Perdem-se no tempo as origens de Freixo de Espada à Cinta mas, sabe-se que, quando os romanos aqui chegaram, já havia populações residentes num primitivo castro existente no local onde é o actual cemitério e que viveriam essencialmente da abundante fauna e da rica flora.
A existência, porém, de diversos vestígios pré-históricos, como é o caso de Mazouco e da Fonte Santa em Lagoaça, permite-nos situar a primeira ocupação deste território alguns milénios antes da era cristã.
O seu topónimo causador de grande interesse e curiosidade, é motivo para várias lendas justificativas. Uma das lendas conta que a povoação terá sido fundada por um nobre de apelido Feijão, primo de S. Rosendo, que morreu no ano de 977 da nossa era e cujo apelido resultaria do facto das armas do seu escudo serem um freixo e uma espada. Outra das lendas conta-nos que a origem do topónimo se deve a um capitão godo de nome Espadacinta, que tendo chegado cansado aquele lugar ali descansou por vários dias à sombra de um freixo, que passou a ser conhecido como o freixo do espadacinta. É contudo a lenda de D. Diniz a mais conhecida e a que liga aquele monarca à história do topónimo. Refere a lenda que aquele monarca ali chegou cansado depois de brava peleja com os seguidores do contestatário Infante D. Afonso, seu filho e que viria a ser o futuro Rei D. Afonso IV de Portugal. Pendurou as armas num frondoso freixo ali existente e adormeceu. Durante o sono sonhou com um velho Rei Visigodo de longas barbas que o aconselhou a ouvir mais vezes sua esposa a Rainha Dona Isabel e a fazer as pazes com o filho. Com a excitação do sono o Rei D. Dinis acordou e reparou então nas semelhanças entre o velho do sono e o freixo, tendo-se espalhado por toda a região a história de “o velho do freixo de espada à cinta” e que viria a perdurar no tempo.
Verídico é o facto das milenares oliveiras existentes, que pela sua idade só podem ter sido plantadas pelos romanos ou pelos gregos.
Das mais antigas referências que se conhecem em relação a Freixo destaque para a histórica menção feita pelo imperador romano Octávio César Augusto ao definir os limites da província Citerior. Refere aquele imperador que “em direitura ao rio Douro, junto ao Freixo”.
A comunidade romana deve ter sido importante e alguns dos topónimos herdados são disso exemplo, como é o caso do termo “Congida”, do latim “congius”, que representava um oitavo de ânfora na distribuição de vinho, azeite e trigo que o Senado fazia aos habitantes de Roma.
D. Afonso Henriques, reconhecendo a importância da localidade atribui-lhe foral, mas foi o Rei D. Dinis que a tornou mais celebre e memorável, ao honrá-la com a sua presença e ao mandar erigir diversas obras, como a reconstrução do castelo, com duas imponentes torres, das quais apenas resta a torre heptagonal, ou Torre do Galo, considerada Monumento Nacional e mandou construir também a igreja de devoção a S. Miguel Arcanjo, toda de cantaria lavrada e abóbada.
Actualmente conservam-se ainda a igreja e algumas ruínas do castelo. De referir que as obras da igreja, começadas por D. Dinis, só foram concluídas no século XVII. A paróquia de S. Miguel de Freixo de Espada à Cinta foi uma vigairaria da apresentação "ad nutum" da Mitra, tendo passado depois a reitoria, situação que ainda hoje se mantém.
Localização
O concelho de Freixo de Espada à Cinta, localiza-se no extremo sudeste do Distrito de Bragança, precisamente na zona de transição do Alto Douro vinhateiro para o Douro Internacional, factor que condiciona significativamente as suas condições geográficas e lhe confere uma idiossincrasia única no panorama paisagístico nacional.
As principais ligações rodoviárias do concelho, são:
EN 221 - Mogadouro - Estação do Freixo de Espada à Cinta - Barca de Alva
EN 220 - Pocinho (IP 2) - Torre de Moncorvo - Estação de Freixo de Espada à Cinta (entroncamento da EN 221).
Aspectos paisagísticos
Muitas e variadas são as razões que realçam a importância turística do concelho de Freixo de Espada à Cinta, do ponto de vista patrimonial, paisagístico, gastronómico ou tão só social. A nível religioso há pequenos tesouros espalhados entre o espólio do seu património religioso, motivo mais que suficiente para um circuito temático para apreciadores da arte sacra.
No património edificado destaque para as ruínas do Castelo, a Torre Heptagonal ou Torre do Galo, as ruínas do Convento de S. Filipe de Nery e o Castelo de Alva na freguesia de Poiares, os muitos solares e casa brasonadas existentes em todo o concelho a demonstrar a importância económica que a região tem assumido em todas as épocas da nossa história.
