sábado, 31 de março de 2012
Entrevista Bispo Bragança-Miranda Nov2011
Entrevista de D. José Cordeiro, 44. Bispo da diocese de Bragança-Miranda, Portugal, à TVI em Novembro de 2011
sexta-feira, 30 de março de 2012
O Portugal de Agostinho da Silva - Agostinho da Silva entrevistado por Victor Mendanha
«Amor não quer cordeiros nem bezerros».
Luís de Camões
«(...) A Deusa [Tethys], no decurso da sua descrição da Esfera, emprega sempre o vocativo no singular; diz "vê" e não "vede". O importante, neste ponto obscuro, é não esquecer aquilo que Camões, num soneto, põe como condição para o entendimento dos seus versos:
Entendei que, conforme o amor tiverdes,
Tereis o entendimento dos meus versos.
Devemos observar que ele, ao escrever "conforme o amor tiverdes", não se refere a graus de amor, embora os possa ter em mente, mas a diferentes formas de amor. Há o amor disforme, insusceptível de constituir tão só que seja o primeiro termo daquela escala que vai do amor pela qual as almas se amam através da união dos corpos até ao amor pelo intelecto que espelha o divino».
António Telmo
«Camões pensava que no futuro se ia completar tudo aquilo que Atenas lançou ao Mundo porque, na realidade, o Mundo de hoje é, ainda, um produto que saiu de Atenas e que, de uma maneira mais geral, podemos dizer que saiu da Grécia.
O Mundo, até hoje, foi todo construído por dois elementos que de lá vieram e que tiveram um intermediário fundamental no Império Romano, pois foi este que tornou prático aquilo que para os gregos era, apenas, teórico.
Trata-se da Filosofia, a qual nos incita a pensar, sempre, coerentemente os fenómenos que aparecem. A tendência humana seria a de pensar disperso, mas o grego lançou a ideia de que o importante é pensar coerentemente o Universo.
Por outro lado, o grego inventou a Geometria que, sobretudo, depois do «casamento» que Descartes lhe fez com a Álgebra, na Geometria Analítica, nos deu todas as possibilidades de construirmos um Mundo Técnico e um Mundo Científico.
Duas coisas que se herdaram de lá.
São duas coisas inteiramente aproveitáveis? Eu, por mim, creio que não.
A Filosofia tem um perigo terrível, que é o de cada homem, por esse pensamento filosófico, acabar de construir uma verdade e achar que é o senhor da Verdade e, portanto, ter quase à mão uma Inquisição pronta a agir.
Quanto à Ciência é a mesma coisa. Quanto à Ciência, também o perigo de pensarmos que o Universo é inteiramente racional, que o Universo é inteiramente matemático, que tudo está dentro de uma determinação de lógica matemática quando, hoje, a própria Física Quântica está a chegar ao ponto de ter de concordar que a Vida tem mais imaginação do que a Matemática.
Assim como o Universo é mais complicado, mais complexo, mais incompreensível, fundamentalmente, do que a lógica da Filosofia, do mesmo modo a Vida nos aparece com mais imaginação que a Matemática.
Foram bons instrumentos para subirmos, como são os degraus da escada e o corrimão, mas talvez não um patamar em que fiquemos, nem um terraço para contemplarmos o verdadeiro Céu».
Agostinho da Silva
Victor Mendanha – O que devemos fazer para enriquecer, espiritualmente, as nossas vidas?
Agostinho da Silva – O que interessa é ver de que maneira poderemos trazer à nossa vida aquilo que não veio. Os gregos possuíam a tal Mitologia e a Mitologia não se desenvolveu, pois aparece o Cristianismo a trazer a disciplina ao Mundo. Primeiro, sem a disciplina das legiões romanas e da burocracia romana – mesmo com todos os males de que sofria -, segundo, a disciplina marcada pelo pensamento cristão, não haveria a possibilidade de levar o Mundo ao ponto em que, efectivamente, está hoje.
V. M. – E a tal possibilidade, sonhada por Camões, de sermos plenamente homens e, ao mesmo tempo, livres do Tempo e do Espaço?
A.S. – Já lá chegaremos…
Vamos ficar na pluralidade da Mitologia grega, dos tais deuses e deusas, da tal malandragem que fazia o que queria no mundo? Não, porque o Cristianismo introduziu, nessa evolução, nesse progresso, um ponto fundamental quanto ao Ocidente – pois no Oriente as coisas foram de outra maneira – concluindo-se que o importante é pensar a Unidade do divino.
A vida plena do homem, quanto ao fenómeno e o seu interesse fundamental em atingir o Eterno, fora do Tempo e do Espaço, tem de ser posta não daquela maneira que os gregos a puseram, com a pluralidade dos deuses e das deusas, mas com a questão do Divino que se encontrou no Ocidente com a ideia de um Deus Todo-Poderoso, Omnisciente que criou o mundo e promove o seu desenvolvimento.
No Oriente, quando ali se pensou o Divino, chegaram fundamentalmente à conclusão, com Buda, de que o essencial do Mundo é alguma coisa à qual nós podemos chamar o Nada. Mas, na realidade, o que vem a ser o Nada? O Nada foi, sempre, a possibilidade de Tudo.
Então parece que, tendo o Ocidente chegado à ideia de um Divino Todo-Poderoso, Omnisciente, e tendo o Oriente chegado à ideia de o Divino ser o Nada, com a possibilidade de Tudo haver, talvez o esforço de pensamento e procedimento da Humanidade para o futuro seja esse, o de juntar as duas ideias.
Não será através do entendimento que ela irá atingir essa junção, pois torna-se logicamente impossível conseguir a união do Nada e do Tudo mas, apenas, pelo seu procedimento.
Isto é, portando-se ora como Nada ora como Tudo, exactamente como quando marchamos, avançando ora com o pé direito ora com o pé esquerdo…
Como lhe disse, não creio ser possível a qualquer espécie de Filosofia, a qualquer espécie de pensamento metafísico, juntar as duas coisas numa relação lógica mas torna-se viável pensar em procedimento humano.
No entanto, aceito a viabilidade das pessoas, quando iluminadas por esta ideia, começarem a portar-se, quando necessário, como aquelas que são capazes de Tudo e, quando é preciso, como aquelas que são capazes de Nada.
V. M. – Há, no Mundo, algo comparável a esse futuro comportamento ideal?
A.S. – Existe, agora, algo de interessante para observar, como a má consciência com que os japoneses estão a ser ricos. A vontade com que eles se atiram ao domínio do fenómeno, o espírito militar de Samurai com que se atiram à indústria.
Coisa curiosa e digna de meditação pois foi o arcabuz português, transportado pelos portugueses para o Japão, que permitiu a um senhor feudal, entre os muitos, vencer outro e outro senhor feudal, acabando por unificar o país, pondo todos os japoneses apostados num triunfo mecânico, num triunfo técnico sobre o futuro.
Isso foi conseguido por terem ido para a indústria com um espírito militar, um espírito de disciplina e ordem.
A.S. - O que lhes trouxe um bom nível de vida, o que já não é mau de todo…
A.S. – Trouxe-lhes a riqueza mas, como o seu pensamento fundamental era o de que o Divino é o Nada e que, como pessoas agregadas ao Divino, deviam fazer por isso, subitamente encontraram-se numa contradição por serem um dos países mais ricos do Mundo…
Estão a ter um procedimento curioso, procurando livrar-se do dinheiro dando grandes subsídios aos chamados países subdesenvolvidos, chegando a ajudá-los mais do que os norte-americanos, caso entre nas contas o produto nacional bruto dos dois países.
Ao mesmo tempo, procuram fazer com que os outros países ricos do Mundo, como os Estados Unidos da América ou a Alemanha Federal, comecem por acordar com os devedores desse Terceiro Mundo o não pagamento dos juros.
O Japão, apesar de ser um país oriental, orientado pelo conceito do Nada, chegou ao máximo a que poderia ter chegado o Ocidente onde existe e se persegue o conceito de Tudo, através do seu espírito fortemente militarista.
Agora, chegados ao máximo, os japoneses estão a encontrar a «parede» também encontrada pelos ocidentais: essa ofensa do Poder sobre a ideia de que o importante é o não Poder.
V. M. – Toda essa situação faz lembrar a filosofia das Ordens religiosas ocidentais.
A.S. - Exactamente. Os monges ocidentais, esses as quem se deve a construção da Europa, tiveram a mesma ideia.
Os seus votos de pobreza, de castidade, de obediência, são votos de ser Nada, de se libertarem pelo Não Ser.
Por não terem coisas; por não possuírem pessoas prisioneiras através do afecto – substituindo o afecto pessoal pelo afecto por todos -, e não se terem sequer a si próprios, ficaram livres.
Sobretudo através do voto de obediência, que funciona como argumento principal porque, quando decido obedecer a outro estou a dar-lhe o que eu era, não procurando ser.
Provavelmente, é o voto mais difícil, por colocarmos a nossa natureza à disposição do outro, já que faremos o que nos for possível fazer mesmo contrariando a nossa personalidade.
Os japoneses que levaram ao máximo esse voto de obediência, agora estão atrapalhados porque têm o Poder na mão e vão ser obrigados a resolver o mesmo problema posto a todo o Mundo.
