Promessa de desenvolvimento esfuma-se com o avolumar de dívidas,que afecta cada vez mais empresários locais
Da festa que se fez quando se soube do início de construção do IC5 ao desalento que se vai apoderando de alguns dos empresários da vila, à medida que as dívidas de algumas empresas sub-contratadas para a construção do IC5 se vão acumulando.
Em Alfândega da Fé, concelho que acolhe vários estaleiros de construção daquela via, que deveria estar pronta no final deste ano e que integra a concessão do Douro Interior, ligando o IP4 no Alto do Pópulo, em Murça, a Duas Igrejas, em Miranda do Douro. Pelo caminho, vai deixando um rasto de dívidas.
Tudo começou com a insolvência de uma das empresas que ainda se instalava no estaleiro, a Mesquita Construção. “Nunca pensei. Era uma empresa grande”, deixa escapar António Leria, proprietário de uma lavandaria, que já conta um calote “superior a oito mil euros”. Os estaleiros da empresa ainda lá estão, em Valverde, selados por ordem do tribunal, e ao abandono há vários meses. O mesmo abandono que sentiram algumas das empresas que já tinham prestado serviços, como uma casa de turismo dos Cerejais, que albergava alguns dos trabalhadores.
Mas também há postos de combustível que já contam mais de dois mil euros em dívidas, até porque, entretanto, houve outra empresa a dar entrada com um processo de insolvência, a Abílio Fernandes Lda. Um processo que ainda não terá sido decretado pelo tribunal, que acredita na recuperação da empresa de Amarante, que terá deixado vários empresários ‘a arder’, desde restaurantes, bombas de gasolina, lavandaria e mesmo uma empresa de aluguer de máquinas pesadas. Ao todo, dezenas de milhares de euros que estão em falta, numa economia pequena.
“Seria uma boa oportunidade, apesar de as associações de comerciantes fazerem pouca pressão para que os comerciantes locais concorram a prestar serviços às empresas que vieram”, lamenta António Leria, um dos poucos que ainda aceita dar o rosto.
Outros vão batendo à porta da Câmara Municipal. “Vêm falar connosco mas têm tentado resolver os seus problemas pelos seus meios. Quando temos informação sobre os problemas contactamos as empresas responsáveis para resolverem as situações”, afiança Berta Nunes, a presidente, garantindo que são “dívidas significativas para o tecido empresarial existente”. “Para uma grande empresa pode não ser um valor grande mas para nós são prejuízos significativos”, até porque continua a ser preciso pagar o IVA de valores nunca recebidos. Por isso, Berta Nunes garante estar a acompanhar a situação com “preocupação”.
António Gonçalves Rodrigues
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