Local: Castrelos, BRAGANÇA, BRAGANÇA
Informante: Joana Maria Alves (F), 74 anos
Uma vez também (mas isto foi realidade, não foi mentira), um senhor morreu. Tinha um sobrinho, tinha filhos, mas tinha aquele sobrinho. Passado tempos, ele, apareceu ao sobrinho, mas o sobrinho não lhe quis falar porque os filhos eram... não queriam crer em nada e o sobrinho disse assim:
- Anda que deixa lá, vai aparecer aos filhos, não vou dizer nada, não te ligo e pronto. O homem desapareceu, pronto... Ele chegou a casa dos primos e disse-lhe:
- Olhai, vi o vosso pai.
- Ah! és um mentiroso!
O irmão mais velho disse assim:
- Não é mentiroso nada, porque eu também já vi mas também não quis falar porque já sei como é que vocês são.
Pronto, o rapaz saiu e foi falar com o senhor padre, contou-lhe o assucedido. O senhor padre disse-lhe assim:
- Olha, quando voltares a sair, tu dizes-lhe: “em nome de... da parte de Deus te recreio” e benzes-te, porque se for ele, ele responde-te logo, nem te deixa acabar de falar.
Pronto, o rapaz saiu. Dali a uns tempinhos foi levar então um carro de estrume. Tinha uns bois muito bons e levou um carro de estrume lá para uns terrenos. Mas eram muito ao cimo e ele ia atrás do carro. Nisto, os bois pararam. Oh! O homem ficou admirado:
- Mas o que é que se passa!
Picou-os lá, mas com aguilhada, mas não andavam. Ele foi à frente e lá estava o tio com a mão em cima do jugo.
(- Diz, bó que) Ele ia para dizer: “da parte de Deus te recreio”, como o senhor padre lhe tinha dito, e ele diz:
- Não te assustes que sou o teu tio.
- Que é o meu tio vejo eu, o que é que o senhor quer?
- (Diz: ) Olha, quero que vás ao S. Gêze, a Baçal, e que lhe leves uma telha roubada. Fazes-me isso?
- (Diz: ) Eu faço.
O rapaz assim foi, veio dali a dois ou três dias, foi então a Baçal, levou uma telha roubada, entregou-a ao S. Gêze. Uma promessa simples. Mas isso foi mesmo realidade, foi mesmo aqui.
Fonte: Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas)
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