V. M. – A qual problema se refere?
A.S. – As pessoas julgam irem ser pagas as grandes dívidas internacionais deste país àquele ou daquele ao outro?
Se o Brasil deve 3 biliões e não sei quê e os Estados Unidos da América 5 biliões e não sei quanto, quem vai pagar as dívidas a quem?
Haverá uma altura em que já nem se saberá quem é o credor e quem é o devedor.
Só então o problema se irá resolver.
V.M. – Irá resolver-se politicamente?
A.S. – Por política, por pensamento político? Não creio muito nisso, sabe?
A situação é tão complicada como a textura da Terra, com as suas placas tectónicas que, de vez em quando, chocam umas com as outras, provocando um terramoto.
Então, poderíamos censurar o mundo dos engenheiros por não terem encontrado, ainda, as máquinas suficientes para evitar os terramotos, não deixando chocar umas placas com as outras.
Não fazemos essa censura por pensar tratar-se de uma atitude idiota, no entanto continuamos a censurar os políticos porque eles não arranjam as máquinas necessárias para evitar os terramotos políticos.
Os actuais problemas do Mundo são de tal ordem que excedem toda a capacidade humana de os pensar.
Não sabemos, por exemplo, como iremos resolver o problema de manter vivos os desempregados já que serão cada vez mais por uma razão muito simples: eles não são desempregados, o que desapareceu no Mundo foi o emprego.
Não poderei dizer não estar o meu casaco pendurado se não houver cabides, sucedendo a mesma coisa com o desemprego: se não existe emprego como pode o desgraçado estar desempregado?
V.M. – Qual vai ser a saída desse impasse?
A.S. – O Mundo vai ter de os matar, deixando-os morrer, ou vai ter de os alimentar.
Quando optar pela segunda solução, o Mundo entrará num tipo de Economia completamente diferente. Já não se trata de uma economia de produção organizada mas, isso sim, de uma economia de distribuição organizada. Curiosamente, aquela que os portugueses criaram, na Idade Média, com o culto do Espírito Santo: o banquete gratuito na vida.
V.M. – Essas mudanças provocarão situações surpreendentes.
A.S. – Pois provocarão.
Por que é que os pais mandam os filhos para a escola? Porque sabem não haver outra forma de lhes arranjar emprego, que os empregos serão muito difíceis sem isso.
Mas se, agora, milhões de meninos já nascem reformados como passará a ser isso da instrução obrigatória e da escolaridade, tal como a temos, para preparar os meninos para as profissões?
O pensamento do Ministro da Educação Roberto Carneiro, quanto à necessidade de haver escolas que, ao mesmo tempo, possam dar capacidade de emprego para uns e liberdade para outros, através da instrução nas artes de que eles gostam – pode ser a agricultura, pode ser a pintura, pode ser a modelagem – é um pensamento certo.
V.M. – Não concorda com os tempos livres?
A.S. – Toda a gente sabe ser, o tempo livre, o pior presente que um homem pode receber.
Suponhamos que se conseguia que todos os meninos tivessem, como agora se diz, sucesso escolar mas, amanhã, não encontrando emprego, apenas lhes restava o tempo livre.
Não possuindo nada para preencher esse tempo livre, fariam toda a espécie de disparates, desde o suicídio até o assassínio dos outros.
V.M. – O tempo livre é assim tão pernicioso?
A.S. – O tempo livre, quando não se enche com coisa nenhuma, torna-se absolutamente insuportável, destruindo o indivíduo por completo.
É a razão porque morre tanto reformado já que, deixando de ter o seu emprego, se não encontrar novos objectivos na vida, a morte seguir-se-á rapidamente.
O facto de haver desemprego no Mundo é como o fermento que entrou na massa e faz o verdadeiro pão comido hoje por todos nós. A existência de desempregados irá obrigar o Mundo a prover os indivíduos das artes e das ciências de forma a permitir-lhes serem livres e criadores no tempo livre, assumindo na vida uma atitude completamente diferente, seja qual for a especialidade escolhida.
As coisas vão mudar nesse sentido.
V.M. – Qual a relação do banquete do Espírito Santo, de que falou, e o Canto IX de Os Lusíadas?
A.S. – Essa é a profecia de Camões, expressa na Ilha dos Amores. Através dessa história do fenómeno, ao mesmo tempo que o homem está atento ao fenómeno ele será capaz de pensar fora do Tempo e do Espaço, de se elevar à Eternidade.
Embora use algumas imagens da Mitologia greco-latina, Camões manifesta-se realmente apostado em algo mais importante, sendo esse algo mais importante o Divino que não se multiplica, que não é vários mas Ele, o fundamental do Universo, para nós impossível de definir nos termos próprios.
Somente o definimos com aquilo que nos é inteligível e necessário, afinal o nosso amparo na vida, pois seja qual for o nome dado ao Divino ele apenas consegue tornar a situação ainda mais difícil porque, diante do Divino, só o silêncio é capaz de o exprimir.
Sobretudo, não nos sendo possível imaginar o futuro da Humanidade, é conveniente assumir a humildade externa e interna capaz de levar a pessoa a sentir-se mais nada além de um clarão do Divino.
Um clarão do Divino e nada mais.
V.M. – Mas existem futurólogos, fazendo previsões.
A.S. – Só conseguimos imaginar o futuro da Humanidade presos dentro da mecânica conhecida mas ela pode mudar completamente.
Repare no movimento das galáxias, afastando-se umas das outras a uma velocidade cada vez maior à medida que se torna maior a distância entre elas. Ao atingirem a velocidade da luz ninguém mais consegue saber o que é feito das galáxias…
Também nós, devido ao progresso contínuo da Humanidade, considerado por toda a gente cada vez mais rápido quando se lembra a vida de há dez, vinte ou trinta anos atrás, consideramos ter andado o chamado progresso a uma velocidade extraordinária.
Quem sabe se esta lei não é a mesma das galáxias?
Quem sabe se não estamos a avançar com velocidade cada vez maior e, a certa altura, não ultrapassaremos a possibilidade de imaginar, podendo haver uma Humanidade futura sobre a qual não podemos fazer nenhuma ideia?
Quando falamos no progresso apenas podemos ajustar, cada vez mais, as nossas vidas pobres, pequenas, mesquinhas e limitadas, arranjando o melhor possível aquilo que não é inteiramente bom.
Mas quando tudo for, se for, inteiramente bom como iremos imaginar qualquer espécie de arrumação?
V.M. – Outro dilema, sem dúvida?
A.S. – Camões, porque os portugueses fizeram no Mundo uma Terra e fizeram o Mar, incita-nos a tentarmos fazer, agora, o Céu aberto na Terra e deixarmos andar, para vermos o que é que a Máquina Interna do Mundo é capaz de nos trazer.
Espero que Portugal cumpra isso e, quando falo de Portugal, não falo só do Portugal da Península mas falo do Portugal no Mundo.
V.M. – No Portugal da língua portuguesa?
A.S. – Quando se cita Fernando Pessoa, e se diz que a Pátria é a língua portuguesa, temos de compreender que ele afirmava isto a respeito do português aprendido depois de regressar da África do Sul, principalmente a propósito das mudanças ortográficas de 1911.
Podemos colocar, agora, a questão de outra forma, da maneira como ele gostaria que se colocasse: quem fala a língua portuguesa, onde se fala a língua portuguesa, quem se interessa pela língua portuguesa.
Mesmo não tendo nascido em nenhum território onde, oficial ou nativamente, se fale o português o indivíduo pode ser português. Quando vejo um inglês muito interessado por Fernando Pessoa ou um francês muito interessado por Camões, eles estão interessados em quê? Estão interessados pela Pátria da língua portuguesa e mostram que gostariam de ser nativos dessa Pátria.
Então é um Portugal a multiplicar-se pelo Mundo.
Está, por exemplo, dentro de outra «península ibérica», a que ocupa a chamada América Latina, com uma posição até melhor, devido ao tamanho do território, daquela existente no lado de cá do Atlântico. E a colaboração dessas duas penínsulas já deu rebentos na África e no próprio Pacífico, até no Índico, com Moçambique.
Deverá esse Portugal, tão diferente de região para região, ser atentamente pensado, pese embora constituir-se como um problema para os políticos, principalmente quando a gente se lembra que Manuel Bandeira considerou, certo dia, ser todo brasileiro um português à solta.
V.M. – Eu próprio sinto-me um prisioneiro no meu país.
A.S. – Parece ser esse o pensamento de Manuel Bandeira e, se o português tem de ir para o Brasil para ser um português à solta, é porque há reformas necessárias e urgentes a fazer, para Portugal deixar de ser uma cadeia.
Portugal tem, todo ele e em todas as partes do Mundo, de rumar para uma liberdade em que o Homem se possa interessar pelo aspecto dos fenómenos para si mais atraentes, seja da Física, seja da Pintura ou da Mística, sentindo-se atraído, simultaneamente, para o intemporal e para o não-espacial.
Por isso me parece serem Os Lusíadas, para além de um poema narrativo, histórico e épico – por relatar acções heróicas – também um poema profético, tendo Camões uma ideia do heróico muito curiosa.
