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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Frei Diogo de Murça e a Casa de Bragança


Entre 1543 e 1560, ano da sua morte, Frei Diogo de Murça, foi comendatário do Mosteiro de Refojos, em Cabeceiras de Basto. Substituiu-o nesse cargo por mais dez anos, seu sobrinho materno D. João Pinto que fora Cónego Regrante de Santa Cruz de Coimbra. Interferiu na sucessão do sobrinho pelo tio, um outro sobrinho de Frei Diogo e irmão de D. João Pinto. Chamou-se António Pinto e era, ao tempo, encarregado de negócios de Portugal em Roma, ajudando à instauração da Congregação Beneditina Portuguesa. Daqui se concluiu que Frei Diogo de Murça era dos frades mais influentes do seu tempo, quer em Portugal, quer em Roma, o que se devia não só ao facto de ser oriundo de família nobre da época, como também por ser dos mais ilustrados Portugueses que foi convidado para ir estudar na mais conhecida universidade europeia da época: Lovaina. Após a formação  científica foi convidado a fundar (em 1537) a universidade de Guimarães. Mais tarde o rei, chamou-o a restaurar a Universidade de Coimbra que atravessava uma crise profunda. E, em 1534, é-lhe confiado o priorado do Mosteiro de Refojos, em Cabeceiras de Basto que dois séculos antes fora o grande Centro religioso do norte. Centro esse que contribuíra para  a criação da poderosa Casa de Bragança.
É curioso ligar esta grande figura Portuguesa a outras figuras Transmontanas e nacionais que a História nunca aproximou, antes fez vista grossa ao seu relevante papel regional e nacional.
Refiro-me a Leonor de Alvim e a Vasco Gonçalves Barroso que viveram cerca de duzentos anos e que fizeram das Terras de Entre Douro e Minho, o cérebro da epopeia nacional.
De facto os Historiadores nacionais sempre se ocuparam do período medieval. Mas andaram aos saltos nas batalhas que ficaram na História Portuguesa: como S. Mamede, Atoleiros, Salado, Aljubarrota,  Restauração, Alcáçer Quibir, Ceuta, descobrimentos... Todas elas importantes. Mas sem que houvesse o cuidado de justiçar aqueles que as comandaram e delas fizeram o Portugal que chegou a um Império, hoje resumido ao mundo da Lusofonia.
Abordo hoje este tema porque quanto mais velho fico e mais conheço os segredos da historiografia Portuguesa, mais me convenço de que os profissionais da história fizeram nome e criaram fama, sempre à base daquilo que era mais fácil, por ser mais corriqueiro.
Os frades de Alcobaça, de Santa Cruz de Coimbra e os Templários de Tomar, esforçaram-se por registar relatos daquilo que mais os impressionava e lhes convinha. Quem se lhes seguiu privilegiou essas fontes, em moldes artesanais. Só por volta do século XVI a História dá os seus primeiros passos como disciplina a sistematizar. As universidades vieram depois e, seguindo sempre os trilhos mais fáceis, valorizaram excessos, omitindo a investigação que algumas vezes desmentia a ficção. Ninguém ignora, hoje, que a maior parte da história de certas figuras humanas que nela  ocuparam o seu tempo e saber, assenta na tradição. Por um lado pelo facto de não se registarem acontecimentos à falta de tabeliães e notadores. Por outro lado, pela carência de matéria prima.
Já passaram 900 anos do nascimento de Afonso Henriques. E contudo ainda não houve quem descobrisse documento algum, acerca do seu registo, data e local de nascimento. Sabe-se, por outro lado, que mais de metade do que se conhece da sua vida é fruto da tradição.
Do nosso I rei ainda se vai falando. Mas há personalidades que foram decisivas e raramente há referências a elas.
Isto para dizer que Portugal tem muito pouca informação objectiva do período medieval. E a história quase ignora certos períodos dos mais importantes da historiografia portuguesa. 
Um desses períodos nevrálgicos é aquele que rodeia a vida e o papel social e político de D. Leonor de Alvim e do seu primeiro marido: Vasco Gonçalves Barroso. É hoje sabido que foi esse casal que esteve na origem da Casa de Bragança, não por guerras em que tenha participado. Mas por motivo da fortuna que ele teve e de que foi beneficiada.
Além de ser ele o então Senhor das Terras de Entre Douro e Minho, praticamente daquele que fora o condado Portucalense, foi também dono do Mosteiro de Refojos que era donatário de quase todos os mosteiros e igrejas e padroados a norte do Rio Douro. Ora tudo isso reverteu para D. Brites filha de D. Leonor de Alvim e de seu segundo marido Nuno Álvares Pereira que casou em 1401, que foram viver para Chaves, cuja fortuna inspirou essa Poderosa Casa de Bragança.
Dois séculos depois ainda o Mosteiro de Refojos lhe pertencia. E outros transmontanos foram designados pelo rei para zelarem por muito desse espólio, como foram Frei Diogo de Murça e seus sobrinhos:  João Pinto e António Pinto, todos nascidos em Murça.
Existe ali a Associação dos amigos de Murça que no próximo dia 23 vão estabelecer essa ligação histórica que seria bom aprofundar para que se saiba que Trás-os-Montes não foi, não é e não será um lugarejo qualquer para lá dos Montes.

Barroso da Fonte
in:jornal.netbila.net

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