Passear nas ruas de Freixo ou nas ruas das suas freguesias é encontrar facilmente portais e janelas artisticamente decoradas com os mais variados motivos e de vários estilos e épocas.
Um dos maiores cartazes turísticos locais é sem duvida alguma o espectáculo das amendoeiras em flor, cobrindo o horizonte de tons rosa e branco.
Mas qualquer ponto dos caminhos do concelhos se transforma facilmente para nosso deleite em espectacular miradouro, de paisagens únicas, imponentes, agrestes e contemplativas.
De destacar pela sua singularidade os miradouros da Cruzinha e do Carril, em Lagoaça, nesta freguesia ainda o monte da Atalaia ou do Picotino como também é conhecido e em Fornos o miradouro do Carrascalinho.
O miradouro do Colado em Mazouco.
O Alto do Pirocão com uma panorâmica única da vila de Freixo de Espada à Cinta e finalmente o miradouro dos miradouros, “o Penedo Durão”, na freguesia de Poiares, impressionante sem dúvida.
O Rio Douro rompendo caminho, umas vezes à força, outras calmo nos seus remansos, por entre as agrestes escarpas que o subjugam, num cenário de beleza impar. Passear de barco nas suas águas é descobrir emoções novas e diferentes.
A praia fluvial da Congida, as barragens de Saucelhe em Freixo e a de Aldeiadávila em Lagoaça.
Os vestígios rupestres de Mazouco e da Fonte Santa em Lagoaça.
O Circuito da Ribeira de Santiago.
Igrejas e Monumentos
A Torre Heptagonal, do século XIII, com interessantes cachorros, as antigas armas da vila e vestígios da cerca amuralhada reconstruída por D. Dinis.
A Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta ou Igreja de São Miguel, dos séculos XIII a XVII, uma monumental construção manuelina. Na fachada principal interessante portal decorado, óculos e janela. Portais laterais renascentistas. No seu interior três naves, colunas e abóbada. Dezasseis quadros, do século XVI, atribuídos a Grão Vasco, molduras do século XVIII e Arca Tumular.
A Capela da Misericórdia, do século XVI, com altar-mor, abóbada e talha dourada e a Capela de Santana, da mesma época.
A Casa dos Carrascos.
As ruínas do Convento de S. Filipe Nery.
A Casa Museu de Guerra Junqueiro.
O Pelourinho de Freixo, manuelino, do século XVI e os cruzeiros do Calvário e do Cimo da Costa.
A ponte do Carril, do século XVI e as artísticas fontes de várias épocas.
Janelas e outros elementos artísticos de Freixo de Espada à Cinta.
A Igreja Paroquial de Lagoaça, com o seu interessante painel de azulejos e importante talha dourada. Nesta freguesia ainda a Capela de Santo António e o seu característico relógio solar.
As Capelas do Senhor da Rua Nova e de Santo António, na freguesia de Fornos.
As gravuras rupestres no local do Carneiro, no Cabeço da Vigia, na freguesia de Mazouco e as da Fonte Santa ou Casal do Mouro (abrigo rupestre com pinturas a ocre com data provável do II milénio a.C.), na freguesia de Lagoaça.
A calçada romana de Alpajares, ou Calçada do Diabo em Poiares e o Castelo de Alva também em Poiares.
O Pelourinho de Freixo, manuelino, do século XVI e os cruzeiros do Calvário e do Cimo da Costa.
Janelas e outros elementos artísticos de Freixo de Espada à Cinta.
Museus
Casa Museu de Guerra Junqueiro.
Museu dos Missionários no antigo Convento de S. Filipe Nery.
Festas, Feiras e Romarias
O Feriado Municipal é celebrado anualmente na segunda-feira depois da Páscoa. É o dia da tradicional “desfeita do folar” em que os freixenistas se reúnem em locais aprazíveis para comer, entre outras iguarias, o folar pascal e conviver com a família e os amigos.
A feira anual de Freixo realiza-se a 5 de Agosto e é antiquíssima, pois foi criada por D. Dinis em carta de 9 de Março de 1307.
Realizam-se feiras mensais em Freixo, no segundo sábado do mês e em Lagoaça no dia 1 de cada mês.
As principais festividades do concelho, são as de Nossa Senhora dos Montes Ermos, a 15 de Agosto, em Freixo de Espada à Cinta, com a particularidade da romaria à Capela da Santa no alto do monte de São Brás e as festas de Nossa Senhora das Graças em Lagoaça, no segundo Domingo de Setembro, romaria antiquíssima e de grande esplendor que atrai sempre muitos visitantes.