Por exemplo, é heróico Afonso Henriques quando diz a Deus «que estais vós a animar-me a mim? Ide pregar aos infiéis»; ou a pobre Inês de Castro, abatida pela razão de Estado quando, para ela, o que imperava era o afecto e lá aguenta aquela morte como pode.
Camões mostra esse Povo heróico na Terra e heróico no Mar, também capaz de heroísmos no Céu.
Nesta situação, costumo lembrar-me do monumento aos Descobrimentos que está virado para o Tejo, junto do Mosteiro dos Jerónimos, no qual podemos ver aquela gente a elevar-se da Terra como se elevou Portugal. Eles vêm do solo, vão subindo por aquelas duas rampas, vão a caminho já do Mar e, subitamente, param.
Não há mais nada porque falta construir o resto da rampa.
Falta continuar o resto dessa rampa que iria chegar, espero que vá chegar, ao que nós chamamos Céu e que seria o verdadeiro destino de Portugal.
Mas chegar ao Céu não é ir, como os americanos e os russos, instalar fábricas no espaço.
V.M. – Haverá possibilidade de continuar a rampa?
A.S. – Espero que sim, pois fizemos coisas mais difíceis do que Ser. O que existe de mais fácil à pessoa é Ser, só que o terrível são as circunstâncias que, à volta dela, a impedem de Ser.
V.S. – Essas circunstâncias poderão ser afastadas?
A.S. – Havia uma tribo no Amazonas que gostava das crianças com a cabeça cúbica e, quando elas eram pequenas, punham-lhes umas talas na cabeça para obrigá-las a crescerem cúbicas.
Afinal de contas, é o que sucede a todos nós, pois no fundo, a nossa cabeça é cúbica visto as circunstâncias externas obrigarem a isso. Mas quando a Sociedade não nos colocar as suas talas, para nos impedir o crescimento normal, será possível que cheguemos ao mais pleno de nós próprios.
Então aí, como cada homem nasce diferente mesmo em cinco biliões de homens, teremos possivelmente uma pluralidade extraordinária no Mundo e faremos algo quase impossível de fazer hoje, que é amarmos a diferença.
Ainda gostamos muito de amarmos as semelhanças, damo-nos muito bem com aqueles que se parecem connosco, quando o nosso gosto também devia ser por aquilo que é diferente.
Quando se diz ter sido Camões um platónico, e isso mostra-se bem quando ele afirma atingir-se a beleza geral através da particular beleza, digo sempre existir aí um defeito por ele não nos referir o que acontecia à fealdade particular a conduzir-nos, tanta vez, à fealdade geral.
É necessário, igualmente, pôr esse ponto: ver no diferente o que existe de fundamental e dirigirmo-nos a esse fundamental.
Só quando o homem se dirigir ao seu fundamental é que se cumpre (Conversas com Agostinho da Silva, Pergaminho, 1994, pp. 95-109).
Ambiente - «Os portugueses estão cada vez mais sensibilizados para a importância da reciclagem»
Em 2011, a Sociedade Ponto Verde (SPV) enviou para reciclagem 711 mil toneladas de resíduos de embalagens. Luís Veiga Martins, Director Geral da SPV, entidade que em 2011 comemorou 15 anos de existência, diz que os portugueses reciclam hoje muito mais e que a consciência ambiental está cada vez mais presente nos lares nacionais. Parceiros importantes no trabalho da entidade são os municípios que, segundo o responsável, «têm sido uma peça fundamental para os resultados alcançados».
Café Portugal - Que balanço faz destes 15 anos de trabalho da Sociedade Ponto Verde?
Luís Veiga Martins - Muito se evoluiu ao nível da sensibilização dos portugueses. Há 15 anos os portugueses estavam menos atentos às questões ligadas à área do ambiente. Fruto das várias campanhas nacionais e locais promovidas pela SPV e pelos municípios, este cenário tem vindo a alterar-se significativamente. Como resultado desse trabalho, a SPV encaminhou para reciclagem, em 2011, 711 mil toneladas de resíduos de embalagens, ultrapassando a meta global de reciclagem fixada na sua licença. A taxa de reciclagem fixou-se nos 64%, sendo 55% a meta definida.
C.P. - Como tem sido essa evolução na sociedade civil, em termos de consciência para a importância de reciclar?
L.V.M. - A evolução tem sido muito positiva. Assistimos a um crescimento sustentado da participação dos portugueses no encaminhamento das suas embalagens usadas para reciclagem. Este crescimento é visível nos dados do estudo «Hábitos e Atitudes face à separação de resíduos de embalagens 2011», desenvolvido pela Intercampus para a Sociedade Ponto Verde, e divulgados no início deste ano. Dos 1075 lares observados, em 69% é predominante a prática de separação domiciliária de embalagens usadas. Do total dos inquiridos, 47% é separador total, ou seja, separa todos os tipos de embalagens usadas passíveis de separação (vidro, papel/cartão, plástico e metal), enquanto 22% é separador parcial, ou seja, separa apenas um ou dois tipos de materiais. Este é o valor mais elevado de sempre desde que o estudo começou a ser realizado em 2006, com as famílias a demonstrarem tendência para fazer a separação total. Fica demonstrado que os portugueses estão cada vez mais sensibilizados para a importância da reciclagem, aproximando-se dos valores de separação observado nos países do centro da Europa. O aumento das quantidades anualmente encaminhadas para reciclagem, comprovam também estes indicadores.
C.P. - Quais são os materiais mais reciclados pelos portugueses?
L.V.M. - Em 2001, em termos absolutos, o papel/cartão foi o material mais reciclado pelos portugueses (321.040 toneladas), seguido do vidro (217.159 toneladas).
C.P. – Como funciona a reciclagem dos resíduos das embalagens, desde a recolha até à reciclagem propriamente dita?
L.V.M. - A reciclagem começa em casa dos consumidores ao separarem as embalagens usadas. Estas são depois depositadas nos ecopontos ou recolhidas porta-a-porta: verde para o vidro, amarelo para o plástico, metal e embalagens para líquidos alimentares e azul para o papel/cartão. Posteriormente, as autarquias ou os sistemas municipais fazem a recolha e as embalagens seguem até à estação de triagem onde passam por um processo mais rigoroso de selecção e separação. Depois de devidamente tríadas, o percurso continua com o seu encaminhamento para as unidades de reciclagem consoante o tipo de material. Nessas instalações são alvo da transformação necessária para serem então incorporados em novos objectos e embalagens.
C.P. – O Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) é fundamental para organizar todo o processo? Em que medida?
L.V.M.- A criação do SIGRE surgiu com a obrigação legal de todas as empresas que colocam no mercado produtos embalados de gerirem os resíduos gerados pós-consumo dos seus produtos. As empresas têm duas opções: ou criar um sistema de gestão próprio, ou aderir a um sistema integrado, transferindo para este sistema a sua responsabilidade. Compete às empresas embaladoras que são aderentes da SPV pagarem um ecovalor destinado a suportar o custo acrescido da recolha selectiva dos municípios. Significa isto que, só com a contribuição dos embaladores seus aderentes é possível à SPV pagar às autarquias de forma a garantir a recolha e a triagem dos resíduos de embalagens. Uma vez triados, estes resíduos são vendidos pela SPV em leilão para as empresas recicladoras fechando o ciclo.
C.P. – As autarquias são fundamentais neste processo de recolha? E estão sensibilizadas?
L.V.M. - O Sistema Ponto Verde desenvolve a sua actividade através do trabalho realizado com diversos parceiros, sobretudo as autarquias e sistemas municipais. São eles que asseguram a recolha dos resíduos de embalagens junto da população e posterior tratamento para envio para a indústria de reciclagem. Sem o seu contributo e empenho, o sucesso do sistema e os resultados obtidos estariam comprometidos. Também compete aos sistemas municipais sensibilizar as suas populações para a reciclagem, papel coadjuvado pela SPV. As autarquias têm sido uma peça fundamental para o bom funcionamento do sistema e para os resultados alcançados.
C.P. - Outro dos grandes objectivos da SPV é promover a sensibilização e a educação ambiental junto dos portugueses. Como e de que forma o têm feito e que resultados práticos têm obtido?
L.V.M. - Desde a sua fundação que a SPV tem realizado campanhas de comunicação com o objectivo de informar e sensibilizar o consumidor para dois aspectos fundamentais: por um lado a importância da reciclagem das embalagens usadas, e por outro, a importância da contribuição de cada cidadão para este processo. Através dos estudos de consumidor que realizamos, vamos percebendo quais as principais dúvidas dos consumidores e quais as principais razões para adiarem a decisão em colaborar. Tentamos então dar resposta a estas dúvidas, através das campanhas que realizamos e das ferramentas que disponibilizamos. Mas o trabalho de sensibilização nunca está completo. Há que lembrar constantemente as pessoas que a reciclagem é um importante contributo para a redução da deposição de resíduos em aterros, para a poupança das matérias-primas e para a poupança de energia.
