Estritamente ligado à catedral e ao bispo diocesano, o Cabido da Igreja Catedral da Diocese de Bragança-Miranda tem a função de «celebrar as funções litúrgicas mais solenes na igreja catedral, e desempenhar aqueles ofícios que lhe forem cometidos pelo Direito ou pelo Bispo Diocesano», como refere o cânone 503 (SC).
No entanto, o Mensageiro de Bragança quis conhecer um pouco melhor esta Instituição eclesiástica através do actual presidente eleito do cabido brigantino, o Cón. João Gomes. “O Cabido é um conjunto de sacerdotes diocesanos nomeados pelo bispo que tem como missão principal cuidar do serviço litúrgico da catedral e aconselhar o prelado quando este pede o parecer”, afirmou o Cónego João Gomes. Para o sacerdote, os cabidos das diversas dioceses foram perdendo poderes e o de Bragança não foge à regra. “Os cabidos tinham muita importância no governo das dioceses. Agora quase que não passam de figuras decorativas no elenco da vida diocesana”, referiu.
Para o Presidente o facto da perda de poderes dos cabidos deveu-se à reforma conciliar e ao novo Código do Direito Canónico, com a origem do Conselho de Consultores que substituiu o Cabido em todas as funções, excepto no serviço litúrgico da catedral. Para o Cón. João Gomes, “não seria descabido que em muitas dioceses os cabidos desaparecessem”. Visto que as funções de conselheiros do bispo são assumidas pelo Colégio de Consultores, e o serviço litúrgico é praticamente abarcado pelos secretariados diocesanos, nomeadamente o da liturgia e música sacra. “Toda a parte litúrgica estava ao encargo da Cabido mas na realidade não tem sido assim e parece que não vai continuar a ser”, afirmou.
O Cón. João Gomes, que também pertence ao Conselho de Consultores, concorda com o facto de o conselho de consultores de algumas dioceses ser o próprio cabido. O Cabido e a Catedral Sobre a relação entre esta Instituição e os fiéis, o Presidente do Cabido considera que sendo a Catedral, a igreja-mãe da diocese, os cristãos que lá se reúnem representam a diocese. “Nós temos a missa na Catedral, todos os domingos, às 17 horas e é interessante o facto que há uma grande presença de casais jovens e estudantes universitários.
Tanto que, em tempo de férias, nota-se a ausência de muitos fiéis jovens”, referiu. Esta é uma celebração a cargo do cabido e, segundo o estipulado, cada domingo seria um cónego diferente a presidir à celebração.
No entanto, o facto de alguns dos cónegos serem párocos longe de Bragança este serviço resume-se àqueles que estão mais perto da Sé. Além desta celebração, o Cabido participa na Semana Santa, principalmente na Missa Crismal; na celebração do aniversário da fundação da diocese, na Catedral de Miranda do Douro, e em diversas reuniões, sendo que há duas das sessões que são ordinárias.
Desta forma, o Plano Anual de Actividades foca-se na celebração dominical da eucaristia na catedral; na Semana Santa – Missa Crismal e a assistência litúrgica na capela de São Bartolomeu, em Cabeça Boa e e São Lázaro, em Bragança. Estas duas capelas são propriedade do Cabido. Ainda no bispado de D. António José Rafael ficou estipulada uma celebração mensal em São Lázaro, o que acabou por não acontecer. Agora, o Cón. João Gomes garante a celebração da eucaristia no último sábado de cada mês, presidida por um dos membros do cabido. Quanto à escolha dos novos cónegos, o Presidente do Cabido afirma que a nomeação é feita pelo bispo diocesano e, caso o prelado entenda, propõe ao Cabido.
O Cón. João Gomes deixa uma mensagem de esperança a todos os cristãos. “Com bispo novo, vida nova e todos a colaborarmos com ele porque temos caminho aberto com ele para a renovação que é preciso fazer-se em todos os níveis sem olharmos a interesses pessoais. A diocese precisa de renovação, tem que haver muita reflexão sobre as decisões que se hão-de tomar sem pressas mas sempre com coragem para avançarmos porque parar é morrer”, concluiu.
Por: Alberto Pais
in:mdb.pt
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