A Península Ibérica é o habitat privilegiado para uma espécie rara de Lince Ibérico. Em todo o Mundo existem apenas quatro espécies deste felino, uma delas apenas em Espanha e Portugal, o Lynx pardinus. O animal que contribui para o equilíbrio do ecossistema tem vindo a desaparecer, sendo hoje considerada uma espécie «criticamente em perigo».
Com classificação idêntica está outra espécie: o abutre-preto. A ave costuma vir a território nacional alimentar-se, mas não se reproduz por cá. As suas colónias estão na vizinha Espanha.
Lince Ibérico e abutre-preto são os dois protagonistas do Projecto LIFE - Natureza «Promoção do habitat do lince-ibérico e do abutre-preto no sudeste de Portugal». O coordenador deste projecto é Eduardo Santos, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN).
Os objectivos desta iniciativa passam por «conservar e recuperar a paisagem mediterrânica, aumentar a disponibilidade alimentar para as espécies, promover o estabelecimento de populações das espécies e sensibilizar a sociedade civil para a conservação da natureza e da biodiversidade», adianta o responsável.
A perda do habitat natural, paisagem mediterrânica com montado e culturas diversificadas, foi um dos contributos para o declínio do lince ibérico e do abutre-negro.
O lince-ibérico
No caso do lince, um dos primeiros passos dados para o recuperar é voltar a ter nos campos populações de coelho-bravo, a principal presa do animal. Felino de pelagem castanho-avermelhada, manchada de preto, o lince tem cauda pequena e barbas. O seu peso médio é de 12 quilogramas quando atinge idade adulta, valor que diminui para nove quilogramas no caso das fêmeas.
«O coelho-bravo era muito frequente no sudeste de Portugal. A espécie terá desaparecido devido a doenças virais introduzidas nos anos de 1960 e 1980 com elevado índice de mortalidade. Juntam-se algumas alterações no ecossistema, abandono da agricultura tradicional. Situações que não contribuíram para a recuperação das populações depois dos episódios virais», comenta Eduardo Santos.
O coordenador do projecto afirma que a «ao contrário do que se possa pensar, recuperar coelhos-bravos e depois ter linces para os comer não significa extinção dos coelhos. O lince é um predador e como todo o grande predador é essencial para o equilíbrio do ecossistema. O facto do lince comer coelho-bravo, espécie fragilizada, contribui para que a população seja mais saudável, porque o lince alimenta-se de animais doentes, mais frágeis. Além de contribuir para equilíbrio na existência de outras espécies predadoras, agora mais abundantes como raposas ou sacarrabos».
O abutre-preto
A área de intervenção deste projecto inclui as regiões de Mourão, Moura, Barrancos, Vale do Guadiana (Alentejo), e Serra do Caldeirão (Algarve). É próximo de Barrancos, vila fronteiriça, que existe uma colónia de abutres-pretos. Os animais têm o hábito de se alimentar por terras lusas. O Projecto LIFE quer criar condições não só na sua alimentação, à base de animais mortos, bem como para a constituição de colónias em Portugal.
Eduardo Santos adianta: «Com vista à colonização do território português, as duas acções mais importantes que temos feito são, por um lado ter campos de alimentação, zonas vedadas e devidamente licenciadas, onde se podem depositar animais mortos para alimentar os abutres, por outro colocar ninhos artificiais em zonas muito concretas que têm condições adequadas para que a espécie se volte a reproduzir em solo português. Em Barrancos já construímos dez ninhos artificiais e estamos a preparar mais dez para o concelho de Moura e contamos preparar o mesmo para Mértola».
Se os abutres-pretos ocuparem esses ninhos, nos céus do Alentejo veremos aves de rapina necrófagas, de plumas negras que atingem os três metros de comprimento quando chegam à idade adulta.
Para o coordenador do Projecto LIFE Habitat Lince Abutre, a recuperação destas duas espécies tem «elevado» valor devido «à importância ambiental. Muitas vezes sob o pretexto de conservação do lince e do seu habitat acaba-se por estar a conservar todo um ecossistema, todo um conjunto de espécies que estão abaixo dele, espécies que dependem de paisagens com características semelhantes», pormenoriza.