Ana Clara; Fotos:
in:cafeportugal.net
Bragança é o distrito do país com maior área ardida
Bragança é o distrito do país com a maior área ardida. Desde o início do ano foram destruídos 7630 hectares de floresta, mato e povoamentos. Segue-se o distrito de Vila Real, onde foram destruídos 4 688 hectares nos primeiros três meses de 2012.Segundo o relatório publicado pela Autoridade Florestal Nacional, este ano foi atípico e arderam mais 12 400 hectares do que em igual período do ano passado. Fevereiro foi o mês em que se registaram mais incêndios e também ardeu mais área.
O incêndio com maior área ardida no distrito registou-se em França, no concelho de Bragança, onde foram destruídos cerca de 830 hectares. Outro grande incêndio dizimou 500 hectares em Mofreita, no concelho de Vinhais.
Desde o início do ano foram registados no Nordeste Transmontano seis incêndios com uma área ardida superior a 100 hectares.
Escrito por Brigantia (CIR)
in:brigantia.pt
O incêndio com maior área ardida no distrito registou-se em França, no concelho de Bragança, onde foram destruídos cerca de 830 hectares. Outro grande incêndio dizimou 500 hectares em Mofreita, no concelho de Vinhais.
Desde o início do ano foram registados no Nordeste Transmontano seis incêndios com uma área ardida superior a 100 hectares.
Escrito por Brigantia (CIR)
in:brigantia.pt
Crime violento aumenta em Bragança, Évora, Santarém, Portalegre e Vila Real
Os distritos de Bragança, Évora, Santarém, Portalegre e Vila Real foram os que registaram um maior aumento da criminalidade violenta no ano passado, revela o Relatório Anual de Segurança Interna, a que a Lusa teve acesso.
De acordo com o documento, hoje analisado pelo Conselho Superior de Segurança Interna, nestes cinco distritos a criminalidade violenta e grave subiu mais de oito por cento (%).
Foram igualmente cinco os distritos onde a criminalidade violenta e grave subiu até 8% no ano passado relativamente a 2010: Beja, Coimbra, Leiria, Setúbal e Viseu.
Os distritos onde a criminalidade violenta e grave desceu, de acordo com o RASI, foram Lisboa, Castelo Branco, Guarda, Aveiro, Porto, Braga, Viana do Castelo e Faro.
Nas regiões autónomas, a este tipo de criminalidade desceu no arquipélago dos Açores e subiu até 8% na Madeira.
No que se refere ao número de participações às autoridades, os distritos onde mais subiram (mais de 8%) foram Bragança, Portalegre.
Já os distritos de Vila Real, Guarda, Leiria, Évora, Beja e Setúbal foram os que registaram um aumento de participações às autoridades inferiores a 8%.
No sentido inverso, as regiões autónomas da Madeira e Açores e os distritos de Faro, Lisboa, Coimbra, Castelo Branco, Aveiro, Viseu, Porto, Braga e Viana do Castelo registaram igualmente descidas nas participações às autoridades.
Santarém foi o único distrito, de acordo com o RASI, que manteve o número de participações às autoridades.
Lusa/SOL
Foz Tua: Plano de mobilidade e reativação da linha só avança com 75 milhões de fundos comunitários
O plano de mobilidade para o vale do Tua, que contempla a reativação da ferrovia, necessita de um investimento de 85 milhões de euros, só possível de concretizar com apoio comunitário, revelou hoje o responsável.
O projeto surgiu de uma imposição da Declaração de Impacto Ambiental que aprovou a barragem de Foz Tua como compensação pela submersão de um terço dos menos de 60 quilómetros da linha do Tua, que inviabiliza a sua utilização comercial, por cortar a ligação à linha do Douro e ao litoral.
A EDP, a concessionária da barragem, já disponibilizou 10 milhões de euros para o projeto, um valor oito vezes inferior ao necessário para remodelar e incluir na nova mobilidade da zona o que restará da linha do Tua, entre a Brunheda e Mirandela.
Os números foram avançados hoje por José Silvano, diretor executivo da Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, um novo organismo, resultado de uma parceria entre a EDP e os municípios da zona, que vai coordenar projetos para o desenvolvimento local.
O plano de mobilidade é o mais emblemático, mas poderá "cair", segundo admitiu hoje José Silvano, se não obtiver financiamento comunitário para o grosso do investimento necessário.
A agência está a trabalhar na elaboração de uma candidatura ao Programa Operacional do Norte para tentar a aprovação de um financiamento comunitário no valor de 75 milhões de euros.
O diretor executivo explicou que os dez milhões disponibilizados pela EDP serviriam para cobrir a comparticipação nacional que é sempre necessário assegurar neste tipo de candidatura.
O plano de mobilidade contempla a recuperação de um pequeno troço final da linha, entre a estação do Tua e a barragem, um funicular para subir a encosta da margem esquerda do rio até ao nível do coroamento da albufeira e barcos para transportar as pessoas até à cauda da mesma.
O grosso do investimento teria de ser feito na reabilitação do que resta da linha do Tua, a montante da barragem, para criar condições de segurança necessárias à circulação na ferrovia onde o comboio não viaja desde agosto de 2008, a data do último de quatro acidentes com outras tantas vítimas mortais.
Já assegurados estão os dois milhões de euros necessários para a construção do museu da memória do Vale do Tua que está também a cargo da agência.
Outro processo em curso é o da criação de um parque da natureza e biodiversidade em torno da albufeira.
A agência vai também gerir o fundo financeiro correspondente a três por cento da produção de energia, que a EDP está já a aprovisionar e que deverá garantir cerca de um milhão de euros anuais durante 75 anos.
Este organismo é constituído pela EDP e pelos cinco municípios da área da influência da barragem: Mirandela, Alijó, Murça, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor.
A barragem de Foz Tua começou a ser construída há um ano, estando prevista para 2015 a sua conclusão.
HFI
Lusa
Marca Trás-os-Montes
De 19 a 22 de abril o pavilhão do Nerba recebe a "Expo Trás-os-Montes" um certame feito com os produtos e as gentes da região.
Trás-os-Montes na AGRO
O dia temático este ano na AGRO foi dedicado aos produtos de Trás-os-Montes.
Vejam a importante representação da região, na maior Feira Agrícola do norte do país.O dia temático este ano na AGRO foi dedicado aos produtos de Trás-os-Montes.
Vejam a importante representação da região, na maior Feira Agrícola do norte do país.
Outras primaveras
Durante o almoço falou-se do meu avô Zeca. Passara um ano da sua morte e as memórias de África, as vivências em Angola, tudo o que ali haviam construído e que foram obrigados a deixar sentou-se à mesa connosco.
O meu tio Pedro e toda a sua família eram retornados. Para fugirem à pobreza extrema das nossas aldeias, juntamente com os restantes irmãos e com os pais, chamados pelo meu tio Firmino, foram para Angola.
O meu avô vendeu as poucas terras que lhe restavam para comprar as viagens para toda a família e para assegurar a sobrevivência dos primeiros tempos.
Os primeiros meses foram de sofrimento. O calor era insuportável. As condições que encontraram eram tão diferentes das que conheciam, que lhes passou pela cabeça regressarem à Metrópole. No entanto, há vontades realizáveis e outras que o não são. Outro remédio não tiveram do que lutar contra todas as adversidades e fazer-se parte daquele continente primevo.
Quando se está longe daquilo que se conhece, valorizamos muito o que tivemos e não damos valor ao que temos. Tudo o que está longe é melhor. No entanto, a habituação acontece naturalmente e assumimos os usos e costumes do lugar onde vivemos.
Com a família do meu avô, não foi diferente. Instalaram-se, adaptaram-se, trabalharam muito e tornaram-se pó e suor daquele chão.
Aos poucos foram fazendo uma pequena fortuna. As filhas casaram-se e formaram uma pequena comunidade. Nasceram-lhe os netos, morreu-lhe a filha mais nova...
Confortavelmente instalados, pensavam ali permanecer até ao fim dos seus dias. Tudo mudou quando um dos vizinhos, também natural da pequena aldeia que haviam deixado em Portugal, foi assassinado por um grupo rebelde que lutava pela independência. Cometeram-se muitas atrocidades, tanto do lado dos "colonizadores" como dos "colonizados".
De repente, despertaram para a dura realidade da guerra colonial. Até ali, perdidos numa remota aldeia angolana, afastados de Luanda, onde apenas iam para tratar de assuntos oficiais ou de trabalho, abstraíram-se da guerra... até àquele dia.
Como uma tempestade de areia, espalhou-se pelas redondezas uma urgência militante de voltar à Metrópole.
Sem nada mais que a roupa do corpo, aventuraram-se numa arriscada viagem até ao aeroporto de Luanda, onde milhares de portugueses se aglomeravam para conseguirem lugar num dos aviões que os trariam para casa.
Que casa? A sua casa, tinham-na abandonado, com todos os seus pertences, com todos os seus sonhos, àqueles que se reclamavam como únicos donos daquela terra mas, aquela terra que tinham amado, trabalhado, acariciado com as suas mãos, que tinham tornado próspera e produtiva, também lhes pertencia.
Não compreendiam o que estava a acontecer. Como se passara, de um momento para o outro, de um relacionamento cordial e carinhoso para este ódio desmesurado, para esta crueldade sem razão?
Foram tempos conturbados, aqueles. As mulheres e as crianças foram as primeiras a embarcar. Os homens ficaram para trás.
