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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 7 de agosto de 2011

A Emigração Portuguesa e o “Sud-Express”

As más condições de vida no país de origem, foram a principal causa da emigração portuguesa a partir dos anos 50 do século XX. Contudo, importa assinalar que também algumas circunstâncias de natureza política determinaram a necessidade de emigrar como por exemplo, a perseguições de natureza política,  falta de liberdade expressão,  guerra nas antigas colónias e as práticas sociais dominantes que levaram à fuga de muitos jovens, antes ou durante o cumprimento do serviço militar.
Nas fotos seguintes (em Paris) pode-se ficar com uma ideia da vida muito dura de grande coragem e espírito de sacrifício, que esperava pelos emigrantes, que viviam em “bidonvilles” bairros de barracas (vulgo “bairro da lata”) semelhantes aos que também existiam em Portugal. As imagens falam por si.
Gare de Austerlitz em Paris, em 1965
“Bidonville”  em Paris (1967)
Quarto e casal de emigrantes, em 1956
Família de emigrantes, em 1964

Fila para a água no “bidonville” 1964

Corte de Cabelo - 1964

A importância destas saídas foi bastante acentuada nas regiões densamente povoadas do norte e do centro do país, assim como nas Ilhas Atlânticas dos Açores e da Madeira.Da mesma forma, este fenómeno afectou as regiões do Minho, de Trás-os-Montes e da Beira - Alta, de onde partiram os maiores contingentes de emigrantes não só em direcção ao Brasil mas também, já durante a segunda metade do século XX, para os países industrializados da Europa Ocidental: França, Alemanha, Luxemburgo e mais recentemente para a Suíça.

Breve cronologia da emigração portuguesa para França.
1917 
Inauguração da ‘Avenue des Portuguais’, em homenagem ao corpo expedicionário de 80.000 homens enviado por Portugal na 1ª Grande Guerra Mundial (1914-1918).
1918-1939  
Instalam-se em França cerca de 50.000 portugueses desmobilizados ou imigrados.
1955 
Início da construção do “bidonville” de Champigny-sur-Marne.
1956  
Acordo de mão-de-obra franco- português.  A maioria dos portugueses imigrantes entraria com contrato de trabalho e outros com "passeport de lapin", como clandestinos.
1961 
Início da guerra colonial nas colónias portuguesas de Angola, Moçambique, e Guinée-Bissau. Partida para França dos fugidos à tropa.
1961-1964 
Duplicação de entradas de emigrantes em França.
1962 
Primeiras regularizações dos imigrantes clandestinos.
1964 
Descoberta pela imprensa francesa do “bidonville” de Champigny (10.000 a 15.000 habitantes), ampliado até 1970.
1969 
Ano record de entrada de emigrantes portugueses em França: 80.000
1973 
Fim da imigração legal em França. Em treze anos o numero de portugueses emigrados tinha-se multiplicado por quinze. Tinha passado de 50.000 a 760.000 pessoas.
Em 1992 os dados estatísticos franceses informavam que a colónia portuguesa em França era: 646.000 cidadãos portugueses (345.150 homens e 300.428 mulheres), 153.000 com dupla nacionalidade, e 200.00 à 300.000 franceses de origem portuguesa.

Cabeleireiro no “bidonville”, em 1964

A estender a roupa - 1964

Trabalho nas docas de Austerlitz (1950)

Emigrantes na construção da “Tour de Montparnasse” (1971)

Segundo dados de 1999 a emigração de portugueses no Mundo estava assim distribuída: 4.806.353 Europa: 1.386.292. Américas: 2.993.127 África: 342.264 Ásia: 29.211 Oceania: 55.459..
A grande maioria dos emigrantes utilizaram o comboio “Sud-Express” para se deslocarem para esses países, e regressarem ou de vez ou em férias.
O “Sud- Express”, inaugurado em 1887 era comboio de luxo, com carruagens cama e restaurante, primeira ligação rápida entre Inglaterra, França, Espanha e Portugal. Em Julho de 1895, o “Sud-Express” passa a circular na Linha da Beira Alta. e em 1900, altera o percurso passando a circular por Salamanca, concluindo-se a ligação Salamanca - Portugal.


 “Sud-Express”, em França, (1896 )

Nos anos 40, em terras portuguesas

Há 124 anos que este comboio liga Lisboa a Paris, embora, em rigor, só vá até à fronteira francesa de Hendaye, onde outra composição faz o resto do percurso devido à diferença de bitola (distância entre carris). Hoje o troço é assegurado pelo TGV, mas durante décadas foi um comboio de luxo que assegurou o segmento francês da viagem.
nos anos 50, já com tracção a diesel, na Beira Alta

O “Sud-Express” realizava-se três vezes por semana e demorava 45 horas entre Lisboa e Paris, via Madrid. Foi um sucesso e passou a diário, tendo o seu percurso sido modificado: seguia directamente pela Beira Alta até Salamanca sem prestar vassalagem à capital do país vizinho. As grandes companhias marítimas alteraram os horários dos navios para fazer coincidir as suas partidas com a chegada do “Sud Express”. Desde o centro da Europa para a África e a América do Sul poupavam-se agora três dias de navegação e evitava-se a turbulenta travessia do golfo da Biscaia. E, graças ao caminho de ferro, Lisboa ganhava estatuto nas grandes rotas internacionais.
Presentemente em pleno século XXI, Portugal volta a revelar que, não apresenta condições para manter uma grande parte da sua mão-de-obra no nosso território. Só na última década, 700 mil portugueses saíram do País para trabalhar. Em 2007 e 2008, emigraram mais de 200 mil. É a terceira vaga da emigração e com níveis próximos dos anos 60 e 70.  E pelo que estamos a ver pelo presente, não vamos ficar por aqui …

restosdecoleccao.blogspot.com

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