sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Tintin em Portugal

A primeira aparição de Tintim em Portugal aconteceu por intermédio da revista O Papagaio (n.º 53, de 16 de Abril de 1936), e os principais protagonistas chamavam-se então Tim-Tim, Capitão Rosa e o cão Rom-Rom (Tintim, Capitão Haddock e Milu, respectivamente). Estas histórias foram coloridas por iniciativa do editor português que, deste modo, "antecipou" a decisão de Hergé começar a colorir as suas bandas desenhadas. Outras publicações que contaram com a presença do jovem repórter foram: Cavaleiro Andante (1952), Foguetão (1961), Zorro (1963), Tintin (1968, que manteve a designação original) e Diário de Notícias (1971), este último com a particularidade de publicar tiras diárias a preto e branco.
A revista Tintin portuguesa teve um papel fundamental na divulgação da banda desenhada, não só pela publicação das histórias de Tintim e de dezenas de outras séries mas pelas diversas rubricas, entrevistas e artigos, que possibilitaram aos leitores alargar os seus conhecimentos em BD, destacando-se a contribuição de Vasco Granja.
Tintim e Hergé nunca vieram a Portugal, mas nem por isso deixaram de ter vários amigos e conhecidos. Em Tintim no Congo, o jovem repórter é abordado por um agente do Diário de Lisboa que pretende o exclusivo da reportagem por terras de África. Pedro João dos Santos, célebre físico da Universidade de Coimbra, participa na Expedição Científica ao Árctico em A Estrela Misteriosa. Mas o grande destaque vai para o Senhor Oliveira da Figueira, comerciante radicado no médio oriente, que vende de tudo um pouco, ajudando Tintim por diversas vezes. A sua capacidade comercial sem igual faz com que lhe chamem "o branco-que-vende-tudo". Surge em Os Charutos do Faraó, No País do Ouro Negro e Carvão No Porão. Em As Jóias de Castafiore, embora não apareça, foi dos primeiros a felicitar o Capitão Haddock pelo seu suposto casamento com Bianca Castafiore.
Apesar de Portugal ter sido o primeiro país não francófono a publicar Tintim (O Papagaio, em 1935), durante décadas nunca foram editados álbuns da série por nenhuma editora nacional. O material disponível era originário do Brasil, sob chancela da Flamboiant e, mais tarde, da Editora Record, do Rio de Janeiro. Só em 1988 é que a Verbo iniciou a edição integral da série, concluída em 1999.
Oliveira da Figueira (Lisboeta)
Para além dos álbuns da Verbo, que também incluem os fac-similados a preto e branco dos primeiros livros, existem outras edições de Tintim em Portugal como os 22 álbuns brochados em francês que surgiram em 1990 (Ediciones del Prado/Casterman), numa edição para o mercado ibérico. Há ainda dois volumes, As Melhores Aventuras de Tintim, que correspondem a fascículos publicados pelo jornal O Independente, em 1994, bem como 11 álbuns duplos cartonados especialmente editados pelo Círculo de Leitores entre 1999 e 2000. O jornal Público editou, entre 2003 e 2004, uma colecção de 24 álbuns brochados, que se tornou um caso de impressionante sucesso, havendo ainda a assinalar o volume saído na Colecção "Os Clássicos da BD", organizado pela Devir e Panini Comics para o Correio da Manhã, em 2003.
Ao nível dos diferentes episódios adaptados para desenhos animados e da longa metragem Tintim e o Lago dos Tubarões, a sua edição em Portugal é assegurada pela Costa do Castelo, tendo dois episódios sido distribuídos numa edição especial para O Independente.
Têm existido diversos produtos comercializados utilizando a imagem de Tintim, nem sempre devidamente licenciados, entre roupa e bonecos, merecendo destaque as duas lojas oficiais que, nos anos 90 do século XX, chegaram a existir, em Lisboa (Amoreiras) e no Porto (Via Catarina).

Sem comentários:

Enviar um comentário