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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 17 de março de 2012

SAGA DO MINÉRIO NO DOURO


Foto: Raul Coutinho
Deixando o regato que vem de Foz Coa, em direcção ao alto de Santo Amaro, ficava para trás uma maravilhosa orquestra de pintassilgos que se abrigavam nos choupos que serviam de testemunha à barragem do Pocinho, nesse tempo ainda a nascer.
O rio, afastava-se para a direita, para ir ao encontro do outro, o Sabor enquanto serpenteava a famosa Quinta do Vale Meão.
Chegados ao alto, tínhamos um cenário de encanto:
-Bem lá no cima, Moncorvo a terra do Ferro! Mais para Oeste a Lousa, com a sua serra de encostas cadavéricas e de enormes calhaus rolados.
Lá no fundo á direita, o Vale da Vilariça ( onde se encontra a 2ª zona de falha geológica do País logo após a de Messajana, no Algarve - Alentejo).
Daí para a frente, seguido para oeste encontram-se valas abertas à pá e picareta de quem procura um pedaço de volfrâmio branco.
Ironicamente, o homem procurava riqueza imediata e não tinha paciência ou conhecimento para olhar atentamente para vestígios de povoamento ali existentes que remontam a milhares de anos de antiguidade ( assunto para outra ocasião).
Descendo para uma pequena, bem asseada e bonita terra chamada Mós do Douro estamos perante o cenário do que foi uma aldeia mineira do antigo Far West Americano.
Lá no alto, para sul, uma serra completamente estilhaçada pelas escavações a céu aberto em filões de skarn ( termo sueco que significa podre...) e que contem o tal volfrâmio branco, ou seja o tungsténio chamado scheelite!
Cá em baixo, um regato que vem desde o Alto de Santo Amaro e se vai encontrar com o rio que surge desde os lados de Freixo de Numão.
..." ...aqui senhor,- contou desde logo uma linda senhora de meia idade e coberta de cabelos brancos, tão brancos como o minério que ali existiu! - passei muitos dias a "batear" o minério que a chuva trazia lá do alto. Os homem iam escavando a pá e picareta as valas que tapavam o filão, mas sempre o esboroavam e mandavam algum para as escombreiras!
Então, como diz o povo, o homem põe mas Deus dispõe. Às vezes chovia se "deus a dava" e a águinha lavava e trazia cá para baixo o minério que por lá estava espalhado.
Como os fiscais dos alemães cá em baixo não mandavam, porque a concessão dada pelo governo não dava para isso, juntavam-se as mulheres neste regato a lavar o minério, em alguidares.
...mas olhe, era uma guerra pegada!
Cada uma de nós marcava a sua zona e ai de outra que p'ra lá fosse!
Eu tinha na altura dois filhos. Um já andava e outro tinha meses e trazia-o p'rá qui, embrulhado num cobertor e metido num cesto.
Às vezes, quando chegava ao meu lavadouro, já estava ocupado por uma outra qualquer . "Menina, pões-te daí a andar já, ou é preciso mais alguma coisa?"
Se ela se punha a mexer dali p'ra fora, estava o assunto arrumado.
Se se armava em esperta, tinhamo-las pegadas!
Ou eu podia com ela e com meio dúzia de estalos a punha com o rabo entre as pernas, ou então ripava do pistolete que estava escondido num bolso por baixo do avental e depois fosse o que Deus quisesse!
Era matar ou morrer, que o que o meu "home" ganhava lá em cima não dava p'ró caldo!
E olhe, então até lhe digo mais...
Sabe o que dávamos à canalha quando eram bebés para dormir muito e nos deixar trabalhar?
Misturávamos cachaça no leite!"
...
Meu Deus, que tempo de miséria, mas também de garra e coragem para lutar pela sobrevivência!
Gente que sobrevivia no tempo pela tenacidade que punha em tudo aquilo que fazia.
E arte!
Descendo mais umas centenas de metros em direcção à Estação do Caminho de Ferro de Freixo, não cansava os olhos ver arte com que faziam pequenas hortas para consumo próprio ou alfobres para posterior venda nas feiras das cercanias.
Mais pareciam jardins à volta de um palácio de um Senhor Nobre!
Entretanto, no alto, nas zonas onde o Xisto característico do Douro encostava ao Granito característico da zona Norte, seguindo sempre para oeste, numa linha imaginária que parece uma linha recta, continua a existência de anomalias de "minério".
Por: Raul Coutinho

in:tribunadouro.com
Um pouco lá para trás ( Almendra e Muxagata) que trabalhos exaustivos foram feitos!
Mina do Vesúvio! Sim, por cima da Quinta favorita da Dª Antónia!
E...


( continuarei)

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