A sua produção literária abrange os domínios do drama e da ficção, com especial destaque para a poesia que, ressentindo-se inicialmente da sua implantação transmontana, tem uma acentuada tendência para o diálogo intertextual nas últimas publicações. Autor de numerosos textos teatrais e antologias, sobretudo escolares, interessa-se principalmente pela problemática do Nordeste português, quer na vertente humana quer na paisagistíca, evocando por vezes motivos ou ambientes neo-realistas.
Em 1983 ganhou o Prémio Literário do Círculo de Leitores, com o romance Sancirilo, e em 2006 o Prémio D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus, Vila Real.
OS VELHOS DE GRIJÓ
Os velhos de Grijó são uma gente escassa,
trémula, que vive
os seus últimos dias na igreja
organizando a hora da própria agonia,
tentando carimbar o passaporte
para a eternidade.
Os velhos de Grijó têm o sorriso
triste e bom de quem foi paciente
a vida inteira. Os velhos de Grijó
sacodem-me por dentro como um sismo,
dão-me porrada, são-me espelho.
Guardarei na boca os velhos de Grijó,
enquanto os houver.
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