segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Há 1600 anos nasceu o reino da Galiza que fecundou Portugal

Quando Portugal nasceu (em 24 de Junho de 1128 na Batalha de S. Mamede, em Guimarães), o reino da Galiza completava 717 anos.
Em 2011 que estamos a viver, aquele reino da Galiza completa 1600 anos de existência. E Afonso Henriques que fundou Portugal, completou, segundo a tradição, 900 anos de nascimento. Eis duas boas razões para que galegos e portugueses se entendam para assinalar tão simbólicas efemérides.
A Câmara de Montalegre acolheu no último sábado de Novembro, dia 26, uma sessão cultural para assinalar essas datas históricas. Pelas 21 h teve lugar no Ecomuseu Padre Fontes para quantos quiseram aderir ao convite que registou duas presenças: Alexandre Banhos, representante galego da Fundação Meendinho, que desenvolveu o tema relativo aos 1600 anos da fundação do reino da Gallaecia, pelo rei suevo Hermerico, no ano de 411, que estabeleceu a sua capital em Braga. Foi esse o primeiro reino que adoptou oficialmente o catolicismo e que instituiu moeda própria (no ano de 449). Mais tarde outras cidades como Tui, Oviedo e Leão beneficiaram do estatuto de centros por excelência do reino cristão da Península Ibérica. O signatário falou dos 900 anos de Afonso Henriques.
Compostela impor-se-ia, no século XI como capital desse reino. Por essa altura e, desde 868, a esse reino estava subjugado o primeiro Condado Portucalense, representado por Vímara Peres. Esse primeiro Condado Portucalense tinha resultado da Reconquista Cristã e do repovoamento da zona entre o Minho e o Douro por esse Conde que teve, até à Batalha do Pedroso, em 1071, mais oito  titulares. O último chamou-se Nuno Mendes e era descendente de Mumadona Dias que fundara, em Guimarães, a sede Condal, onde viria a nascer Afonso Henriques, em 1111.
Nuno Mendes revoltou-se contra o Rei Garcia nessa batalha, perto de Braga. E não só foi derrotado como foi morto, terminando com essa morte o primeiro Condado Portucalense que durou 203 anos.
Em 1073, Afonso VI que iniciara o reinado em 1065, em Leão e distribuíra a seus irmãos: Sancho II o reino de Castela; e ao irmão Garcia, os reinos da Galiza e de Portuscale, reunifica em 1073, em si próprio, as coroas de Leão, Castela, Galiza e Portuscale.
No concílio de Burgos, em 1080, é abolido, oficialmente, o rito moçárabe. É restabelecido o bispado de Coimbra e, em 1085, Afonso VI conquista Toledo. Só que no ano seguinte os Almorávidas derrotam Afonso VI, em Zalaca.
Em 1087 chega de Borgonha D. Raimundo que, em 1090/91, casa com D. Urraca, filha de Afonso VI. Como dote de casamento entrega-lhes o governo do território da Galiza.
Em 1095 os Almorávidas conquistam Lisboa, derrotando o Conde D. Raimundo.
No ano seguinte já se encontra às ordens de Afonso VI, um primo e compatriota de D. Raimundo.
Chama-se Henrique e o Rei de Leão e Castela, casa com ele, a filha mais nova e ilegítima, D. Teresa. Tal como confiara a Galiza e Portuscale ao genro D. Raimundo, assim procede com o novo genro, elevando-o a titular do segundo (1096-1128) Condado Portucalense.
Estamos no ano de 1096. Raimundo e Henrique, passam a ser cunhados, além de primos que já eram. Só que Raimundo é favorecido em território e em títulos por ter casado com a filha legítima do Rei que mandava em tudo e em todos.
Henrique casara com a «formosíssima» Teresa. Mas esta e o marido não aceitavam, de ânimo leve, que Urraca e Raimundo tivessem mais poder. E, junto de Afonso VI, que faleceu em 1109, muitas tentativas fizeram para equilibrar o território e o poder. Tudo em vão.
Os jovens condes fixam residência em Guimarães, nas instalações que Mumadona Dias preparara para si, para seu marido Hermenegildo Gonçalves e para os seis filhos. Ele fora titular do primeiro Condado, quando  concluíram que na Foz do Douro, onde inicialmente estivera, não deveria continuar por causa das perseguições moçárabes que ali aportavam, por mar.

Teresa e Henrique começam por conceder, nesse mesmo ano em que casam, o I Foral  à vila de Guimarães. Era um primeiro sinal de conciliação com as populações em que iam integrar-se. Pouco depois concedem idêntico Foral a Constantim de Panóias (Vila Real).
Aí terão nascido duas filhas e, só depois, nasce o  varão Afonso, no provável ano de 1111, proclamado pela tradição. A educação do jovem Afonso é confiada ao aio Egas Moniz. Este incute no educando os valores que seu Pai preconizava para se emancipar e expandir para sul do Douro.
Mas o Conde D. Henrique, após uma visita ao sogro que se encontrava enfermo, morre em Astorga, em 1114, dizem uns; em 1112, dizem outros. Reza a tradição que «quando o pai morre, o filho teria entre dois e três anos». Não descortinaram até hoje os historiadores, nem provas documentais, nem argumentos convincentes que permitam afirmar o ano. Sabe-se apenas - e também pela tradição  - que nasceu em Guimarães, em 25 de Julho.
É rico em lendas e em factos reais, o percurso de vida do nosso I Rei. Sabe-se que faleceu em Coimbra, em 6 de Dezembro de 1185. Dizem alguns cronistas que reinou 76 anos. Dizem outros que morreu com a idade de 91 anos, o que remete o nascimento para 1094.
Seja como for é inegável que em 24 de Junho de 1128, se viveu «a primeira tarde portuguesa», quando o filho derrota a Mãe que  se afasta para a Galiza, com o amante, Fernão Peres de Trava.
Afonso Henriques ainda permaneceu em Guimarães até 1131, ano em que transfere a sede do futuro reino de Portugal para Coimbra.


in: jornal.netbila.net

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