Nas grandes cidades, os amordaçados pelo antigo regime através da censura e da P.I.D.E, gritavam liberdade. A revista à portuguesa atingia o seu auge.
Portugal respirava após 48 anos de repressão e de costas voltadas para o resto do mundo.
Os presos políticos eram libertados, os exilados regressavam ao País e aos braços dos seus familiares e amigos. A sociedade civil começava a organizar-se. Associações múltiplas de carácter Desportivo e Cultural, Movimentos Cívicos, Grupos de Teatro, Agremiações de Bairro, Organizações de Trabalhadores e Sindicatos…
Os movimentos independentistas das colónias ultramarinas ganhavam mais força e legitimidade e a contestação interna aumentava.
Não há mudança sem dor.
A minha homenagem aos espoliados do ultramar a quem sempre convenceram que estavam em Portugal e que podiam sonhar, ali, um futuro eterno. Apesar do esforço do País, acho que nunca nenhum governo lhes devolveu o que sempre mereceram e era deles. Muitos perderam tudo, o trabalho de uma vida.
A euforia era grande e o povo entendeu que nada iria ser como antes e que tinha um papel fundamental a desempenhar no País que estava a renascer.
As convulsões políticas emergentes pela disputa do poder causavam preocupação, mas o povo estava mais preocupado em gritar liberdade. Eles que se entendam, nada voltaria atrás, O POVO É QUEM MAIS ORDENA!
A Senhora Professora já não necessitava de pedir autorização ao Ministro para se casar e muito menos precisava de apresentar a declaração de rendimentos do noivo. As Senhoras Enfermeiras também não.
As mulheres portuguesas já podiam VOTAR. Uma pessoa um voto. Os políticos, nos seus discursos, faziam questão de acentuar!!! Portugueses e Portuguesas.
O António de Oliveira Salazar (o botas), dizia sempre e apenas, com voz rouca e quase tétrica…Portugueses.
A descolonização passou a ser uma questão de tempo e emergente. Era a hora de cumprir o que o resto do mundo já nos pedia há muito tempo. Retirar do Mapa de Portugal, o Portugal Ultramarino.
(H.M.)
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