sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Comerciantes de Bragança antevêem quebras até 50 por cento nas vendas

Depois de anunciada meses a fio nas televisões, aí está ela. A crise chegou ao Nordeste Transmontano nesta época natalícia. Pelo menos, é o que dizem os comerciantes de Bragança, que esperam uma quebra nas vendas que, nalguns casos, podem chegar aos 50 por cento. 
“Está muito fraco, há pouco dinheiro. As pessoas não entram, não compram. Está muito fraco. Quase 50 por cento”, diz Irene Barreira, de uma sapataria. Já Maria Alice Barreira, de uma ourivesaria, também nota que “as pessoas estão mais contidas e procuram prendas económicas”. Por sua vez, Cristina Cordeiro vê as pessoas “muito mais a medo, compram, mas menos, e vão ao mais barato”. Por isso, espera uma quebra “de uns 30 por cento” na loja de artigos de decoração de que é responsável.
Mas também em Macedo de Cavaleiros há menos gente a comprar.

Os empresários apontam, por um lado, o despovoamento do Interior como uma das causas.
Mas a concorrência das grandes superfícies é o principal inimigo.
“Não há gente, a cidade está deserta, há falta de dinheiro, mas não é o maior problema, o problema é não haver pessoas, porque notasse quando vêm alguém de fora, já se faz algum movimento”, diz Maria José.
Leonor Valadar acrescenta, “deviam fazer-se uns eventos natalícios para chamar o povo, porque ao haver gente já se fazia algum movimento, além da crise que atravessamos, se houvesse eventos que atraíssem o povo ia animar um pouco mais o negócio”.
Rufino Afonso diz que a culpa é das grandes superfícies e que a aposta deveria passar pelos produtos endógenos. “Estou aqui há 30 anos e isto tem estado a piorar de ano para ano”, realçando que “ o grande problema é as grandes superfícies que vendem 80%, mandam vir as coisas de fora, e as batatas e o azeite ficam em casa do agricultor, quando se devia esgotar os produtos ao lavrador, temos um azeite tão bom”.

Mas não é só no comércio que se sente o peso da Troika.
O cidadão comum também está mais comedido na hora de comprar.
As crianças serão, no entanto, as mais protegidas.
“Tentamos ter mais cuidado, mas evitamos cortar nas crianças”, diz Jorge Paradinha. Já Tiago Cordeiro diz que vai gastar “o menos possível” mas apenas “nas prendas”, porque na ceia não. “É uma ocasião especial e toda a gente tem direito a uma ceia de Natal em condições”. Jacinta Afonso, emigrante, diz que não tem sentido a crise de que se fala por cá, mas nota “os preços mais elevados e menos gente nas lojas”.
Natália Santos, que já sofreu um corte no subsídio de Natal, diz que vai fazer “menos compras” para si nos saldos, mas vai comprar “prendas para os sobrinhos”.
As autarquias também procuram dar um empurrãozinho ao comércio. Em Bragança, os horários foram alargados nas semanas antes do Natal e foi concedido estacionamento gratuito junto a algumas superfícies.
Já em Macedo de Cavaleiros, a autarquia ofereceu vales de desconto para o comércio local.


Escrito por Brigantia/CIR
in:brigantia.pt

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