Chegadas a Lisboa, vinham desfiguradas, desenraizadas. No olhar, tristeza, dor, insegurança. O país que haviam deixado há tantos anos, não era o mesmo. Tudo mudara. Muitos dos regressados haviam nascido em África. Tudo o que conheciam ficara atrás.
Os homens, em Luanda, lutavam pela vida. Não se tratava já, de tentar trazer alguns bens, algum dinheiro. Não. Tratava-se de sair vivo daquele inferno insano.
Na capital portuguesa, as mulheres e as crianças, apinhadas em pensões, viviam da caridade do governo. Não sabiam dos pais, maridos e irmãos. Os corpos, há muito habituados ao calor africano, sofriam por causa do frio.
Os dias repetiam-se, iguais, por semanas e meses. Não havia esperança. Os olhares estavam mortos. Sentiam saudades das mangas doces e sumarentas, das bananas colhidas da bananeira, das laranjas, dos limões, das papaias, dos mamões... da terra vermelha, do calor inclemente do sol, dos cheiros, da chuva ao fim da tarde que mal caía se evaporava como se fosse mentira...
O meu tio Pedro e toda a sua família eram retornados. Para fugirem à pobreza extrema das nossas aldeias, juntamente com os restantes irmãos e com os pais, chamados pelo meu tio Firmino, foram para Angola.
O meu avô vendeu as poucas terras que lhe restavam para comprar as viagens para toda a família e para assegurar a sobrevivência dos primeiros tempos.
Os primeiros meses foram de sofrimento. O calor era insuportável. As condições que encontraram eram tão diferentes das que conheciam, que lhes passou pela cabeça regressarem à Metrópole. No entanto, há vontades realizáveis e outras que o não são. Outro remédio não tiveram do que lutar contra todas as adversidades e fazer-se parte daquele continente primevo.
Quando se está longe daquilo que se conhece, valorizamos muito o que tivemos e não damos valor ao que temos. Tudo o que está longe é melhor. No entanto, a habituação acontece naturalmente e assumimos os usos e costumes do lugar onde vivemos.
Com a família do meu avô, não foi diferente. Instalaram-se, adaptaram-se, trabalharam muito e tornaram-se pó e suor daquele chão.
Aos poucos foram fazendo uma pequena fortuna. As filhas casaram-se e formaram uma pequena comunidade. Nasceram-lhe os netos, morreu-lhe a filha mais nova...
Confortavelmente instalados, pensavam ali permanecer até ao fim dos seus dias. Tudo mudou quando um dos vizinhos, também natural da pequena aldeia que haviam deixado em Portugal, foi assassinado por um grupo rebelde que lutava pela independência. Cometeram-se muitas atrocidades, tanto do lado dos "colonizadores" como dos "colonizados".
De repente, despertaram para a dura realidade da guerra colonial. Até ali, perdidos numa remota aldeia angolana, afastados de Luanda, onde apenas iam para tratar de assuntos oficiais ou de trabalho, abstraíram-se da guerra... até àquele dia.
Como uma tempestade de areia, espalhou-se pelas redondezas uma urgência militante de voltar à Metrópole.
Sem nada mais que a roupa do corpo, aventuraram-se numa arriscada viagem até ao aeroporto de Luanda, onde milhares de portugueses se aglomeravam para conseguirem lugar num dos aviões que os trariam para casa.
Que casa? A sua casa, tinham-na abandonado, com todos os seus pertences, com todos os seus sonhos, àqueles que se reclamavam como únicos donos daquela terra mas, aquela terra que tinham amado, trabalhado, acariciado com as suas mãos, que tinham tornado próspera e produtiva, também lhes pertencia.
Não compreendiam o que estava a acontecer. Como se passara, de um momento para o outro, de um relacionamento cordial e carinhoso para este ódio desmesurado, para esta crueldade sem razão?
Foram tempos conturbados, aqueles. As mulheres e as crianças foram as primeiras a embarcar. Os homens ficaram para trás.
Chegadas a Lisboa, vinham desfiguradas, desenraizadas. No olhar, tristeza, dor, insegurança. O país que haviam deixado há tantos anos, não era o mesmo. Tudo mudara. Muitos dos regressados haviam nascido em África. Tudo o que conheciam ficara atrás.
Os homens, em Luanda, lutavam pela vida. Não se tratava já, de tentar trazer alguns bens, algum dinheiro. Não. Tratava-se de sair vivo daquele inferno insano.
Na capital portuguesa, as mulheres e as crianças, apinhadas em pensões, viviam da caridade do governo. Não sabiam dos pais, maridos e irmãos. Os corpos, há muito habituados ao calor africano, sofriam por causa do frio.
Os dias repetiam-se, iguais, por semanas e meses. Não havia esperança. Os olhares estavam mortos. Sentiam saudades das mangas doces e sumarentas, das bananas colhidas da bananeira, das laranjas, dos limões, das papaias, dos mamões... da terra vermelha, do calor inclemente do sol, dos cheiros, da chuva ao fim da tarde que mal caía se evaporava como se fosse mentira...
Aos poucos foram chegando os homens. Felizmente, todos. Que fazer agora? Para onde ir?
"Vamos para Vinhais, para a nossa aldeia." Derrotados, secos, com o olhar embotado por imagens impensáveis, assentiram. O cansaço era tal que tanto fazia. Nada tinham. Não contavam com nada.
De comboio, bilhetes pagos pelo governo, arrastaram-se para um destino incerto. Que lhes aconteceria? Tantos anos depois, regressavam sem nada. Menos ainda do que tinham levado. Como é que os receberiam? Como pode alguém reaprender a viver depois de ter perdido a alma? Como seria possível regressar à Idade Média, depois de ter estado na imensidão livre de África?
"Vamos para Vinhais, para a nossa aldeia." Derrotados, secos, com o olhar embotado por imagens impensáveis, assentiram. O cansaço era tal que tanto fazia. Nada tinham. Não contavam com nada.
De comboio, bilhetes pagos pelo governo, arrastaram-se para um destino incerto. Que lhes aconteceria? Tantos anos depois, regressavam sem nada. Menos ainda do que tinham levado. Como é que os receberiam? Como pode alguém reaprender a viver depois de ter perdido a alma? Como seria possível regressar à Idade Média, depois de ter estado na imensidão livre de África?
Mortos de cansaço, chegaram ao Tua. Outra longa viagem os esperava até chegarem a Bragança. A locomotiva fumaçava sujando tudo e todos. As carruagens iam repletas de corpos cansados. Os cheiros nauseavam.
Fim de março, primavera. Fim de tarde, montes floridos de giestas brancas. Malmequeres, bem-me-quer, mal-me-quer em lameiros verdejantes...
Uma centelha de luz no olhar. Amanhã é outro dia.
Não sei o que comi. Talvez nada. Bebi as palavras do meu tio como se não bebesse há muito tempo e estivesse prestes a sucumbir à sede.
Fiz minhas, as suas emoções. Não questionei as opções tomadas. Não julguei. Sofri por todos, portugueses e angolanos, apanhados numa guerra fraticida sem sentido.
As primaveras não são todas iguais.
Fim de março, primavera. Fim de tarde, montes floridos de giestas brancas. Malmequeres, bem-me-quer, mal-me-quer em lameiros verdejantes...
Uma centelha de luz no olhar. Amanhã é outro dia.
Não sei o que comi. Talvez nada. Bebi as palavras do meu tio como se não bebesse há muito tempo e estivesse prestes a sucumbir à sede.
Fiz minhas, as suas emoções. Não questionei as opções tomadas. Não julguei. Sofri por todos, portugueses e angolanos, apanhados numa guerra fraticida sem sentido.
As primaveras não são todas iguais.
in:nordestecomcarinho.blogspot.pt
Pastor queixa-se de ter sido assaltado
Um pastor de Castro de Avelãs, no concelho de Bragança queixa-se de lhe terem roubado 12 cordeiros nos últimos dias. Terão sido levados durante a noite, do armazém que fica mesmo ao lado da casa do proprietário. Mas Tomé Fernandes só reparou de manhã que tinha ficado sem os animais. “De manhã quando o pastor foi para levar o rebanho vimos a porta arrombada. O cadeado que lá estava foi forçado e estava aberto e nós desconfiamos logo. Depois fomos ver, contamos os animais que nos tinham faltado. Eram uns cordeiros, com mais de 9 quilos.
Cortaram-lhe os brincos para que ninguém os identificasse, porque temos o gado todo registado. Ao todo contamos 12 cabeças”, contou.
Tomé Fernandes suspeita que os ladrões tenham usado uma técnica para silenciar os cães que começaram a ladrar mas depois deixaram de se ouvir. “Os senhores que andam no roubo trazem um spray ou qualquer coisa e os cães não actuam como deve ser”, considerou. Na aldeia têm havido mais assaltos recentemente.
Tomé Fernandes conta que tem uma arrecadação na aldeia que tem foi assaltada e a um vizinho roubaram-lhe botijas de gás. “Assaltaram uma casa velha que lá tinha, onde tinha arrumação dos potes e tachos que usávamos na matança dos porcos. Tem sido um vandalismo na aldeia, que é uma coisa por demais”, acrescentou.
