O município de Vila Flor, em Trás-os-Montes, criou um projeto de habitações comunitárias dirigido a idosos carenciado. A iniciativa proporciona abrigo, conforto e apoio a quem, após uma vida de trabalho, não tinha com quem contar.
O Projeto Luta Contra a Pobreza "Vila Flor Solidária" terminou há já 13 anos, mas dele resultaram cinco casas comunitárias, que ainda hoje subsistem: uma na sede de concelho e quatro em aldeias do município.
Construídas a partir de antigos palheiros e habitações em ruínas, os edifícios contêm, dentro de si, vários lares onde permanecem, na maioria dos casos, os primeiros inquilinos.
À agência Lusa, Isabel Roio, hoje com 89 anos, confessa que só aos 76, "depois de uma vida escrava", soube o que era uma verdadeira casa que prefere como alternativa a um lar. A idosa explica: "Faço o que quero, vou para onde quero. Morro mais depressa se me metem num lar".
Se não fosse a Casa Comunitária de Vila Flor, João Pereira "não tinha onde viver". Foi um dos estreantes e continua a pagar uma renda de cinco euros por um espaço que lhe permitiu também dar a mão e abrigo ao irmão António, de 62 anos, desempregado.
A Santa Casa da Misericórdia de Vila Flor (SCMVF) é responsável por três destas casas, as de Vila Flor, Vilas Boas e Vale Frechoso. As outras duas, em Seixo de Manhoses e Santa Comba da Vilariça, foram entregues às juntas de freguesia.
Projeto implementado há 13 anos com bons resultados
As Casas Comunitárias foram concebidas a pensar, sobretudo, nos idosos, mas acolheram também outras famílias, como jovens casais com fracos rendimentos ou situações de emergência social.
Para o presidente da Câmara, Artur Pimentel, estas casas "preenchem uma lacuna que continua a existir em todos os concelhos do interior e no mundo rural, que é a solidão, é o isolamento de muita gente, sobretudo pessoas de mais idade".
O autarca não deixa de recordar, no entanto "a relutância que houve, na altura, por parte dos responsáveis nacionais do Projeto de Luta Contra a Pobreza" em relação a este modelo, em que forma investidos metade dos cerca de 500 mil euros destinados ao concelho transmontano.
"Não fomos muito compreendidos em relação a estas ações em que, gastando-se pouco dinheiro, ficaram para o futuro. O tempo veio-me dar razão e eu não sei o que é que ficou de todos esses projetos de luta contra a pobreza espalhados pelo país, sei aquilo que ficou de bom, efetivamente, aqui no concelho de Vila Flor" disse.
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