A freguesia de Paradela situa-se no extremo ocidental do concelho de Mogadouro, mesmo no limite com o vizinho município de Alfândega da Fé. O topónimo Paradela é da mesma família de Parada. Parada era um imposto medieval, que obrigava os moradores a acolher sem reservas determinados nobres ou membros da coroa - exerceu-se neste lugar com regularidade. Daí o facto de, por corruptela, se lhe ter dado o nome de Paradela. No fundo, a parada era a refeição que todos os habitantes de uma aldeia eram obrigados a dar aos seus superiores.
O Abrigo pré-histórico de Buraco do Gaiteiro é um dos vestígios do passado remoto da área da actual freguesia. Trata-se de um pequeno abrigo sobre rocha, na base de um afloramento de xisto quartzítico, situado numa encosta sobre o Sabor. Estava dividido em três espaços distintos. Foram recolhidos no interior algumas cerâmicas pré-históricas, incluindo fragmentos decorados. Um outro abrigo, de Fragas do Poio, parece ser do Bronze Final.
Sobranceiro a uma pequena ribeira afluente do Sabor, encontra-se perto da aldeia do Salgueiro. Aí foi encontrada faiança e cerâmica recente, mas também algumas cerâmicas manuais, assim como uma lasca de um seixo de quartzito. As pastas são escuras e, em alguns casos, brunidas.
O habitat de Esmeraldas foi utilizado, pelo menos, no período romano. De pequenas dimensões, estava localizado na margem direita da ribeira do Souto. Encostado a um muro de socalco, encontra-se um lagar escavado na rocha, sem lagareta mas com canal de escoamento. Nas imediações, foram recolhidos tégulas e cerâmicas comuns. Apareceu também um pequeno fragmento de barro cozido com um dos lados alisado. Deve ter feito parte de um forno.
Paradela foi uma vigariaria da apresentação ad nutum do prior de Mogadouro. Este apresentava o abade, que tinha de rendimento anual oito mil réis. Pertenceu ao termo do concelho de Bemposta, tendo aproveitado do foral de 4 de Maio de 1512. Motivo de interesse numa visita a Paradela é o lobo. Uma espécie em vias de extinção e que, no caso do município de Mogadouro, pode ser encontrado nesta freguesia e em Vilar de Ala.
"O lobo é, certamente, o mais mal-amado dos predadores. Declarado inimigo público número um, o lobo sucumbiu ao ódio do Homem. Em Portugal, nos últimos cem anos, o seu número decresceu acentuadamente, existindo, hoje, apenas dois núcleos populacionais - um a sul e outro a norte do rio Douro. Este último abrange toda a faixa de fronteira entre Melgaço e Bragança, prolongando-se para o interior ao longo das várias cadeias montanhosas aqui existentes.
Em todo o distrito de Bragança estão contabilizadas cerca de quinze alcateias, constituídas por sete a oito lobos durante a Primavera e Verão, baixando para quatro a cinco membros no Outono e Inverno, devido ao facto de algumas das crias não sobreviverem à dureza do clima transmontano e à escassez de alimentos". (Elisa Pedro) Em termos de património edificado, merece destaque a Igreja Paroquial de S. Pedro, a Capela de Nossa Senhora da Assunção e uma fonte oitocentista.
Área: 2045 ha
População: 220 habitantes
Património cultural edificado: Igreja Matriz, Capela de Nossa Senhora da Assunção no Lugar do Salgueiro, Cruzeiro (Cruz das Eiras) construída no local onde se encontra com pedras da antiga fonte de mergulho que existia na Praça Principal e foi demolida, Lavadouros Públicos (Largo da Igreja e Prado da Paradela), Fontanário Público no Largo da Igreja
Património Paisagístico: Fraga do Poio com uma vista espantosa sobre o Rio Sabor, Gruta do Gaiteiro, Margens do Rio Sabor, as quais em breve ficarão submersas com a construção da barragem do Baixo Sabor, dando lugar a um imenso lago com mais de 60 km de comprimento
Festas e Romarias: Festas de S. Calisto (Papa e Mártir) no 1º Domingo de Agosto, de S. Pedro a 29 de Junho, de Nossa Senhora da Assunção a 15 de Agosto no Lugar do Salgueiro
Gastronomia: Enchidos Tradicionais (Moiras Doces- com Mel e Amêndoa, Alheiras, Linguiças, Salpicões, Bulhos), Cascas (Feijão Seco dentro das respectivas vagens e depois cortados em pedaços) com Bulho, Pé de Porco (Chispe) com Ovo, Folar da Páscoa, Peixes do Rio Sabor
Locais de lazer: Margens do Rio Sabor, onde é possível fazer piqueniques, pescar, degustando aí mesmo, (no Bar existente na margem) os saboríssimos peixes acabados de pescar, e sobretudo fazer contemplação das belezas existentes
Espaços lúdicos: Salão de Eventos (situado no piso superior da Sede da Junta de Freguesia)
Artesanato: Tecelagem (Tear Manual), Croché
Lenda: Quando em dias de trovoada, o povo com medo, a desejava afastar, pedia protecção de S. Calisto, colocando a sua imagem em cima de uma cadeira à porta principal da Igreja Matriz, e pouco tempo depois a trovoada desaparecia. Passados anos foi adquirida uma nova imagem de S. Calisto, que, diz o povo, tem exactamente o efeito inverso, e em vez de a afastar atrai-a. A antiga imagem encontra-se ainda na Sacristia. Como nota de rodapé, realçamos o facto de não existirem registos de mortes provocadas por raios, na freguesia de Paradela.
Orago: S. Pedro
Principais actividades económicas: Agricultura, Pecuária, Transformação de Madeira, Indústria de Mobiliário, Serralharia Civil, Construção Civil, Oficinas de Mecânica, Pequeno Comércio, Enchidos Tradicionais (segundo antigas receitas familiares) com instalações fabris no lugar do Salgueiro
Colectividades: Associação de Caça e Pesca de Paradela e Salgueiro, Associação Cultural e Recreativa de Paradela, Grupo de Cantares de Paradela, Associação de Agricultores de Paradela
Retratos e Recantos
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