O proprietário dos cordeiros apresentou queixa na GNR que está a investigar o caso.
Escrito por Brigantia (CIR)
in:brigantia.pt
Cortaram-lhe os brincos para que ninguém os identificasse, porque temos o gado todo registado. Ao todo contamos 12 cabeças”, contou.
Tomé Fernandes suspeita que os ladrões tenham usado uma técnica para silenciar os cães que começaram a ladrar mas depois deixaram de se ouvir. “Os senhores que andam no roubo trazem um spray ou qualquer coisa e os cães não actuam como deve ser”, considerou. Na aldeia têm havido mais assaltos recentemente.
Tomé Fernandes conta que tem uma arrecadação na aldeia que tem foi assaltada e a um vizinho roubaram-lhe botijas de gás. “Assaltaram uma casa velha que lá tinha, onde tinha arrumação dos potes e tachos que usávamos na matança dos porcos. Tem sido um vandalismo na aldeia, que é uma coisa por demais”, acrescentou.
O proprietário dos cordeiros apresentou queixa na GNR que está a investigar o caso.
Escrito por Brigantia (CIR)
in:brigantia.pt
Artesão dá vida a instrumentos polifónicos medievais
O regresso à terra Natal tornou Célio Pires num dos mais respeitados construtores de instrumentos polifónicos do país, com exemplares que são tocados por instrumentistas profissionais e amadores, um pouco por toda a Península Ibérica e França.
«A sanfona e o organistrum são instrumentos que há já muito tempo me despertam a curiosidade. No entanto, a minha vida profissional não tem permitido dispor do tempo necessário para a construção destes engenhosos instrumentos», disse à Lusa Célio Pires.
O artesão, para além de construtor, é considerado pelos etnomusicólogos portugueses e espanhóis como um dos melhores executantes de sanfona, flauta pastoril, e gaita-de-foles da sua geração.
Este militar da GNR a residir na aldeia raiana de Constantim (Miranda do Douro) construiu o seu primeiro instrumento musical aos 16 anos e actualmente o seu tempo livre é ocupado a construir exemplares únicos de instrumentos tradicionais e réplicas de outros que remontam à Idade Média.
«A minha paixão por estes instrumentos vem na sequência da sua sonoridade, já que um instrumentista, com um único instrumento, consegue tocar e cantar diversas melodias tradicionais acompanhados por instrumentos tipo ‘baixo'», constatou o artesão.
Uma das suas mais recentes construções é um organistrum, instrumento de cordas tocado por duas pessoas e que remonta, segundo o construtor, ao século 09, sendo considerado o antecessor da sanfona.
«Estes instrumentos não vão quebrar a tradição da música da região mirandesa ou transmontana, já que há registos dos mesmos desde a Idade Média, sendo possível encontrar gravuras em igrejas ou catedrais da Península», frisou.
Célio Peres recorda que o «organistrum era muito utilizado para tocar música sacra, tendo caído em desuso com o aparecimento do órgão. No entanto, este instrumento evoluiu para a sanfona, um instrumento mais fácil de tocar».
Segundo o construtor de instrumentos, a escolha dos materiais é muito importante para se obter uma sonoridade apurada e afinada: por esse motivo, tem que se recorrer a materiais e madeiras nobres e ao mesmo tempo ter a certeza do que se está a fazer.
«Quando construímos um cordofone temos que ter em conta que a escolha da madeira é fundamental e tem de ser a adequada às diversas partes do instrumento», destacou o construtor.
A madeira de nogueira, o pau santo, o ácer selvagem, o pinho Flandes, pau preto ou alguergue são madeiras nobres que o construtor não dispensa.
«Devido ao seu preço e à crise, ainda há pouca gente a comprá-los, a não ser os grupos musicais», salientou.
Passo a passo, o instrumento ganha forma até chegar à mão de qualquer tocador que terá de desembolsar entre quatro a cinco mil euros para adquirir um dos exemplares. Todos únicos.
Lusa/SOL
«A sanfona e o organistrum são instrumentos que há já muito tempo me despertam a curiosidade. No entanto, a minha vida profissional não tem permitido dispor do tempo necessário para a construção destes engenhosos instrumentos», disse à Lusa Célio Pires.
O artesão, para além de construtor, é considerado pelos etnomusicólogos portugueses e espanhóis como um dos melhores executantes de sanfona, flauta pastoril, e gaita-de-foles da sua geração.
Este militar da GNR a residir na aldeia raiana de Constantim (Miranda do Douro) construiu o seu primeiro instrumento musical aos 16 anos e actualmente o seu tempo livre é ocupado a construir exemplares únicos de instrumentos tradicionais e réplicas de outros que remontam à Idade Média.
«A minha paixão por estes instrumentos vem na sequência da sua sonoridade, já que um instrumentista, com um único instrumento, consegue tocar e cantar diversas melodias tradicionais acompanhados por instrumentos tipo ‘baixo'», constatou o artesão.
Uma das suas mais recentes construções é um organistrum, instrumento de cordas tocado por duas pessoas e que remonta, segundo o construtor, ao século 09, sendo considerado o antecessor da sanfona.
«Estes instrumentos não vão quebrar a tradição da música da região mirandesa ou transmontana, já que há registos dos mesmos desde a Idade Média, sendo possível encontrar gravuras em igrejas ou catedrais da Península», frisou.
Célio Peres recorda que o «organistrum era muito utilizado para tocar música sacra, tendo caído em desuso com o aparecimento do órgão. No entanto, este instrumento evoluiu para a sanfona, um instrumento mais fácil de tocar».
Segundo o construtor de instrumentos, a escolha dos materiais é muito importante para se obter uma sonoridade apurada e afinada: por esse motivo, tem que se recorrer a materiais e madeiras nobres e ao mesmo tempo ter a certeza do que se está a fazer.
«Quando construímos um cordofone temos que ter em conta que a escolha da madeira é fundamental e tem de ser a adequada às diversas partes do instrumento», destacou o construtor.
A madeira de nogueira, o pau santo, o ácer selvagem, o pinho Flandes, pau preto ou alguergue são madeiras nobres que o construtor não dispensa.
«Devido ao seu preço e à crise, ainda há pouca gente a comprá-los, a não ser os grupos musicais», salientou.
Passo a passo, o instrumento ganha forma até chegar à mão de qualquer tocador que terá de desembolsar entre quatro a cinco mil euros para adquirir um dos exemplares. Todos únicos.
Lusa/SOL
Caçarelhos prepara Feira do Pão
No dia 1 de Abril, Domingo de Ramos, a aldeia de Caçarelhos acolhe mais uma Feira do Pão, um certame que vai na 12ª edição.
Além da venda de pão, folar e outras iguarias próprias da Páscoa, a animação será uma constante ao longo do dia. Para tal contribuem as actuações dos Gaiteiros de Serapicos, Mini Banda de Vimioso, Rancho Folclórico de Vimioso e Grupo de Pauliteiras de Miranda do Douro (Associação Mirandanças).
Durante o evento, o almoço será servido pela Comissão de Festas da Santa Luzia, que se encarregará de promover a gastronomia regional.
A Feira do Pão é organizada pela Câmara Municipal de Vimioso e Junta de Freguesia de Caçarelhos.
in:jornalnordeste.com
Além da venda de pão, folar e outras iguarias próprias da Páscoa, a animação será uma constante ao longo do dia. Para tal contribuem as actuações dos Gaiteiros de Serapicos, Mini Banda de Vimioso, Rancho Folclórico de Vimioso e Grupo de Pauliteiras de Miranda do Douro (Associação Mirandanças).
Durante o evento, o almoço será servido pela Comissão de Festas da Santa Luzia, que se encarregará de promover a gastronomia regional.
A Feira do Pão é organizada pela Câmara Municipal de Vimioso e Junta de Freguesia de Caçarelhos.
in:jornalnordeste.com
Izeda - Feira do Folar com muita animação
Folar, artesanato, automóveis e equipamentos agrícolas vão estar em exposição na XIII Feira do Folar de Izeda, que decorre no próximo fim-de-semana.
De 30 de Março a 1 de Abril, a Associação para o Desenvolvimento da Região de Izeda (ADRI), responsável pela organização, espera um aumento do número de visitantes em relação ao ano passado. Este ano, é apresentado um cartaz musical forte, para atrair gente ao certame.
Os grupos Midnes e Império Show e o Trio Zé Ferreira são cabeças de cartaz. O evento vai contar, ainda, com espectáculos de artistas do panorama musical regional e nacional, que se juntam à animação tradicional, com grupos de gaiteiros e com a Fanfarra de Bombos de Vale da Porca. Destaque, ainda, para o Encontro de Bandas, onde vão marcar presença as Filarmónicas de Izeda, Bragança e Pinela.
Este ano, a Feira vai contar com a presença de 10 expositores de folar, 25 de artesanato e 10 de equipamentos agrícolas e automóveis.
O presidente da ADRI, Rui Simão, acredita que a feira vai superar as 3 mil visitas registadas no ano passado, mas diz que um aumento de visitantes não é sinónimo de um maior volume de negócios. “Este ano as coisas estão mais complicadas. Mas mesmo assim nós apostamos na música para trazer gente, porque ao visitarem-nos acabam sempre por comprar alguma coisa”, realça o presidente da associação.
