Local: Azinhoso, MOGADOURO, BRAGANÇA
Quando, em 1385 D. Nuno Álvares Pereira, o condestável do Reino, se colocou ao lado de D. João I, comandando os exércitos que lutavam pela independência de Portugal contra Castela, o santo guerreiro sentiu grande desejo de peregrinar até Santa Maria do Azinhoso, para implorar da Virgem a Sua protecção, nos combates que tinha em mãos. Sabe-se que, nas vésperas da grande batalha de Aljubarrota, passou a noite de vigia em oração.
Como teve que vir com os seus homens e o seu rei defender Bragança, ao regressar, na direcção de Moncorvo, desviou-se para estas bandas, a fim de cumprir o seu desejo de visitar Santa Maria do Azinhoso. Como é óbvio, nessa época não havia estradas nem os transportes que hoje temos e, portanto, não é de estranhar que tivessem de atravessar por sítios e veredas inóspitas.
Ao atravessarem a ribeira de Soutelo, o exército real encontrou um moinho a trabalhar, no seu labor de moer o centeio.
D. João teria sentido grande curiosidade em ver como era aquela tarefa e entrou, descansou e comeu a sua merenda, enquanto conversava com o moleiro. Este, por sua vez, não queria acreditar no que via. Nunca em sua vida, imaginara ver tal cortejo por aqueles ermos e quando soube que aquele Senhor Cavaleiro era o Rei de Portugal, ficou quase sem poder falar! No entanto, como D. João era muito popular, lá conseguiu acalmar o pobre moleiro e pô-lo à vontade. (...)
O velho moinho lá está ainda. Não sei se ainda mói o centeio, talvez não, mas as suas pedras velhinhas, cobertas da patine do tempo, devem sentir saudade daquela hora de glória em que serviram de palácio real. Talvez nos contassem muita coisa, se pudessem falar, mas o facto que mais e maior orgulho lhes daria, seria esse de albergarem D. João I. Por isso, ainda hoje, é “O Moinho do Rei”.
Fonte:OLIVEIRA, Casimiro Raízes: Poesia, Contos e Lendas
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