quarta-feira, 24 de março de 2021

…quase poema… ou das profecias…

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Ontem encontrei um Pobre…andrajoso…e esquecido…Senhor de antigas riquezas! Sim, os Pobres andam por aí, no meio das multidões…no sossego das aldeias…nos recantos silenciosos dos montes…Este Pobre muitas vezes estendeu as mãos e repartiu rosas que logo miraculosamente se transformaram em pão. Repartiu rosas…rosas de pão….e somente recebeu palavras ditas em sussurro…tremendamente perigosas quando enfeitiçam a alma cheia de compaixão e caridade e deixam os homens à beira da morte…ou da loucura onde cabem todos os silêncios e ingratidões! Depois, quando já lânguido e sem forças, o Pobre se rendeu e as mãos secaram na escassez das rosas e começaram a nascer espinhos, sentiu uma imensa dor e o coração mordido… vendo bocas vermelhas de sangue que lhe comiam as mãos na ausência do pão.
É então que acreditamos que o mal desceu ao povoado e as profecias do Apocalipse se estão a cumprir…enquanto os vampiros impunes se deleitam com a fome dos que repartiram o pão…ou as rosas…
…é a hora…os Profetas andam pela cidade e ouve-se de novo o clamor do enviado do Senhor no Livro dos Provérbios:
- Não roubes ao pobre, porque é pobre, nem atropeles, na porta, o aflito!
Estas são as palavras do Senhor…de todo o pão e de todas as rosas!
…terminou o tempo do amor…terminou todo o tempo…é a hora …
Disse o Profeta erguendo uma espada luzente como o sol ao meio-dia!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.


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