Durante os três dias do certame, a organização espera que os expositores vendam cerca de dois mil quilos de folar, à semelhança do ano passado.
“Os expositores são de terra e de localidades vizinhas e têm sempre folar fresco, porque vão fazendo conforme vão vendendo”, garante Rui Simão.
Outra das grandes novidades da edição deste ano é a presença da artista brasileira Simara durante os três dias do certame. A cantora estará disponível para consultas de astrologia e não deixará de cantar alguns dos seus temas mais conhecidos, na noite do Ympério Show.
in:jornalnordeste.com
De 30 de Março a 1 de Abril, a Associação para o Desenvolvimento da Região de Izeda (ADRI), responsável pela organização, espera um aumento do número de visitantes em relação ao ano passado. Este ano, é apresentado um cartaz musical forte, para atrair gente ao certame.
Os grupos Midnes e Império Show e o Trio Zé Ferreira são cabeças de cartaz. O evento vai contar, ainda, com espectáculos de artistas do panorama musical regional e nacional, que se juntam à animação tradicional, com grupos de gaiteiros e com a Fanfarra de Bombos de Vale da Porca. Destaque, ainda, para o Encontro de Bandas, onde vão marcar presença as Filarmónicas de Izeda, Bragança e Pinela.
Este ano, a Feira vai contar com a presença de 10 expositores de folar, 25 de artesanato e 10 de equipamentos agrícolas e automóveis.
O presidente da ADRI, Rui Simão, acredita que a feira vai superar as 3 mil visitas registadas no ano passado, mas diz que um aumento de visitantes não é sinónimo de um maior volume de negócios. “Este ano as coisas estão mais complicadas. Mas mesmo assim nós apostamos na música para trazer gente, porque ao visitarem-nos acabam sempre por comprar alguma coisa”, realça o presidente da associação.
Durante os três dias do certame, a organização espera que os expositores vendam cerca de dois mil quilos de folar, à semelhança do ano passado.
“Os expositores são de terra e de localidades vizinhas e têm sempre folar fresco, porque vão fazendo conforme vão vendendo”, garante Rui Simão.
Outra das grandes novidades da edição deste ano é a presença da artista brasileira Simara durante os três dias do certame. A cantora estará disponível para consultas de astrologia e não deixará de cantar alguns dos seus temas mais conhecidos, na noite do Ympério Show.
in:jornalnordeste.com
Certificação do folar na recta final
A certificação do folar de Valpaços já está na recta final. A feira deste ano abre hoje e decorre durante o fim-de-semana. O presidente da Câmara Municipal de Valpaços (CMV), Francisco Tavares, afirma que o caderno de encargos para a certificação do folar já está aprovado no Ministério da Agricultura, faltando agora a certificação do fumeiro usado na confecção do folar.
Mesmo assim, o autarca mostra-se satisfeito pela importância dada à certificação pelas empresas locais. “Já há padarias do concelho a pedir a certificação do seu próprio folar, para ser comercializado com a sua própria marca, o que significa que reconhecem a mais-valia que a certificação pode representar em termos de comercialização”, salienta o edil.Francisco Tavares não tem dúvidas de que a certificação vai ser um novo impulso para que o folar de Valpaços seja ainda mais valorizado no mercado. Desta forma, este produto tradicional, que já é vendido a nível internacional, poderá conquistar novos mercados com a garantia de genuidade dada pelo selo da certificação.
Na edição deste ano da Feira do Folar de Valpaços vão estar à venda cerca de 50 mil quilos de folar tradicional e de padaria, que em anos anteriores costumam esgotar durante os três dias do certame.
O presidente da CMV acredita que as pessoas vão continuar a deslocar-se a Valpaços para comprar o folar de qualidade. “Estou confiante que o preço de 10 euros por cada folar é acessível à maioria das pessoas, que já nos visitam à procura do nosso folar”, enaltece o autarca.
Para garantir o mesmo número de visitantes de anos anteriores, a organização decidiu manter o orçamento na promoção do certame. “Estamos a contar gastar os mesmos 100 mil euros, comparticipados em 50 por cento pela Câmara Municipal e os outros 50 por cento pela empresa A E.H.A.T.B. - Empreendimentos Hidroeléctricos do Alto Tâmega e Barroso.
in:jornalnordeste.com
Mesmo assim, o autarca mostra-se satisfeito pela importância dada à certificação pelas empresas locais. “Já há padarias do concelho a pedir a certificação do seu próprio folar, para ser comercializado com a sua própria marca, o que significa que reconhecem a mais-valia que a certificação pode representar em termos de comercialização”, salienta o edil.Francisco Tavares não tem dúvidas de que a certificação vai ser um novo impulso para que o folar de Valpaços seja ainda mais valorizado no mercado. Desta forma, este produto tradicional, que já é vendido a nível internacional, poderá conquistar novos mercados com a garantia de genuidade dada pelo selo da certificação.
Na edição deste ano da Feira do Folar de Valpaços vão estar à venda cerca de 50 mil quilos de folar tradicional e de padaria, que em anos anteriores costumam esgotar durante os três dias do certame.
O presidente da CMV acredita que as pessoas vão continuar a deslocar-se a Valpaços para comprar o folar de qualidade. “Estou confiante que o preço de 10 euros por cada folar é acessível à maioria das pessoas, que já nos visitam à procura do nosso folar”, enaltece o autarca.
Para garantir o mesmo número de visitantes de anos anteriores, a organização decidiu manter o orçamento na promoção do certame. “Estamos a contar gastar os mesmos 100 mil euros, comparticipados em 50 por cento pela Câmara Municipal e os outros 50 por cento pela empresa A E.H.A.T.B. - Empreendimentos Hidroeléctricos do Alto Tâmega e Barroso.
in:jornalnordeste.com
quinta-feira, 29 de março de 2012
Agricultores devem unir-se para venderem produtos
Os agricultores têm de se juntar para conseguir vender melhor os seus produtos. Essa foi uma das principais conclusões do encontro de empresários que ontem se realizou em Vila Flor, promovido pelo Núcleo Empresarial de Bragança (NERBA).
À mesma mesa, produtores, empresários e técnicos do Instituto Politécnico de Bragança discutiram os problemas do sector agrícola naquele concelho. E, segundo o presidente da cooperativa de Olivicultores de Vila Flor, Hélder Teixeira, chegaram a algumas conclusões importantes para o futuro.“A maior preocupação é conseguirmos produzir para metermos os produtos nas cadeias de supermercados e chegarmos ao consumidor a preços sustentáveis”, explicou. Hélder Teixeira realça a necessidade de certificar produtos. “Mas para isso temos de ter alguém que nos compre esses produtos e termos imagem e comunicação como produtos de qualidade, que diferem dos outros.”Da parte dos empresários surgiu também a vontade de ajudar os produtores.Luís Braz, das Águas Frize, mostrou abertura a comprar fruta em grande quantidade na região para diversificar a área de negócios da sua empresa.“Para já não passa de uma ideia, em relação à transformação de fruta.
Esta região produz muita e de boa qualidade e produziria muito mais se tivesse escoamento”, diz.Por isso, Helena Videira, do Nerba, estava satisfeita com o encontro.“O balanço é bastante positivo. Apesar de não ter estado o auditório cheio, foi muito participada e ficaram muitas ideias para o futuro”, sublinhou.
O NERBA está a fazer encontros destes em todos os concelhos do distrito. O próximo realiza-se em Abril, em Miranda do Douro.
Escrito por Brigantia (CIR)
inbrigantia.pt
Expo Trás-os-Montes promete dinamizar economia da região
Fortalecer a economia em tempo de crise. É com este objectivo que o Núcleo Empresarial de Bragança lança a primeira edição da Expo Trás-os-Montes, que decorre de 19 a 22 de Abril.
O presidente do NERBA sublinha que o objectivo é reunir uma centena de expositores nas instalações do Núcleo Empresarial de Bragança. Eduardo Malhão frisa que este evento pretende ser uma selecção de produtos regionais.“Vai reunir aqueles produtos que têm uma marca de Trás-os-Montes, que têm uma identidade muito própria em termos de clima, de solo. Aquilo que é excelente, nomeadamente a castanha, os enchidos, o azeite, os vinhos”, enumera o presidente do Nerba.
Eduardo Malhão garante que o evento também vai ser promovido em Espanha, para ajudar os empresários da região a conquistarem novos mercados.“Um dos anseios dos principais produtores da região é que consigamos promover o evento em Espanha e conseguirmos também trazer aqui alguns importadores espanhóis, que tenham capacidade de conquistar novos mercados e que tenham capacidade de criar uma nova economia para a região, porque não há qualquer dúvida que se nós não tivermos capacidade para internacionalizar a nossa economia, o futuro da região estará condenado”, salienta Eduardo Malhão.
