domingo, 29 de janeiro de 2012
Bragança sem água das barragens
«Tivemos de mandar vir, em Outubro, camiões com cisternas de água do concelho mais próximo para abastecer as populações» – revela ao SOL o presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes. Foi a solução encontrada para evitar que, com a falta de água existente na Barragem de Serra Serrada, no Alto Sabor, os habitantes ficassem sem água para consumo.
«O nível da água na represa é muito inferior à sua capacidade», lamenta o autarca, acrescentando que é preciso «assegurar o armazenamento da albufeira para o Verão, sobretudo se não chover em breve».
Em causa estão os níveis das chuvas, «quatro vezes inferiores aos do ano passado», naquele que se arrisca, a par de 2005 e 2007, a ser «o pior dos últimos 50 anos», diz ainda Jorge Nunes, garantindo que a situação está perto de se tornar «catastrófica».
Entretanto, para não estar sempre a ir buscar águra a outros concelhos, a autarquia resolveu recuperar a técnica já usada durante a seca de 2005. «Tivemos de encontrar outras linhas de água subterrâneas», explica Jorge Nunes, lembrando que «Bragança tem um problema estrutural de falta de albufeiras». Para abastecimento do concelho, garante, «é fundamental a construção de uma nova barragem no Alto Sabor» – um projecto antigo que tem esbarrado em problemas ambientais. «Agora, temos um novo projecto que está em discussão pública», conclui.
É que, além do abastecimento da população, estão em causa os campos agrícolas do distrito. Em Fevereiro, a autarquia vai avaliar a situação e definir as medidas a tomar. Também em Fevereiro uma comissão do Instituto da Água (IA) e de outras entidades vai reunir para avaliar a situação do país, adiantou ao SOL o presidente daquele organismo, Orlando Borges.
Com o país ainda em situação de seca ligeira, o responsável reconhece que «Bragança e a margem esquerda do Guadiana são as duas situações» que apresentam os maiores cuidados. No primeiro caso, explica, o problema deve-se sobretudo ao facto de o distrito ter «uma só albufeira com uma capacidade de armazenamento muito limitada».
No Alentejo, também a Barragem de Odivelas desperta alguma apreensão. «Admitimos, se houver necessidade, recorrer à Barragem do Alvito » – diz o presidente do IA, acrescentando que, apesar de a situação merecer «acompanhamento», por enquanto «não é necessário tomar medidas adicionais» (como restringir o usos da água nas barragens).
Este cenário de um «país vulnerável a períodos de seca» justifica o investimento («muitas vezes criticado») em infra-estruturas hidráulicas, defende Orlando Borges, garantindo que as albufeiras do país «têm capacidade para abastecer as populações durante dois a três anos», sem chuvas.
sonia.balasteiro@sol.pt
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