sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Helicóptero do INEM em Vila Real demorará "o triplo do tempo" a socorrer Bragança


A deslocalização do helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) de Macedo de Cavaleiros para Vila Real fará com que o meio aéreo demore "o triplo do tempo” a socorrer a população do distrito de Bragança, segundo cálculos de um piloto da região.
O INEM tem prevista para 1 de Outubro uma relocalização da frota aérea nacional de emergência médica que acaba com a base de Macedo de Cavaleiros e desloca para Vila Real o meio de socorro.
João Rodrigues é piloto amador e presidente do aeroclube de Bragança e assegurou à Lusa que para fazer os cálculos aeronáuticos basta observar as distâncias terrestres e facilmente se conclui que o helicóptero ficará mais distante e demorará mais tempo a socorrer Bragança. “Vai fazer mais horas de voo e terá mais custos”, considerou.
As mais afectadas serão as populações mais afastadas dos hospitais de referência, as que vivem na zona de fronteira, mas também as zonas mais populacionais da região.
A aeronave estacionada em Macedo de Cavaleiros encontra-se a 40 quilómetros de Bragança, quando passar para Vila Real ficará a quase 120, o triplo da distância, assim como de Mirandela, que passa de 26 para 60 quilómetros.
Vimioso passa de 60 para quase 140, Vinhais de 48 para 115, Miranda do Douro de 80 para 165, Mogadouro de menos de 50 para mais de 130, Alfândega da Fé de 30 para quase 100, Torre de Moncorvo de 50 para mais de 100, Freixo de Espada à Cinta de 90 para quase 150, e Vila Flor de 40 para mais de 80.
O menos afectado será o concelho de Carrazeda de Ansiães, que se encontra a menos de 60 quilómetros e ficará a cerca de 70.
O piloto João Rodrigues participou em várias evacuações nas funções de director do aeródromo de Bragança, que deixou de exercer em Março, e enquanto o helicóptero do INEM utilizou aquela infraestrutura por inoperacionalidade do heliporto do hospital de Bragança.
A experiência que teve leva-o a concluir que, embora Vila Real tenha a urgência mais bem apetrechada de Trás-os-Montes, a aeronave deve estar mais próxima de quem necessita de socorro e não do destino da evacuação.
Para sustentar esta ideia, João Rodrigues aponta o exemplo do dispositivo de combate a fogos florestais: “onde é que colocam os helicópteros dos incêndios? Nas zonas onde poderá ocorrer mais incêndios, não os colocam no quartel dos bombeiros”, enfatizou.
O INEM alega que a nova localização permite servir uma área mais vasta e mais população de toda a região Norte.
João Rodrigues defende que “transportar um doente de Vinhais para o hospital de Bragança são vinte e tal quilómetros, mas vai demorar muito tempo porque a estrada tem muitas curvas, enquanto que na zona do litoral esta mesma distância é feita em menos de um terço do tempo porque tem muitas autoestradas”.
“Qualquer ambulância consegue pegar num doente e colocá-lo rapidamente num hospital do Porto, aqui não, aqui falta tudo”, sustentou.
De acordo com dados do INEM, o helicóptero de Macedo de Cavaleiros é dos que mais saídas tem no país, com uma média diária superior a toda a frota aérea nacional de emergência médica.
Os cinco helicópteros a operarem no país transportaram diariamente, na primeira metade de 2012, uma média de 0,5 doentes. O que se encontra baseado em Macedo e Cavaleiros apresenta uma média diária de 0,67 doentes transportados e realizou nos primeiros meses do ano um quarto de todos os transportes feitos no país.

in:publico.pt

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