O Concelho de Bragança tem apresentado ao longo dos anos, uma dimensão populacional considerável, atingindo o segundo lugar atrás de Chaves, na hierarquia de centros urbanos, no contexto sub-regional de Alto Trás-os-Montes.
Historicamente o Concelho de Bragança tem conhecido uma evolução demográfica de amplitude diferenciada, resultante de factores explicativos, igualmente distintos. Como ponto de partida sabe-se que a nível do Concelho, entre 1911 e 1991, o saldo de crescimento global da população foi de +6,80% (1 633 habitantes), de acordo com os resultados dos Recenseamentos feitos até esta data, valor que, apesar de ser positivo, camufla comportamentos distintos, tanto de carácter temporal, como espacial. Em 1997, com base nos dados do Anuário Estatístico de 1998, o Concelho verificou um decréscimo populacional, materializando-se o total da população residente em 32 530 habitantes, o que significa uma quebra populacional de 525 habitantes relativamente a 1991. Assim, de um modo geral, entre 1911 e 1997, a evolução demográfica do Concelho foi positiva, embora seja necessária alguma atenção aquando de interpretações em termos médios no sentido de não enviesar a informação. No período que se seguiu, de 1981 a 1991, a prosperidade do período anterior que beneficiou principalmente o litoral do país provocou um êxodo das populações mais jovens levando a uma desertificação no interior do país e obviamente a uma redução brusca das taxas de natalidade. Neste último período, pode então dar-se uma primeira orientação relativa aos principais traços caracterizadores da população do Concelho de Bragança. Estes assentaram, fundamentalmente, num decréscimo da população residente resultante de uma dinâmica natural positiva, mas contrariada por uma forte componente migratória, e de um duplo envelhecimento da estrutura populacional.
A tendência geral dos últimos anos, por todas estas razões, demonstra que o Concelho de Bragança se encontra confrontado com a possibilidade de ver a sua população reduzida significativamente se não recorrer a mecanismos de fixação da população.
Relativamente à cidade, pode dizer-se que Bragança tem conhecido algum sucesso a nível regional pelo facto de ser a capital de distrito e isso envolver uma maior atractividade populacional, pela relativa elevada qualidade de vida que proporciona e por uma maior oferta de emprego público e privado.
Sé e Santa Maria, as duas freguesias predominantemente urbanas, beneficiam também assim de uma maior atractividade relativamente às restantes freguesias do Concelho, pelo que concentram mais de metade da população concelhia, sendo portanto as forças motrizes de dinâmica do crescimento deste território.
Embora a cidade de Bragança apresente dificuldades relativas à captação de novos residentes resultantes da fraca capacidade de fixação da população jovem com formação média e superior, da iniciativa empresarial local passiva e dependência do emprego no sector público administrativo, ainda assim, o desenvolvimento de serviços administrativos e financeiros, a subjacente criação de emprego, a melhoria de condições de vida, a concentração de instituições de ensino de vários níveis e a comparativa boa acessibilidade que a cidade fornece, são sem dúvida vectores de resistência à desertificação, e é por isso que é uma cidade-âncora pertencente a um eixo de fixação no interior nordeste.
De facto, na cidade de Bragança pode-se verificar, uma concentração de população estudantil bastante significativa que, no ano lectivo de 1999/2000, atingia os 14 406 alunos. A maior percentagem estudantil frequenta o Instituto Politécnico de Bragança que, desde a sua constituição em 1986, revelou um forte acréscimo do número de alunos, respectivamente de 200, 4 000 e 4 731, nos anos lectivos de 1986/87, 1998/99 e 1999/2000. Os restantes alunos do ensino superior distribuíam-se pelo Instituto Superior de Línguas e Administração (503) e pela Escola Superior de Enfermagem (160). Do remanescente, 4 650 alunos faziam o ensino secundário e o 3º ciclo do ensino básico, 874 o ensino técnico profissional, 1 319 o 2º ciclo do ensino básico, 1 549 o 1º ciclo do ensino básico e 614 o ensino pré-escolar.
A evolução da estrutura etária da população residente no Concelho de Bragança, mostra que enquanto a importância relativa dos grupos etários em idade activa (15-64 anos) tem vindo a manter-se equilibrada, apresentando apenas ligeiras variações entre 1981 e 1997, o grupo dos jovens (0-14 anos) diminuiu cerca de 31% no período de 1981 até 1991 e 25% no período de 1991 a 1997. Quanto ao grupo dos idosos (65 anos e mais), a sua evolução tem sido positiva, o que indicia um envelhecimento da população do Concelho, sendo de 19% o aumento da mesma entre 1981 e 1991 e de 10,7% entre 1991 e 1997.
