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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A Nova Língua Portuguesa

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos "afro-americanos", com vista a acabar com as raças a nível gramatical, isto tem sido um fartote pegado.
As criadas dos anos 70 passaram a "empregadas domésticas" e preparam-se agora para receber a menção de "auxiliares de apoio doméstico". De igual modo extinguiram-se nas escolas os "contínuos" que passaram todos a "auxiliares de acção educativa".
Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por "delegados de informação médica". Pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em "técnicos de vendas". O aborto eufemizou-se em "interrupção voluntária da gravidez".
Os gangs étnicos são "grupos de jovens". Os operários fizeram-se de repente "colaboradores"; As fábricas, essas, vistas de dentro são "unidades produtivas" e vistas da estranja são "centros de decisão nacionais".
O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à "iletracia galopante". Desapareceram dos comboios a 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade nacional das massas hierarquizadas mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes "conforto" e "turística". A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...»; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.
Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um "comportamento disfuncional hiperactivo". Do mesmo modo e para felicidade dos "encarregados de educação", os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quanto muito, "crianças de desenvolvimento instável".
Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual". (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o "politicamente correcto" marimba-se para as regras gramaticais...)
As putas passaram a ser "senhoras de alterne".
Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em "implementações" , "posturas pró-activas", "políticas fracturantes" e outros barbarismos da linguagem.
E assim linguajamos o português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.
Estamos lixados com "este novo português"; Não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem que se pensar o que se diz de forma "politicamente correcta".
E falta ainda esclarecer que os "anões" estão em vias de passar a "cidadãos verticalmente desfavorecidos"...
Os idiotas e imbecis passam a designar-se por "indivíduos com atitude não vinculativa".
Os pretos passaram a ser pessoas de cor.
O mongolismo passou a designar-se síndroma do cromossoma 21.
Os gordos e os magros passaram a ser pessoas com disfunção alimentar.
Os mentirosos passaram a ser "pessoas com muita imaginação".
Os que fazem desfalques nas empresas e são descobertos são "pessoas com grande visão empresarial mas que estão rodeados de invejosos".
Para autarcas e políticos afirmar que "eu tenho impunidade judicial", foi substituído por "estar de consciência tranquila".
O conceito de corrupção organizada foi substituído pela palavra "sistema".


(desconheço o autor mas concordo com ele)

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