas árvores. A serpente, esguia e insidiosa como a mulher, que morder-lhe-á o calcanhar que lhe esmagará a cabeça. O rato será o eterno inimigo, que vos invadirá a vida, roubando e estragando os alimentos produzidos a custo, que guardardes. o homem persegui-lo-á e a mulher odiá-lo-á e temê-lo-á. O lobo atacará e comerá os bens do homem e até o próprio homem, se puder. Homem e lobo admirar-se-ão, mas serão inimigos mortais. E agora desapareçam da minha vista! Vão-se embora deste vale, os animais deixarão de vos reconhecer e fugirão de vós, ou atacar-vos-ão.
— Meu Senhor, peço-vos perdão. — Implorou Adão. — Foi tudo por causa da outra, não vedes?
— A outra está condenada. — Disse o Senhor sem se voltar. — Será como um demónio, de quem toda a gente foge e nunca terá paz. Viverá a semear a intriga e a dúvida nos corações puros. 
— Senhor. — Pediu um dos gémeos. — Dê-lhes outra oportunidade.
— Não há mais oportunidades! — Trovejou o interpelado, apontando-lhe o dedo. — E vocês, não se atrevam a aparecer à minha frente, ficarão todos aqui em baixo com eles, guardem-nos e vigiem-nos, já que lhes têm tanto amor. Para que quero trezentos de vocês, se não são capazes de manter uma mulher minúscula fora dos meus domínios. Ponham-nos fora daqui e fechem este vale.
— Mas, Senhor… — O gémeo insistiu. — Que vai fazer?
— Vou-me embora! Vou recomeçar a experiência noutro lado… digam ao Lúcifer que ele ganhou. Começou a ganhar, assim que permiti que me ajudasse a criar a Lilith. — O foco de luz começou a envolver o Senhor que acrescentou ainda, antes de desaparecer: — Fiquem aqui em baixo uns com os outros. Merecem-se!

Manuel Amaro Mendonça
nasceu em Janeiro de 1965, na cidade de São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, a "Terra de Horizonte e Mar".
É autor dos livros "Terras de Xisto e Outras Histórias" (Agosto 2015), "Lágrimas no Rio" (Abril 2016) e "Daqueles Além Marão" (Abril 2017), todos editados pela CreateSpace e distribuídos pela Amazon.
Ganhou um 1º e um 3º prémio em dois concursos de escrita e os seus textos já foram seleccionados para mais de uma dezena de antologias de contos, de diversas editoras.

Outros trabalhos estão em projeto e saírão em breve, mantenha-se atento às novidades AQUI.

Jardins de Infância de Bragança protegidos com estruturas para condições climatéricas adversas

 A medida é válida enquanto os circuitos de entrada/saída temporários (definidos no âmbito das orientações de organização das atividades letivas para o ano em curso) estejam em vigor, neste contexto de pandemia.
O Município de Bragança instalou, à entrada dos Jardins de Infância, sob alçada Municipal, que apresentavam essa necessidade (no Centro Escolar da Sé, no Centro Escolar de Santa Maria e no Jardim de Infância da Estação), estruturas de proteção às condições climatéricas adversas, para melhor cumprimento das orientações da Direção-Geral de Saúde.

A medida é válida enquanto os circuitos de entrada/saída temporários (definidos no âmbito das orientações de organização das atividades letivas para o ano em curso) estejam em vigor, neste contexto de pandemia. Estas infraestruturas procuram proteger pais e filhos no acesso físico às instalações, durante o rigoroso período de inverno brigantino, enquanto são cumpridos os protocolos de desinfeção obrigatórios para acesso ao interior dos estabelecimentos de ensino (troca de calçado à entrada e passagem nos dispensadores de álcool-gel).

Estas ações surgem do cumprimento das orientações emanadas pela Direção-Geral de Saúde, dado o contexto epidemiológico que o país e o mundo atravessam, e que preveem a troca de calçado e respetiva desinfeção à entrada das instituições de ensino pré-escolar. Esta situação, em termos de execução, obrigaria pais e alunos a um período de espera à entrada das escolas e, por consequência, a estarem sujeitos às intempéries do período de inverno. Com a instalação destes túneis de acesso aos Jardins de Infância, o Município garante que toda a comunidade escolar tenha condições condignas para cumprir as normas de segurança ao longo do ano letivo, a bem de todos.

Recorde-se que o Município já tinha realizado, em tempo útil, junto dos três Agrupamentos de Escolas do concelho, o levantamento exaustivo das respetivas necessidades para o ano letivo atípico em curso. Em termos estruturais, apenas estes três jardins de infância (Centro Escolar da Sé, Centro Escolar de Santa Maria e Jardim de Infância da Estação) apresentaram a necessidade de colocação dos respetivos túneis de acesso, estando já em vigor, desde o início do ano letivo, a utilização dos vários equipamentos adquiridos pelo Município no âmbito da prevenção à Covid-19, como tapetes desinfetantes, dispensadores a álcool-gel, sinalética, cabides, estantes/armários e o material para serviço de refeições escolares.