Estas considerações levam a concluir que, de 1981 a 1997, a população de Bragança sofreu um fenómeno de duplo envelhecimento da sua estrutura com a simultânea diminuição da importância relativa dos jovens – envelhecimento da base – e aumento do peso relativo do grupo dos idosos – envelhecimento do topo, transformando-se a tradicional pirâmide etária, num formato tipo urna, principalmente ao longo dos anos 80. Actualmente esta situação parece estar a inverter-se, promovendo-se um certo rejuvenescimento demográfico.
Não se pode descurar aqui a existência de infra-estruturas que podem sem dúvida, beneficiar quem viva nas freguesias da cidade, designadamente a rede de transportes públicos, as escolas, os Institutos Superiores, os Serviços Públicos e equipamentos colectivos, as actividades lúdicas e culturais, são geradores de dinâmicas de desenvolvimento no domínio habitacional, social e económico.
Olhando separadamente para cada uma das freguesias, a freguesia da Sé, sendo a de maior dimensão espacial é também a de maior concentração populacional, na medida em que os seus limites incluem a maior parte da cidade, encontrando aqui maior expressão as faixas de população em idade activa e jovem, atraídas pela centricidade e acessibilidade desta área, quando comparada com o resto do Concelho.
Se se comparar a evolução da estrutura etária do Concelho com a da sub-região Alto Trás os Montes, verifica-se que seguem a mesma tendência negativa, nas décadas de 80 e 90, embora a situação de Bragança se encontre ligeiramente mais favorável, no que diz respeito aos grupos mais jovens, adultos (25-64 anos) e idosos, reflexo da atracção demográfica exercida pela cidade como capital de distrito, decorrente de maiores oportunidades de emprego, de uma maior qualidade de vida associada à presença de equipamentos diversos e da atracção gerada pelas instituições de ensino (sobretudo do IPB).
Comparativamente à região Norte, a situação de Bragança encontra-se menos favorável relativamente à percentagem de jovens e idosos. No entanto, neste caso há que salientar que a situação da região Norte em geral, é das mais positivas a nível nacional, verificando consideráveis proporções nas idades jovens e baixas percentagens nos idosos quando comparadas com a média nacional, sendo por isso uma região bastante regenerativa .
Bragança constitui-se como uma cidade âncora do nordeste português de resistência à desertificação, embora assente numa forte dependência do emprego no sector público administrativo, num fraco aproveitamento do valor acrescentado local (nomeadamente dos seus produtos agroflorestais), resultante das más acessibilidades e da baixa escala de produção, falta de massa crítica e de iniciativa empresarial local, fraca comunicação com o seu meio envolvente e insuficiente capacidade de fixação da sua população jovem.
Em Bragança cerca de 16% da população exerce uma actividade no sector secundário, contrastando com os 60% de emprego no sector de serviços, principalmente no seu sub-sector de serviços de natureza social, o que revela a dificuldade do Concelho de Bragança em atrair investimentos não só na área industrial, mas também na área dos serviços de apoio às empresas, uma vez que existe uma elevada terciarização, especialmente em serviços de natureza social, em muito explicada pela concentração de serviços públicos, característicos de uma capital de distrito.
Em termos de emprego, o seu crescimento foi impulsionado maioritariamente pelo sector terciário, principalmente pelo comércio, restauração e hotelaria, seguido da construção civil que é a segunda principal actividade em termos empregadores, sendo a que, em termos absolutos, gerou um maior número de postos de trabalho.
Em relação às actividades industriais, houve uma ligeira evolução positiva, principalmente nos últimos anos, no entanto o seu peso continua a ser muito reduzido, o que reflecte a incapacidade já mencionada deste sector em se afirmar na economia concelhia.
A Autarquia Local e outros organismos públicos são também importantes entidades empregadoras, das quais depende um volume considerável de emprego.
A nível de formação de Ensino Superior, Bragança contempla três grandes instituições: A Escola Superior de Enfermagem, o Instituto Politécnico (IPB) e o Instituto Superior de Línguas e Administração.
Fonte: Plural - Planeamento Urbano, Regional e de Transportes, Lda
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