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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Cordeiro ou canhono?

OPINIÃO
Jorge Lage
Os produtos de denominação de origem protegida (DOP) são uma interessante e necessária realidade no Portugal da União Europeia (UE). 
Só assim é possível protegermos os nossos produtos genuínos contra a zurrapa que nos chega da europeização e globalização. Em Mirandela, serão os Azeites DOP, de Trás-os-Montes, os que mais nos podem beneficiar e que têm feito um percurso notável e, aos poucos, vão amealhando prémios de qualidade. Só assim poderão afirmar-se no mercado global como produtos de excelência. 
Recentemente veio a público a classificação de origem protegida, pela UE, ao «Cordeiro ou Canhono Mirandês». Esta designação, «cordeiro ou canhono» vai ser confusa ou deturpadora do que o cliente pedir, a não ser que seja uma habilidade citadina de marketing, o que será penalizadora para uma marca que se quer de qualidade excelente. 
Os alentejanos são mais práticos e chamam aos cordeiros crescidos borrego e, pelo meio, podem meter carneiro ou ovelha, isto é, na nossa linguagem transmontana (pelo menos mirandelense, temos muito vocabulário rural em comum) canhono e canhona. Isto intriga-me tanto mais que a língua minoritária mirandesa, tal como nós tem a denominação de cordeiro ou anho para os ovinos mais novos, borrego para os mais crescidos, malato para as reses entre um e dois anos e só depois vem o canhono ou carneiro. 
Será que quem faz esta classificação já não conhece bem o significado das palavras? Ou será que assim também se pode vender carneiro ou canhono por cordeiro? 
Outra situação original é a classificação «ovinos de raça churra galega mirandesa». O correcto para mim seria «ovinos de raça churra galega» dos criadores de Miranda do Douro. 
Por este caminho temos tantas raças quantas as quintas. Contudo, quintas que tenham dado origem a uma raça só ainda conheço a Quinta da Terrincha que deu nome à «ovelha terrincha». Já viram os nossos agricultores a dizerem que têm bovinos da «raça mirandesa mirandelense»? Para esta minha discordância apetece-me citar a expressão que a minha saudosa mãe usava: - está boa a canhona, o que tem é pouco molho! Neste país em que abrasileiramos ou rebaixamos a língua de Camões já pouco me espanta e na designação acima vejo um cobrir com um vocábulo o que, porventura, as rações «plásticas» deixem a descoberto. 
Cordeiro ou cabrito só de confiança porque outras histórias já vêm de longe, pelo menos conheço-as há mais de quarenta anos. Se estivesse por aqui o Toninho Feliz criador de cordeiros certificados não me deixaria ficar mal. Por isso, não se esqueçam que do cordeiro ao canhono, tem pelo caminho o borrego e o malato.

Jorge Lage
in:jornal.netbila.net

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