Requalificação do edifício da Câmara obriga serviços a mudarem-se para Edifício Side UP

 Investimento de meio milhão de euros para melhorar Paços do Concelho
A partir de amanhã os serviços municipais instalados no edifício dos Paços do Concelho vão mudar-se temporariamente para o Edifício Side UP, antigo Instituto Piaget. A mudança deve-se ao arranque das obras de requalificação do edifício da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, estimando-se que até meados da próxima semana todos os serviços já estejam a funcionar no espaço Side UP.

As obras em causa representam um investimento de cerca de 480 mil euros e são consideradas “essenciais para melhorar a eficiência energética do edifício e proporcionar aos funcionários melhores condições de trabalho”. A empreitada é cofinanciada a 95% através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, na vertente referente aos apoios à eficiência energética, à gestão inteligente da energia e à utilização das energias renováveis nas infraestruturas públicas, nomeadamente nos edifícios públicos e no setor da habitação.

Com a conclusão dos trabalhos ficam garantidas condições para, desde logo, reduzir os custos com a fatura energética. “O edifício é antigo, o isolamento térmico está muito degradado e isso obriga a que no inverno, por exemplo, se registem gastos avultados com o aquecimento dos espaços”, refere o presidente da autarquia, Benjamim Rodrigues. O autarca salienta que a degradação era tal que se registavam já infiltrações significativas, “o que não era sequer benéfico para a saúde dos nossos trabalhadores”.

O presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros acredita que as obras deverão estar concluídas até ao verão de 2021.

5 locais a não perder no Parque Natural de Montesinho

 O Parque Natural de Montesinho é uma área protegida situada no nordeste transmontano. Situado na zona da Terra Fria, tem cerca de 75 mil hectares e nele vivem cerca de 10 mil habitantes, em 92 aldeias. Destaca-se pela extensa biodiversidade, nela habitando espécies como o lobo-ibérico, a corça e o veado. E também pelas magníficas paisagens. Escolhemos cinco locais que deve visitar numa das bonitas zonas de Portugal.

Aldeia de Montesinho

Montesinho

Montesinho é uma aldeia muito bonita nos arredores de Bragança. Está a cerca de 1300 metros de altitude. O Passeio Pedestre de Montesinho, com um total de 10 quilómetros, passa por esta aldeia e pelas localidades vizinhas de França e Portelo. As suas casas mantêm a arquitetura popular transmontana e algumas foram reconstruídas recentemente. E são aproveitadas para turismo rural, lojas de artesanato e venda de produtos regionais. É uma das aldeias mais bem preservadas da Terra Fria Transmontana. E a que se encontra a mais alta altitude na serra de Montesinho.

Rio de Onor
Rio de Onor é considerada uma das 7 Aldeias Maravilhas de Portugal, tendo sido distinguida em 2017 na categoria “Aldeias em Áreas Protegidas”. Partilha com a aldeia alentejana de Marco uma característica única. É atravessada a meio pela fronteira internacional entre Portugal e Espanha, com ambas as partes conhecidas pelos seus habitantes como “povo de acima” e “povo de abaixo”. O encanto dos visitantes por esta aldeia começa ao observarem as casas tradicionais. Construídas em xisto, encontram-se muito bem preservadas e algumas dão diretamente para o rio.
Em Rio de Onor é incontornável uma visita à Casa do Touro. É um museu inaugurado no final de 2018, dedicado à história e cultura de Rio de Onor. A sua designação deve-se ao facto de se encontrar no local que albergava o touro da aldeia. Dividida em dois pisos, aborda temáticas como o comunitarismo, a regência do Conselho, o touro do povo e as festas dos rapazes.

Gimonde
A aldeia de Gimonde está “colada” a Bragança. Lá vai encontrar uma bonita ponte romana, paisagens fantásticas e gastronomia de exceção. Os seus dois principais produtos são os fumeiros e as compotas. Passei pelas suas ruas pitorescas e visite a igreja, que fica mesmo em frente ao rio. De resto, as lindas paisagens são a grande imagem de marca de Gimonde. Referência ainda para o facto de um marco na aldeia assinalar que o caminho de Santiago passa por ali.

Parque Biológico de Vinhais
O Parque Biológico de Vinhais é um equipamento público no Viveiro Florestal de Prada. Está incluído no Perímetro Florestal da Serra da Coroa, a 3 quilómetros do centro de Vinhais. Zona com vegetação luxuriante, aqui existem centenas de espécies de plantas.

Possui um centro hípico e organiza atividades como “Ser Tratador” e “Hora da Papinha”. Ou seja, é possível tratar dos animais que aqui habitam, nomeadamente alimentando-os. É permitido acampar ou ficar alojado em bungalows no Parque Biológico de Vinhais.


Bragança

A cidade de Bragança também fica em pleno Parque Nacional de Montesinho. Pode começar por visitar o seu castelo, no centro histórico da cidade. Foi mandado construir pelo rei D. João II e encontra-se em bom estado de conservação. Do seu alto tem-se uma panorâmica deslumbrante de quatro serras: Montesinho, Sanabria, Rebordões e Nogueira.

Não deixe ainda de passar pela Domus Municipalis, monumento singular da arquitetura românica civil. A sua construção coincidiu com a do castelo. Embora muito se tenha escrito sobre a sua finalidade, não existe um consenso. É certo que serviu como cisterna de água, mas existem dúvidas acerca de se teria sido esta a sua função original.

Artigo de André Cruz Martins