quarta-feira, 1 de julho de 2015

O lobisomem e o caseiro

Local: CARRAZEDA DE ANSIÃES, BRAGANÇA
Informante: Francelina dos Anjos Pereira (F), 76 anos

Na altura das segadas, vinham para aqui trabalhar homens de todos os lados de Bragança. Chamavam-lhes os serranos. 
Um deles ficou de caseiro numa quinta. 
Certo dia, quando estava na segada com a mulher e com os filhos, passa por eles um burburinho muito forte. E o homem que é que faz? Agarra na navalha e... tumba! Atirou-a para o meio do burburinho. E qual não é o espanto dele, quando, ao desfazer-se o burburinho, aparece o patrão nu a seus pés! 
Era um lobisomem e o caseiro tinha-lhe quebrado o fado. Depois, o patrão, que era um homem rico e de respeito na região, disse-lhe: 
— Tu não digas nada a ninguém! 
— Não, patrão, não digo! 
Prometeu-lhe, por isso, uma recompensa. E quando foi para lha pagar, diz-lhe: 
— P’ra não estar a dar diante das pessoas, vais lá adiante ao outeiro, que eu vou lá ter com a recompensa. 
Mas o empregado, que era espertalhão, vestiu um espantalho de palha com a sua roupa e pô-lo no tal sítio. Nisto, o patrão vai, e atira um tiro ao espantalho, a julgar que era o homem. E ele de longe a ver. Julgou que o matou, e bem danado ficou quando viu que não. 
Depois o caseiro foi ter com o patrão, pediu que lhe fizesse as contas, pegou na familia e foi para muito longe.

Fonte:PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais)

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