O presidente do Nerba realça que a Expo Trás-os-Montes pretende complementar as feiras que já se realizam na região. O orçamento para este evento ronda os 40 mil euros. Eduardo Malhão acredita que o retorno do investimento está garantido.“Tem um impacto diferente de muitos eventos, porque é maioritariamente suportada pela iniciativa privada. Cerca de 80 por cento do orçamento da Expo Trás-os-Montes é suportado pela iniciativa privada. Não tenho qualquer dúvida que o retorno do investimento público irá ser superado cem vezes, porque ele é muito diminuto, não ultrapassará os 10 mil euros”, garante Eduardo Malhão.
A par da vertente económica, a Expo Trás-os-Montes também vai ter animação musical e uma quinta pedagógica com espécies da região.
Escrito por Brigantia (CIR)
in:brigantia.pt
Vimioso: Argozelo terá um Centro Interpretativo dedicado às antigas minas de volfrâmio
A Câmara de Vimioso vai avançar com construção de um Centro Interpretativo dedicado às desativadas minas de Argozelo, equipamento orçado em 310 mil euros e que vai nascer na cortinha do Calvário, junto a uma das entradas da localidade nordestina.
"O Centro Interpretativo das Minas de Argozelo já foi adjudicado e estará concluído, ao que tudo indica, daqui a meio ano. Vai albergar um auditório e algum espólio do antigo complexo mineiro", avançou o presidente da Câmara de Vimioso, José Rodrigues.
O novo equipamento será comparticipado por fundos provenientes do programa InovaRural.
Com este edifício pretende-se prolongar a "memória viva da importância das minas”.
"Este edifício criará um espaço de cultura, serviços e lazer, de forma a mostrar a realidade do que se viveu e o seu desenvolvimento na vertente histórica e social, através da exploração do minério", lê-se na memória descritiva do projeto, que a Lusa consultou.
Desde o final da década de 1980, altura em que as minas encerraram à exploração mineira, verificou-se muita "degradação devido às intempéries e, maioritariamente, por vandalismo".
Esta situação levou as autoridades a uma requalificação ambiental da zona principal da exploração mineira, que retirou a maioria dos vestígios. A mina foi, então, selada.
Segundo o autor do projeto, este centro servirá para que a memória coletiva se prolongue no tempo.
A construção do Centro Interpretativo das Minas de Argozelo é "manifestamente imprescindível".
Este Centro procura aproveitar algum do espólio que ainda lá se encontra, para além daquele que muitos ex-mineiros guardam em suas casas, acrescentam os mentores da iniciativa.
in:rba.pt
Douro Internacional: Furto de colmeias na região transmontana deixa apicultores desesperado.
Os apicultores transmontanos mostram-se “desesperados” com o número crescente de furtos de enxames e de colmeias, uma situação que, para além da quebra na produção de mel, traz outros tipos de prejuízos.
Na opinião de Jorge Machado, presidente da Associação de Apicultores do Parque Natural do Douro Internacional, com sede em Mogadouro, os enxames roubados aos produtores de mel são para vender no "mercado negro".
"Estes roubos têm a ver com o número crescente de projetos apícolas financiados que estão ser implantados um pouco por toda a região. Há cada vez mais jovens apicultores a instalarem-se e verifica-se maior procura do que oferta em matéria apícola", disse o dirigente.
A GNR tem já conhecimento de alguns furtos, apesar de serem ainda poucos os apicultores a apresentar queixa.
Porém, e de acordo com aquela força de segurança só no concelho de Mogadouro foi registado o furto de cerca de 300 colmeias, às quais se juntam 170 na região da Terra Quente transmontana e mais 15 em Vinhais.
Face ao problema, os produtores de mel já disseram que o que resta é "montar vigilância" às colmeias com a finalidade de evitar mais furtos.
“Levaram-me 12 colmeias das melhores que tinha e não duvido que os furtos são efetuados durante a noite e em zonas como bons acessos como é o meu caso que tenho as colmeias junto ao IP4”, contou Paulo Vilarinho.
Fonte da GNR já avançou que há uma investigação em curso e poderá ser alargada a toda a região transmontana.
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Dia Nacional do Doente com AVC vai ser assinalado em Alfândega da Fé
Numa região onde o AVC- acidente vascular cerebral- se assume como uma das principais causas de morte, chegando mesmo a apresentar números superiores à média nacional, o município de Alfândega da Fé em conjunto com a Unidade de AVC de Macedo de Cavaleiros promove o dia do AVC.
A iniciativa acontece a 31 de março, altura em que se assinala o Dia Nacional do Doente com AVC e está integrada nas celebrações nacionais promovidas pela Sociedade da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral.
Um dia dedicado à população que pretende informar e sensibilizar para o facto de que o AVC é uma doença prevenível e tratável.
O objetivo é sinalizar potenciais situações de risco, ao mesmo tempo que se informa a população sobre os cuidados a ter para prevenir e tratar o AVC.
Uma ação de sensibilização, mas também de prevenção que vai decorrer nas instalações da Biblioteca Municipal.
Com início previsto às 09.00h da manhã, esta iniciativa prevê a realização de um rastreio de fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes, colesterol, entre outros e uma palestra sobre esta temática.
A iniciativa é aberta a toda a população e decorre até às 15.00h, do dia 31 de março.
“A Geologia na Rota da Vinha e do Vinho – Arribas do Douro Internacional Norte”
“A Geologia na Rota da Vinha e do Vinho – Arribas do Douro Internacional Norte” é o tema que a Associação Portuguesa de Geólogos e o Departamento de Geologia da UTAD vão trazer a Miranda do Douro, de 30 a 1 de abril.
Estas são umas jornadas onde se pretende discutir a importância da geologia no que respeita à viticultura no território.
Para além disso, vai ser destaque o papel da vinha nas Arribas do Douro.
De referir, ainda este seminário decorre no Mini Auditório de Miranda do Douro.
Caçadores recolhem chumbos usados
O Clube de Caça e Pesca de Bragança está a promover uma acção de limpeza ambiental nos terrenos envolventes à sua sede. O objectivo é recolher os vestígios de chumbo utilizado nos tiros aos pratos.
"Vai ser obrigatório, por lei, fazer isso no prazo de cinco anos. Mas resolvemos antecipar-nos”, explicou ao Jornal Nordeste o presidente do clube, Antero Ferreira. O que o clube pretende fazer é a descontaminação dos terrenos, que têm sido "semeados" com os chumbos dos cartuchos nos últimos 25 anos, um metal tóxico. "Prevêem apanhar umas 20 toneladas de chumbo, pelo que a empresa que contratámos já viu.
Até agora, numa semana, já apanharam quatro toneladas", explica o mesmo responsável.
Depois de recolhido, o chumbo será vendido para reciclagem, pelo que Antero Ferreira admite que o clube ainda possa vir a pagar as despesas e ter algum lucro com esta alteração. Em Bragança, 90 a 95 por cento do chumbo cai fora das instalações do clube, num raio de 130 a 150 metros da prancha de tiro.
A operação prevê que uma máquina recolha a terra que está à superfície do solo, que depois é inserida num crivo fino, que separa o chumbo das pedras. Depois, através de aspiração, é retirada a terra do chumbo.
Desde há cerca de 30 anos que o clube tem actividade na zona do antigo aeródromo da cidade. Uma actividade que poderia traduzir-se na contaminação dos solos. "Há estudos que apontam nesse sentido, sobretudo da eventual contaminação de águas. Mas aqui não temos praticamente nenhum curso de água e para chegar a um lençol freático tinham de decorrer vários anos", explica.
O Clube de Caça e Pesca de Bragança tem, actualmente, cerca de 600 sócios. Em estudo está a possibilidade de o clube se mudar para novas instalações, na freguesia de S. Pedro.
in:jornalnordeste.com
Torre de Moncorvo - Criada Associação de Jovens Universitários
É um projecto pioneiro em Portugal, que surge com o intuito primordial de colmatar a distância que actualmente separa o interior dos centros de conhecimento do nosso país
No próximo dia 7 de Abril terá lugar, em Torre de Moncorvo, a tomada de posse dos órgãos sociais da Associação de Jovens Universitários de Torre de Moncorvo (AJUM) Segundo nota de imprensa enviada pelos dirigente é um projecto pioneiro e relevante para os jovens estudantes do nosso interior.
A sessão contará com presença do presidente do município, da junta e representantes das colectividades do concelho. Segundo a AJUM, este é um projecto pioneiro em Portugal, que surge com o intuito primordial de colmatar a distância que actualmente separa o interior dos centros de conhecimento do nosso país. Idealizado e desenvolvido somente por estudantes universitários do concelho, pretende-se com este projecto, e através da realização de actividades de carácter informativo, cultural e recreativo, interagir, sobretudo, com os futuros estudantes do ensino superior, bem como com as instituições públicas e o tecido empresarial moncorvense. Desta forma, e com um plano de actividades abrangente, pretende-se mobilizar e sensibilizar todo o concelho para a importância da partilha de experiências e conhecimento adquirido ao longo dos anos por sucessivas gerações de estudantes locais.
Actividades como a Mostra de Cursos (realizada pela primeira vez este ano), o Jantar Anual de Integração dos Caloiros, o desenvolvimento de uma base de dados com informação relativa às qualificações dos muitos estudantes académicos do concelho, “denotam explicitamente o propósito que assiste à criação desta associação”.
Por: G.L.
in:mdb.pt