quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Morte e os Diabos em Vinhais


É já no próximo dia 22 de Fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, que os Diabos saem à rua em Vinhais, concelho de Bragança, em busca de almas pecadoras. A partir das 14h30, o centro histórico de Vinhais será palco de uma das mais antigas tradições nacionais, marcada pela performance dos mascarados diabólicos.
A Quaresma assinala um período de respeito e penitência, trazidos à lembrança dos habitantes de Vinhais pela encenação das tenebrosas figuras da Morte o do Diabo que, na Quarta-feira de Cinzas, percorrem as ruas da vila sequiosas de almas pecadoras.
Os diabos perseguem e capturam os humanos que, desafiando o poder sobrenatural daqueles, se atrevem a sair à rua, purificando-os com acutilantes cinturadas e apresentando-os perante a Morte que, empunhando uma gadanha de forma ameaçadora, os obriga, de joelhos, a recitar umas estranhas ladainhas semi-pagãs, impondo temor e lembrando que pode chegar a qualquer altura ceifando-lhes a vida a seu bel-prazer.


"Padre-nosso, caldo grosso, carne gorda não tem osso, rilha-o tu que eu não posso.


Salve rainha, mata a galinha, põe-na a cozer, dá cá a borracha que quero beber.


Creio em Deus, padre todo-poderoso, o filho do rei criou um raposo."


Trata-se de um costume secular e único em Portugal, cujas origens permanecem desconhecidas havendo, no entanto, diferentes interpretações que a situam nas celebrações dos Lupercais romanos, nas procissões da Quarta-feira de Cinzas, na Idade Média, ou mesmo por influência dos franciscanos do Convento de São Francisco de Vinhais, durante os séc. XVIII e XIX.
Perfeitamente enraizada nas tradições vinhaenses, em cada ano revivida com toda a genuinidade de outrora e preservada com todo o carinho e respeito pela identidade cultural deste povo serrano, a Quarta-feira de Cinzas vem provar que Vinhais é mesmo "uma terra dos Diabos".

1 comentário:

  1. Em Vinhais não havia a censura??? Ou estava tão interiorizada que nem era preciso falar nela? ;)

    No caminho da vila e além do rio era a morte, o diabo e a censura...

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