À protecção e conservação do ambiente, junta-se o «valor patrimonial, cultural e económico. O lince não é um animal muito fácil de observar. Contudo, em Espanha, na expectativa de estar numa zona de linces e ver um, já recebem visitantes. Quanto aos abutres-pretos, há observadores de aves que pagariam para os observar no seu habitat natural».
O Projecto LIFE Habitat Lince Abutre iniciou-se em 2010 e está vigente por quatro anos. «Neste primeiro ano tivemos essencialmente a elaborar os protocolos de colaboração e a fazer cartografia do terreno de intervenção para concluirmos quais as mais importantes e por aí iniciarmos o trabalho», comenta Eduardo Santos.
Os protocolos são estabelecidos com proprietários de terrenos, caçadores e entidades que intervenham na região.
Com um orçamento estimado de 2600 milhões de euros, o Projecto LIFE Lince Abutre emprega a tempo inteiro nove pessoas, «todos funcionários da LPN. Mas se contabilizarmos as pessoas que dentro de cada parceiro também se dedicam ao projecto, o número sobe para 20», conclui Eduardo Santos. O valor orçamentado é co-financiado a 75% pelo programa LIFE-Natureza da Comissão Europeia e os restantes 25% divididos pela Fauna e Flora Internacional e o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade.
Terminado o período de quatro anos, o coordenador do projecto considera que haverá ainda trabalho para fazer. «Os objectivos a que nos propomos são de longo prazo, não é com um ou com dois projectos que se vão atingir. Nem tão pouco são projectos destes isoladamente que os vão conseguir. Portanto é com o esforço comum, de várias entidades, de vários projectos que se poderá atingir os objectivos».
No entanto, acredita que pelo ano de 2014 vão estar reunidas condições para que os animais continuem a alimentar-se em território nacional e possam assim começar a reproduzir-se no sudeste português.
Paralelamente às intervenções no terreno, o projecto faz-se também como «acções de educação ambiental nas escolas e para o público em geral, folhetos informativos, publicação de uma banda desenhada sobre o lince ibérico e actualização constante do site Lince Ibérico».
Com classificação idêntica está outra espécie: o abutre-preto. A ave costuma vir a território nacional alimentar-se, mas não se reproduz por cá. As suas colónias estão na vizinha Espanha.
Lince Ibérico e abutre-preto são os dois protagonistas do Projecto LIFE - Natureza «Promoção do habitat do lince-ibérico e do abutre-preto no sudeste de Portugal». O coordenador deste projecto é Eduardo Santos, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN).
Os objectivos desta iniciativa passam por «conservar e recuperar a paisagem mediterrânica, aumentar a disponibilidade alimentar para as espécies, promover o estabelecimento de populações das espécies e sensibilizar a sociedade civil para a conservação da natureza e da biodiversidade», adianta o responsável.
A perda do habitat natural, paisagem mediterrânica com montado e culturas diversificadas, foi um dos contributos para o declínio do lince ibérico e do abutre-negro.
O lince-ibérico
No caso do lince, um dos primeiros passos dados para o recuperar é voltar a ter nos campos populações de coelho-bravo, a principal presa do animal. Felino de pelagem castanho-avermelhada, manchada de preto, o lince tem cauda pequena e barbas. O seu peso médio é de 12 quilogramas quando atinge idade adulta, valor que diminui para nove quilogramas no caso das fêmeas.
«O coelho-bravo era muito frequente no sudeste de Portugal. A espécie terá desaparecido devido a doenças virais introduzidas nos anos de 1960 e 1980 com elevado índice de mortalidade. Juntam-se algumas alterações no ecossistema, abandono da agricultura tradicional. Situações que não contribuíram para a recuperação das populações depois dos episódios virais», comenta Eduardo Santos.
O coordenador do projecto afirma que a «ao contrário do que se possa pensar, recuperar coelhos-bravos e depois ter linces para os comer não significa extinção dos coelhos. O lince é um predador e como todo o grande predador é essencial para o equilíbrio do ecossistema. O facto do lince comer coelho-bravo, espécie fragilizada, contribui para que a população seja mais saudável, porque o lince alimenta-se de animais doentes, mais frágeis. Além de contribuir para equilíbrio na existência de outras espécies predadoras, agora mais abundantes como raposas ou sacarrabos».