Na área do concelho outras festividades se realizam com significativa importância local. É o caso das festas em honra de Nossa Senhora da Rua Nova, no primeiro Domingo de Setembro, na freguesia de Fornos, o Santo António em Lagoaça, a 13 de Junho e a Nossa Senhora do Rosário, na freguesia de Poiares, no segundo Domingo de Agosto.
Gastronomia
Na gastronomia do concelho de Freixo de Espada à Cinta são característicos: as empadas, os enchidos (alheira, salpicão, chouriços de carne e de ossos), as saladas de lascas de bacalhau cru ou assado, bacalhau cozido com todos em azeite local e a bôla de azeite.
É porém muito mais rica a arte de refeiçoar da população do concelho e, assim, além dos enchidos, existem alguns pratos, produtos da terra e do rio, com significativo valor no panorama gastronómico regional. Dos mais antigos, os casulos, um cozido de vagens secas com carnes de porco fumadas, a omeleta de espargos, o cozido de grão com bacalhau ou carnes de porco, as substanciais sopas ou caldos feitas com produtos das hortas locais, o cabrito e o borrego assados na brasa ou no forno, as sopas de peixe do rio e os peixinhos fritos em escabeche, são alguns dos pratos de referência que se tivermos a sorte de encontrar nalgum restaurante local, jamais esqueceremos pela qualidade dos produtos, a riqueza da confecção e o sabor.
De referir os queijos de ovelha ou cabra de confecção artesanal, segundo formulas antiquíssimas e os vinhos. Ai os vinhos!... de mesa ou generosos, cada vez mais presentes no mercados nacionais e internacionais, pelas suas potencialidades gustativas e organolépticas.
Na doçaria, o destaque vai para os doces com ovos e amêndoa, os doces de chila com amêndoa, os arrepelados e amêndoa coberta.
Artesanato e Folclore
No artesanato do concelho de Freixo de Espada à Cinta, menção especial para a seda, desde o casulo às mais bonitas peças artesanais.
Perduram ainda a tecelagem e os típicos trabalhos em lã e em linho, as colchas, os tapetes, os sacos, os alforges e as mantas de farrapos.
Trabalhos em ferro, em madeira e em pedra.
Outra das artes que esteve quase extinta e hoje felizmente bem recuperada, são os trabalhos em sola (cabedal).
Lendas
Por todo o concelho de Freixo de Espada à Cinta ainda hoje se contam muitas e variadas lendas, que durante décadas preencheram os serões à lareira. De entre tantas que conhece-mos destacamos a “Lenda do Ferronho e dos Castelares”.
“Diz a lenda que no sítio do Castelo Ferronho e nos Castelares existem panelas de ouro, de prata e de peste, enterradas no local onde primeiro bate o sol ao raiar da manhã de S. Miguel. Ninguém se atreve a revolver a terra, dado que morre «meio-mundo», se chegam a descobrir-se.
Conta-se que um sonhador de tesouros, um tal Albano, após três noites visionárias, se pôs a escavar intensamente em determinada e certa direcção. Quando as suas escavações o conduzem até próximo das panelas, ouviu ruídos infernais e uma voz cavernosa e terrificante diz-lhe: « Pára imediatamente, nem mais uma cavadela. Se chegas à nossa vista morrerás fulminado, tu e meio mundo, com a onda de peste que rebentará como um vulcão.» Aturdido e amedrontado alterou-se-lhe o ritmo da respiração, sacudiram-no imagens lúgubres, ensanguentadas, medonhas. Com os cabelos em pé, tremuras por todo o corpo e suores frios, fugiu a sete pés e teve morte a curto prazo mergulhado em loucura. Até aos nossos dias não houve quem mais tentasse esta ousadia”.
O Castelo Ferronho e os Castelares eram atalaias ou esculcas do castelo principal que existia em Freixo. No Ferronho, que vigiava o poente, e a que já o foral outorgado a Freixo por D. Afonso Henriques se referia designando-o por “Ferronium”, ainda hoje se podem observar vestígios de muralhas.
Tempos Livres
A caça e a pesca encontram, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, condições únicas para a sua prática, daí a enorme afluência de visitantes nas épocas respectivas.
Uma das actividades a ganhar grande expressão no concelho de Freixo de Espada à Cinta é o parapente, desporto apoiado pelo Clube de Parapente Grifos do Douro Internacional.
Mas os passeios a pé, de bicicleta, moto quatro ou jipe estão no seu ambiente natural.
Também as actividades aquáticas beneficiam da presença omnipotente do Rio Douro.
in:destinoportugal.pt
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