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SOBRE O BLOGUE:
Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
(Henrique Martins)
COLABORADORES LITERÁRIOS
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
sábado, 19 de janeiro de 2013
Livros e Autores Transmontanos - A Aldeia das Mulheres
Padre Julião e Simplício, um homem de quase dois metros, são os únicos seres masculinos válidos em Pousos, a Aldeia das Mulheres. As carências sexuais delas e os estranhos casos que vão acontecendo dão à aldeia um estatuto de invulgaridade vigiada pelo Governo. É, provavelmente, a única aldeia matriarcal nos anos 50 e 60 do século XX, em Portugal. Há ainda Carolina, uma menina que cresceu sozinha, e tudo o que lhe aconteceu foi tão cedo de mais…
Excerto
"- E o teu seio?
- O caroço desapareceu.
Custódia sentou-se na borda da pedra, mal cabia, a pedra era uma fraga muito pequena, aveludada de musgo.
- Queres ver?
- Mostra-me.
- Mas não vês. Já está escuro.
- Mas apalpo. É tão bom apalpar.
Julieta riu-se, aquele risinho de quem acaba de ouvir uma tolice, mas que gostou da tolice. Custódia não apalpou, cheirou o seio, cheirou o quente da carne, meteu o nariz no arranque dos seios dela, lambeu verticalmente o rego dos seios, havia tanta saliva na boca dela que a foi vertendo e a saliva foi escorrendo em direcção ao umbigo de Julieta. A lua, saindo do interior duma nuvem, deixava que vissem os rostos, uma visão nocturna, esbatida e marginal. Puseram-se de pé e abraçaram-se coladas, roçaram-se assim, saia contra saia, o joelho de Custódia a invadir o entre pernas de Julieta, ambas tinham os seios nus, os de Custódia, que Julieta mal vira, eram volumosos e ainda resistentes aos efeitos da gravidade, Julieta enterrou o rosto neles, gemiam as duas; uma das coisas que lhes dava tesão era poderem gemer à vontade, poderem soltar todos os gemidos abafados no tempo dos maridos. Custódia assumiu o papel de dominadora e orientou as coisas.
- Vamos para cima, vamos para casa.
- Sim.
- Vou fazer-te vir, minha cabrinha!
- Sim."
Autor: Manuel António Araújo
Título: A Aldeia das Mulheres
Editor: Lugar da Palavra
Ano de edição: 2011
nº de páginas: 168
Dados biográficos do autor:
Manuel António Teixeira Araújo nasceu em Chaves, é licenciado em Filologia Românica pela Universidade de Coimbra e mestre em Língua e Literatura Portuguesas pela Universidade do Minho. É professor efectivo da Escola Secundária Fernão de Magalhães em Chaves. Publicou dois romances: "É Tão Cruel ter Memória" (Colibri) e "A Cidade do Patriarca" (Pé de Página).
Foi galardoado com os seguintes prémios: Prémio Nacional na modalidade de Conto, instituído pela Câmara Municipal de Lisboa, freguesia de Santo António dos Olivais (1991); Prémio Revelação na modalidade de Ensaio, pela APE (2001); 2.º prémio do Concurso Nacional de Poesia Agostinho Gomes (2004).
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