O abutre-preto
A área de intervenção deste projecto inclui as regiões de Mourão, Moura, Barrancos, Vale do Guadiana (Alentejo), e Serra do Caldeirão (Algarve). É próximo de Barrancos, vila fronteiriça, que existe uma colónia de abutres-pretos. Os animais têm o hábito de se alimentar por terras lusas. O Projecto LIFE quer criar condições não só na sua alimentação, à base de animais mortos, bem como para a constituição de colónias em Portugal.
Eduardo Santos adianta: «Com vista à colonização do território português, as duas acções mais importantes que temos feito são, por um lado ter campos de alimentação, zonas vedadas e devidamente licenciadas, onde se podem depositar animais mortos para alimentar os abutres, por outro colocar ninhos artificiais em zonas muito concretas que têm condições adequadas para que a espécie se volte a reproduzir em solo português. Em Barrancos já construímos dez ninhos artificiais e estamos a preparar mais dez para o concelho de Moura e contamos preparar o mesmo para Mértola».
Se os abutres-pretos ocuparem esses ninhos, nos céus do Alentejo veremos aves de rapina necrófagas, de plumas negras que atingem os três metros de comprimento quando chegam à idade adulta.
Para o coordenador do Projecto LIFE Habitat Lince Abutre, a recuperação destas duas espécies tem «elevado» valor devido «à importância ambiental. Muitas vezes sob o pretexto de conservação do lince e do seu habitat acaba-se por estar a conservar todo um ecossistema, todo um conjunto de espécies que estão abaixo dele, espécies que dependem de paisagens com características semelhantes», pormenoriza.
À protecção e conservação do ambiente, junta-se o «valor patrimonial, cultural e económico. O lince não é um animal muito fácil de observar. Contudo, em Espanha, na expectativa de estar numa zona de linces e ver um, já recebem visitantes. Quanto aos abutres-pretos, há observadores de aves que pagariam para os observar no seu habitat natural».
O Projecto LIFE Habitat Lince Abutre iniciou-se em 2010 e está vigente por quatro anos. «Neste primeiro ano tivemos essencialmente a elaborar os protocolos de colaboração e a fazer cartografia do terreno de intervenção para concluirmos quais as mais importantes e por aí iniciarmos o trabalho», comenta Eduardo Santos.
Os protocolos são estabelecidos com proprietários de terrenos, caçadores e entidades que intervenham na região.
Com um orçamento estimado de 2600 milhões de euros, o Projecto LIFE Lince Abutre emprega a tempo inteiro nove pessoas, «todos funcionários da LPN. Mas se contabilizarmos as pessoas que dentro de cada parceiro também se dedicam ao projecto, o número sobe para 20», conclui Eduardo Santos. O valor orçamentado é co-financiado a 75% pelo programa LIFE-Natureza da Comissão Europeia e os restantes 25% divididos pela Fauna e Flora Internacional e o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade.
Terminado o período de quatro anos, o coordenador do projecto considera que haverá ainda trabalho para fazer. «Os objectivos a que nos propomos são de longo prazo, não é com um ou com dois projectos que se vão atingir. Nem tão pouco são projectos destes isoladamente que os vão conseguir. Portanto é com o esforço comum, de várias entidades, de vários projectos que se poderá atingir os objectivos».
No entanto, acredita que pelo ano de 2014 vão estar reunidas condições para que os animais continuem a alimentar-se em território nacional e possam assim começar a reproduzir-se no sudeste português.
Paralelamente às intervenções no terreno, o projecto faz-se também como «acções de educação ambiental nas escolas e para o público em geral, folhetos informativos, publicação de uma banda desenhada sobre o lince ibérico e actualização constante do site Lince Ibérico».
Sara Pelicano; foto - Programa de Conservación Ex-situ del Lince Ibérico
in:cafeportugal.net
Sem comentários:
Enviar um comentário